Vamos debater mais quatro coleções de romances gringos que conquistaram os leitores no Brasil e nos quatro cantos do mundo.
Há algumas semanas, eu trouxe para a coluna Recomendações a ideia de apresentar 12 Séries Literárias Internacionais que Valem a Leitura. Para o texto não ficar gigantesco (como se essa fosse uma preocupação do Bonas Histórias, né?!), optei por dividi-lo em três posts. Desde então, estou listando mensalmente um quarteto de coleções de best-sellers mundiais que encanta pela qualidade e pela originalidade de suas narrativas. Em agosto, exibi a primeira parte das sagas dos romances. Hoje vou analisar o segundo grupo. E em outubro, finalizarei as séries ficcionais que encheram meus olhos nos últimos anos com mais quatro coletâneas de livros imperdíveis.
Para quem perdeu a Parte I das Séries Literárias Internacionais que Valem a Leitura, confidencio que debati no mês passado: a Coleção O Talentoso Ripley de Patricia Highsmith – “O Talentoso Ripley” (Companhia de Bolso), “Ripley Subterrâneo” (Companhia das Letras), “O Jogo de Ripley” (Companhia das Letras), “O Garoto que Seguiu Ripley” (Companhia das Letras) e “Ripley Debaixo D´Água” (Companhia de Bolso); a Trilogia 1Q84 de Haruki Murakami – “1Q84: Livro 1” (Alfaguara), “1Q84: Livro 2” (Alfaguara) e “1Q84: Livro 3” (Alfaguara); a Série Millennium de Stieg Larsson – “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (Companhia das Letras), “A Menina que Brincava com Fogo” (Companhia das Letras) e “A Rainha do Castelo de Ar” (Companhia das Letras); e a Coleção Harry Potter de J. K. Rowling – “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (Rocco), “Harry Potter e a Câmara Secreta” (Rocco), “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (Rocco), “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (Rocco), “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (Rocco), “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (Rocco) e “Harry Potter e as Relíquias da Morte” (Rocco).
Feita essa rápida introdução, vamos sem delongas para as quatro novas séries literárias que você precisa conhecer. Isso é, se já não as conhece e/ou se não as devorou vorazmente...
1) Tetralogia Napolitana – Elena Ferrante (Itália) – Drama Histórico – “A Amiga Genial” (2011), “História do Novo Sobrenome” (2012), “História de Quem Foge e de Quem Fica” (2013) e “História da Menina Perdida” (2014).
Abrimos a segunda parte das coleções literárias internacionais com a obra-prima de Elena Ferrante. A misteriosa escritora italiana que não tem a identidade revelada até hoje criou uma das sagas dramáticas mais incríveis do século XXI. Sucesso internacional com mais de 16 milhões de exemplares vendidos e adaptada há pouco para a televisão, a Tetralogia Napolitana entra recorrentemente na lista das principais criações da literatura contemporânea e da ficção literária italiana.
Digo sem medo de parecer exagerado que conhecer o trabalho de Elena Ferrante permite ao leitor adentrar em um mundo totalmente novo das relações humanas. Jamais as engrenagens familiares, as dinâmicas matrimoniais, a psicologia feminina, os desafios da maternidade e os laços de amizade serão iguais depois dessa leitura por ora chocante, por ora reveladora (mas sempre brilhante!).
Distribuída ao longo de quatro romances, “A Amiga Genial” (Companhia das Letras), “História do Novo Sobrenome” (Companhia das Letras), “História de Quem Foge e de Quem Fica” (Companhia das Letras) e “História da Menina Perdida” (Companhia das Letras), e com mais de 1.700 páginas, a Série Napolitana apresenta de maneira original e corajosa uma amizade feminina baseada na inveja e na rivalidade. A trama de Ferrante é contada por Elena Greco, cujos apelidos são Lenuccia e Lenu. Agora idosa e morando em Turim, a narradora-protagonista rememora desde a infância em Nápoles no começo da década de 1950 a contraditória e forte relação de amizade que sempre teve com Rafaella Cerullo, cujos apelidos são Lila e Lina. O que há de tão obscuro e misterioso no relacionamento de Lenu e Lila, hein? Esses são os ingredientes literários que movem a Tetralogia Napolitana.
O primeiro livro da coleção, “A Amiga Genial”, começa nos dias de hoje. A idosa Lenu recebe, na casa no Norte da Itália, uma ligação telefônica de Nápoles, sua terra natal, relatando o sumiço de Lila, sua melhor amiga. Em meio ao desespero de todos pelo desaparecimento de Rafaella, Elena acha aquilo tudo natural. Afinal, há mais de 30 anos Lila ameaça fugir de casa e sumir sem avisar ninguém. Esse episódio suscita as lembranças e os sentimentos há muito tempo guardados da narradora-protagonista. Para explicar ao leitor a overdose de emoções que está passando, Lenu conta como foi sua infância e adolescência no Sul da Itália ao lado de Lila.
As duas meninas se conheceram quando tinham seis anos. Elas eram coleguinhas de classe na escola e moravam no mesmo edifício, um bairro pobre e violento de Nápoles. Enquanto Lila era esperta, corajosa e impertinente, Lenu sempre foi vista como confiável, batalhadora e medrosa. A amizade delas uniu, então, duas almas bem distintas. Mesmo com as diferenças, Elena e Rafaella enfrentaram juntas os dissabores da infância e da adolescência. A miséria, a violência brutal e o machismo no Sul da Itália nas décadas de 1950 e 1960 geraram uma rotina complicada e angustiante para a dupla de amigas.
“História do Novo Sobrenome” e “História de Quem Foge e de Quem Fica”, respectivamente o segundo e o terceiro volumes do mais famoso drama histórico de Elena Ferrante, relatam a juventude de Elena Greco e Rafaella Cerullo. Além das várias reviravoltas do enredo, as amigas vão brigar pelo coração do mesmo homem e se tornarão em alguns momentos adversárias. A relação delas é cada vez mais contraditória. Onde termina a admiração e o carinho genuínos e onde começa a inveja e o sentimento de vingança? Exatamente por essa camada dúbia, Elena Greco e Rafaella Cerullo são personagens tão complexas e maravilhosas do ponto de vista literário.
O último livro da Série Napolitana é “História da Menina Perdida”. Dividido em três partes, esse romance apresenta as fases da maturidade e da velhice das protagonistas, além do Epílogo. Por falar no Epílogo, Elena Ferrante construiu um dos desfechos mais brilhantes da literatura contemporânea. Unindo a primeira cena do primeiro volume da tetralogia à última cena do quarto volume da saga, a escritora italiana permite que Lenu chegue a uma conclusão reveladora no final da vida (e do seu relato) sobre o tipo de amizade que teve com Lila. Incrível esse grand finale!!!
A Tetralogia Napolitana é uma das melhores leituras que fiz na vida. O mais legal é notar que Elena Ferrante vai se superando obra a obra. Quando li “A Amiga Genial”, eu pensei ingenuamente: impossível a autora fazer algo melhor do que esse romance! Aí em “História do Novo Sobrenome”, vi que tinha me equivocado e lancei outra vez o mesmo questionamento. Concluídas as páginas de “História de Quem Foge e de Quem Fica”, percebi que a trama da Série Napolitana só melhorava. Por isso, cogitei: na certa, seu desenlace não será tudo isso. E “História da Menina Perdida” me mostrou que Elena Ferrante é uma das mais brilhantes e inovadoras figuras da literatura de todos os tempos. Impossível não nos apaixonarmos por seu trabalho ficcional.
2) Trilogia O Bom Ditador – Gonçalo J. Nunes Dias (Portugal) – Distopia – “O Bom Ditador – O Nascimento de Um Império” (2016), “O Bom Ditador II – A Expansão” (2018) e “O Bom Ditador III – A Sucessão” (2020).
Da lista de coleções de romances brilhantes que estou trazendo em 2022 para a coluna Recomendações, a Trilogia O Bom Ditador, do português Gonçalo J. Nunes Dias, talvez seja a única desconhecida do grande público. Se essa saga distópica ainda não se tornou um best-seller internacional, saiba que não foi por falta de qualidade de sua narrativa. Não à toa, Nunes Dias é, na minha humilde opinião, uma das principais promessas da literatura portuguesa e da literatura contemporânea em língua portuguesa. Olho nele, pessoal!
Apresentado em 2016 na versão em ebook na Loja Kindle, “O Bom Ditador – O Nascimento de Um Império” (publicação independente) se tornou uma trilogia com os lançamentos de “O Bom Ditador II – A Expansão” (publicação independente), em maio de 2018, e de “O Bom Ditador III – A Sucessão” (publicação independente), em agosto de 2020. O sucesso comercial na plataforma de livros digitais da Amazon fez com que a série literária de Gonçalo J. Nunes Dias, uma mistura de ficção científica e distopia, fosse traduzida para o inglês, espanhol e italiano. Se pensarmos bem, não é pouca coisa para a estreia de um autor ficcional até então amador e independente.
O enredo da Trilogia O Bom Ditador se passa essencialmente no interior de Portugal. Em “O Bom Ditador – O Nascimento de Um Império”, conhecemos Gustavo, o protagonista. Funcionário público da área de TI de uma pequena cidade da região metropolitana de Lisboa e com uma rotina extremamente melancólica, ele tem a sacada de se preparar para o pior quando um objeto não identificado pousa na Lua. Imaginando que a Terra fosse ser invadida ou destruída por extraterrestres, Gustavo faz um meticuloso planejamento para os novos tempos. Curiosamente, o rapaz foi o único a calcular os riscos e a se organizar para os dias sombrios que estavam a caminho.
E o trabalho preventivo de Gustavo se torna fundamental quando o planeta é efetivamente atacado. Escondido em uma região rural e interiorana de Portugal e com todos os recursos necessários para a sobrevivência, o técnico de informática se transforma naturalmente no líder político daqueles que conseguiram superar o extermínio de boa parte da humanidade e do caos gerado no planeta. Nasce, dessa maneira, uma nova civilização em Portugal.
E da sede ilimitada de poder de Gustavo, ascende um déspota de enormes contradições. Ao mesmo tempo que é carismático, carinhoso e preocupado com o bem-estar coletivo e da família, o novo ditador também é violento, frio e calculista. Ou seja, temos aqui uma personagem principal de gigantesca complexidade psicológica e com características redondas. Impossível não gostar e, simultaneamente, não odiar Gustavo por seus atos tão conflitantes. Além disso, assistimos nessa narrativa à volta do período de esplendor de Portugal, outra vez na posição de centro geopolítico mundial.
Enquanto “O Bom Ditador – O Nascimento de Um Império” apresenta a formação da comunidade/nação criada em torno dos ideais políticos e econômicos de Gustavo, “O Bom Ditador II – A Expansão”, o segundo volume da saga, relata as conquistas territoriais e diplomáticas do Novíssimo Império Lusitano. Em uma década e meia, Gustavo vira um líder cada vez mais poderoso e temido. O problema é que seu posto passa a ser cobiçado por um jovem e ambicioso adversário político. Não é preciso dizer que os dois homens se enfrentarão em batalhas ferozes.
Em “O Bom Ditador III – A Sucessão”, acompanhamos as tentativas de Gustavo de encontrar um sucessor à sua altura de estadista. Cansado do trabalho de comandar o Império depois de tantos anos, o agora velho governante resolve promover eleições democráticas. Contudo, largar o osso não é uma tarefa nada fácil. Ainda mais para Gustavo, alguém que se acostumou a mandar-e-a-desmandar e que fez muitos inimigos ao longo do tempo.
O que faz da Série O Bom Ditador uma leitura tão prazerosa é a combinação de narrativa gostosa e exercício inteligente da idiossincrasia do exercício do poder. Além de muito talentoso para o fazer ficcional, Gonçalo J. Nunes Dias é muito sagaz ao mostrar didaticamente o surgimento de um déspota. Por trás das boas intenções do líder supremo, escondem-se as fraquezas e as vaidades do homem comum. Incrível notar o paralelo da trama romanesca com os episódios reais da nossa história.
A trilogia de Nunes Dias é quase um manual de como construir, desenvolver e manter um governo ditatorial. Ainda bem que os nossos políticos com veias mais fascistas não são chegados à literatura de qualidade (há até quem duvide que eles saibam realmente ler e escrever). Ufa! Nossa sorte é que os novos candidatos brasileiros à déspota não possuam a capacidade intelectual, política e emocional de Gustavo. Ainda bem!
3) Série Cinquenta Tons de Cinza – E. L. James (Inglaterra) – Literatura Erótica – “Cinquenta Tons de Cinza” (2011), “Cinquenta Tons Mais Escuros” (2012) e “Cinquenta Tons de Liberdade” (2012).
A proposta do trio de posts sobre as 12 Séries Literárias Internacionais que Valem Nossa Leitura é englobar todos ou, no pior dos casos, grande parte dos gêneros ficcionais. Por isso, a inclusão de obras infantojuvenis, dramas históricos, ficções científicas, comédias escrachadas, thrillers noirs, distopias e romances policiais em nossa coletânea de narrativas apresentadas pelo Bonas Histórias. Afinal, um dos valores do blog é a variedade de livros ficcionais analisados. E um gênero que não podia faltar é a literatura erótica. Desde já um clássico contemporâneo do segmento, a Série Cinquenta Tons de Cinza da britânica E. L. James se destaca pelo sucesso comercial e (sim!) pela qualidade literária.
Em relação ao êxito editorial, é inegável que a aventura sexual de Anastasia Steele com Christian Grey pelo universo do BDSM tenha se transformado em um best-seller mundial. Até quem critica o trabalho de James e as características desse tipo de literatura precisa se render aos números. Com aproximadamente duas centenas de milhões de exemplares vendidos em uma década, a Trilogia Cinquenta Tons de Cinza é um dos principais cases de sucesso do mercado editorial no século XXI. Até aí não parece haver qualquer contestação, né?
A polêmica surge quando discutimos a excelência dos romances mais famosos de E. L. James. Há uma penca de críticos literários e de leitores gabaritados que não se cansam de apontar o dedo para os problemas narrativos da série erótica para desqualificá-la. Por isso, quando li os livros dessa coletânea há alguns anos, fiz com um pé atrás. Porém, já na metade da obra inicial da saga, “Cinquenta Tons de Cinza” (Intrínseca), já fiquei com uma boa impressão. Até porque não podemos nos esquecer da proposta dessa publicação. Parodiando James Carville, é a literatura erótica, estúpido!
Ouvi e li muita gente reclamando: tem muitas cenas de sexo nas obras de E. L. James; a autora detalha mais a vida sexual dos protagonistas do que os nuances da vida sentimental das personagens; e a história parece não sair do lugar (ela fica o tempo inteiro na cama). Em se tratando de ficção erótica, essas características me parecem perfeitamente aceitáveis (e esperadas). E digo isso mesmo não sendo fã desse tipo de gênero narrativo. Se esses elementos fossem excluídos ou minimizados da trama, aí teríamos que classificar a Trilogia Cinquenta Tons de Cinza de forma diferente.
Quando disse que gostei da qualidade literária da série (não atirem pedras, por favor!!!) estou sendo sincero. Do ponto de vista da narrativa ficcional, o trabalho da escritora inglesa me pareceu bastante satisfatório e (não caiam da cadeira, senhores e senhoras!) até mesmo elogiável. Digo isso porque “Cinquenta Tons de Cinza”, “Cinquenta Tons Mais Escuros” (Intrínseca) e “Cinquenta Tons de Liberdade” (Intrínseca), romances publicados entre 2011 e 2012, trazem: personagens diferenciadas, redondas e carismáticas (gostemos ou não delas, mas elas são capazes de mexer com nossas emoções); uma trama original (que gerou muitas cópias depois de sua publicação); algumas reviravoltas no enredo (fazendo com que permaneçamos lendo as páginas da série); boas e variadas cenas de sexo (afinal é literatura erótica); e, principalmente, temáticas raramente abordadas na literatura comercial (não me lembro de ter lido entre os best-sellers nada sobre a prática do BDSM ou de relacionamentos sexuais tão abusivos).
Obviamente, não temos aqui um material digno de Prêmio Nobel de Literatura (vamos com calma, pessoal!), mas ele é sim interessante da perspectiva do mercado editorial. Quando elogio a Série Cinquenta Tons de Cinza, preciso esclarecer que estou me referindo apenas à trilogia original. Nos últimos anos, E. L. James acrescentou à coleção mais um trio de livros (títulos narrados por Christian Grey e não por Anastasia Steele). Essa última parte da saga dos amantes mais heterodoxos da literatura contemporânea, eu não conheço. Como falei, não sou fã desse gênero ao ponto de mergulhar em sua leitura indiscriminadamente.
Para quem ficou curioso e não conhece a trama, preciso explicar rapidamente o enredo da Trilogia Cinquenta Tons de Cinza. A série apresenta o relacionamento abusivo de Christian Grey, um empresário jovem, bonito e milionário, com Anastasia Steele. Recém-formada em Literatura Inglesa e com 21 aninhos, a moça é insegura, tímida e um tanto atrapalhada. Após conhecer Christian meio que por acaso, Anastasia se vê seduzida pelo rapaz. O que ela não contava é que o namorico fosse evoluir e, o que é mais chocante, fosse revelar os hábitos sexuais pouco convencionais de Christian Grey. Cada vez mais apaixonada, a heroína é inserida no universo do sadomasoquismo, da dominação-submissão e do bondage. Não é preciso ser um(a) leitor(a) muito esperto(a) para perceber que a jovem enfrentará situações delicadas e pouco cristãs nas mãos do empresário.
4) Trilogia da Fundação – Isaac Asimov (Rússia/Estados Unidos) – Ficção Científica – “Fundação” (1951), “Fundação e Império” (1952) e “Segunda Fundação” (1953).
A maior série literária da ficção científica de todos os tempos. É assim que defino a Trilogia da Fundação, obra-prima de Isaac Asimov. Lançados na primeira metade dos anos 1950, os três romances do escritor nascido na Rússia e naturalizado norte-americano encanta até hoje os leitores de todas as idades mundo à fora. Com personagens carismáticas, texto envolvente, trama sagaz, várias reviravoltas e um mistério que segue intacto do início ao fim dos livros, a Série Fundação surgiu de uma coleção de contos de Asimov que fora publicada originalmente em uma revista literária dos Estados Unidos na década de 1940.
Em 1951, o escritor reuniu em um livro as primeiras narrativas curtas da série e acrescentou novas partes. Surgiu, assim, “Fundação” (Aleph), o primeiro volume da saga clássica do embate entre o Império Galáctico e a Fundação. Para evitar a decadência da civilização, todo o conhecimento humano foi reunido na Enciclopédia Galáctica. Para um material tão poderoso não cair em mãos erradas, os enciclopedistas (pessoas mais inteligentes da galáxia) foram divididos em duas Fundações. A Primeira Fundação ficou em Trantor e a Segunda Fundação foi enviada para o extremo oposto da Galáxia, em um local não revelado. A partir daí, acompanhamos geração a geração o desenvolvimento da Primeira Fundação, sociedade guiada pelo clamor da ciência e pelos princípios da racionalidade.
“Fundação e Império” (Aleph) é o segundo romance da série literária mais famosa de Isaac Asimov. Lançado em 1952, esse livro mostra o embate entre o Império Galáctico e a Primeira Fundação. Incomodado com a rápida evolução tecnológica da Fundação, o Imperador resolve atacar o povo de Trantor, que parece se tornar cada vez mais avançado social e materialmente. Mesmo com a vitória de seu planeta sobre o Império, os profissionais da Biblioteca de Trantor decidem procurar a Segunda Fundação. Somente com a união das duas partes do conhecimento humano, eles poderão se sentir mais seguros e poderosos, sem riscos de sofrerem novos ataques do inimigo maior. A busca pela civilização escondida na galáxia provoca grandes conflitos internos em Trantor.
Publicado em 1953, “Segunda Fundação” (Aleph) é a terceira parte da trilogia. Sabendo da relevância e da força da Segunda Fundação, tanto a Primeira Fundação quanto o Império Galáctico utilizarão de todos os meios para descobrir onde está guardada a outra metade do conhecimento da humanidade. O que os inimigos não poderiam supor é que o esforço para encontrar a Segunda Fundação já estava no radar da civilização escondida. A partir daí, a trama apresenta várias e grandes reviravoltas, capazes de mexer com as emoções dos leitores.
É interessante notar que essa saga de Isaac Asimov vai além da Trilogia da Fundação. A série ainda possui mais quatro títulos: “Limites da Fundação” (Aleph), “Fundação e Terra” (Aleph), “Prelúdio à Fundação” (Aleph) e “Origens da Fundação” (Aleph). Cada novo livro apresenta mais detalhes do enredo central. Enquanto as duas primeiras obras (“Limites da Fundação” e “Fundação e Terra”) são uma extensão de “Segunda Fundação”, as duas últimas publicações (“Prelúdio à Fundação” e “Origens da Fundação”) explicam melhor os acontecimentos precedentes à “Fundação”, o romance original da saga.
Adaptado para o cinema, rádio, televisão e quadrinhos, a Trilogia da Fundação influenciou todas as tramas espaciais dali em diante. Você pode notar que Star Wars e Star Trek, por exemplo, beberam da fonte de Isaac Asimov. Até mesmo a Série O Guia do Mochileiro das Galáxias, obra-prima de Douglas Adams, pode ser vista como uma paródia da saga da Fundação.
Essa foi a segunda parte das Séries Literárias Internacionais que Valem a Leitura. Em outubro, retornarei à coluna Recomendações para apresentar o terceiro e último quarteto de coleções de romances que encantam os leitores dos quatro cantos do mundo. Até lá, continue acompanhando os demais posts do Bonas Histórias. Afinal, enquanto o mundo gira e o tempo corre, a gente lê. Fazer o quê?! Até a próxima.
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