Confira a lista com as 15 melhores obras literárias que foram comentadas no Bonas Histórias no ano passado.
“Gosto não se discute” já dizia o velho ditado popular. Contudo, estamos em um blog literário, né? E aqui avaliamos regularmente, sim senhor(a), as principais obras nacionais e internacionais de ontem e de hoje. Ou seja, gosto se discute sim! Do contrário, não haveria razão para a existência de colunas como Livros – Crítica Literária e Desafio Literário.
Com essa crença inabalável (Samuel Rosa diria que o que é inabalável é a balada do amor), foram analisados ao longo de 2021 mais de 50 títulos. Para ser mais preciso com os números, na minha conta foram 53 publicações comentadas nos posts do Bonas Histórias entre janeiro e dezembro do ano passado. Para chegarmos a essa quantia (o que dá uma média superior a 4 obras por mês), obviamente, várias outras leituras foram realizadas (nem todas viram posts). Pode apostar que estudamos, nos últimos doze meses, mais de uma centena de livros. Se essa marca parece absurda para os leitores comuns, lembre-se que estamos falando do trabalho de um crítico literário (nosso dia a dia é pautado por leituras e mais leituras). Nada mais lógico, portanto, do que acumularmos uma boa rodagem literária.
O mais legal de conhecer várias obras literárias é poder fazer, em determinado momento, o ranking com os melhores títulos analisados. Outra vez, precisaremos navegar contra outro provérbio: “Não julgueis para não ser julgado”. Nesse blog, nós julgamos e explicamos detalhadamente o que gostamos e o que não gostamos em cada publicação avalizada. E nada melhor do que aproveitarmos janeiro para apresentar todos os nossos pecados... Quero dizer... Essa época é ideal para apresentarmos a Retrospectiva de 2021 do Bonas Histórias. A ideia do post de hoje da coluna Recomendações é listar os livros mais interessantes que foram discutidos pelo blog no ano passado.
Para tal, selecionei 15 publicações literárias que tenho certeza de que nossos leitores vão curtir. Nesse seleto grupo só há livrão. Nesse recorte das análises do Bonas Histórias em 2021, temos uma variedade considerável: títulos nacionais e internacionais; obras ficcionais e não ficcionais; exemplares cults e comerciais; textos clássicos e contemporâneos; romances, novelas, coleções de contos, coletâneas de crônicas e memórias; literatura adulta e literatura infantojuvenil; e dramas, narrativas históricas, aventuras, ficções científicas, romances policiais, thrillers psicológicos, enredos satíricos etc.
Se formos analisar nominalmente os autores contemplados na retrospectiva literária de 2021, estamos falando dos trabalhos de Julio Cortázar (Argentina), Elena Ferrante (Itália), Orhan Pamuk (Turquia), José Mauro de Vasconcelos (Brasil), Arundhati Roy (Índia), Michael Byrne (Inglaterra), Lourenço Mutarelli (Brasil), E. M. Forster (Inglaterra), Sophie Hannah (Inglaterra), Lima Barreto (Brasil), Frances Mayes (Estados Unidos) e Caio Fernando Abreu (Brasil). É ou não é uma seleção de respeito da ficção mundial, hein?!
Colocado à mesa um cardápio tão plural, agora cabe a você escolher o que degustar em 2022. Para ajudar nessa escolha, segue logo abaixo um resumo dos 15 melhores livros discutidos no ano passado. Para saber mais detalhes sobre cada um deles, basta clicar nos links correspondentes. Aí você será direcionado(a) aos posts com as análises completas dessas publicações. Boa viagem pelo melhor da literatura do Bonas Histórias:
15º lugar: "Morangos Mofados” (Companhia das Letras) – Caio Fernando Abreu (Brasil) – 1982.
Clássico da ficção brasileira, “Morangos Mofados” é o livro mais famoso de Caio Fernando Abreu. Quarta coletânea de contos do autor gaúcho, essa obra é um marco da Literatura Marginal e da Contracultura nacional. Suas 18 narrativas curtas trazem questionamentos existencialistas, crítica político-social e acentuado erotismo homossexual. Em 2022, esse título completa 40 anos.
14º lugar: "Sob o Sol da Toscana" (L&PM Editores) – Frances Mayes (Estados Unidos) – 1996.
“Sob o Sol da Toscana”, narrativa de memórias de Frances Mayes, renovou a literatura de viagens, culinária e estilo de vida na década de 1990. Com um texto charmoso e apaixonante, a escritora norte-americana relata como foi largar a vida estável e confortável nos Estados Unidos e se mudar na cara e na coragem para um pequeno povoado na Itália.
13º lugar: "Os Prêmios" (Civilização Brasileira) – Julio Cortázar (Argentina) – 1960.
Sei que “Os Prêmios”, romance surrealista que tece fortes críticas político-sociais sobre o início da Ditadura Militar argentina, não está entre os trabalhos mais famosos e aclamados de Julio Cortázar. Porém, ele é o meu livro favorito do autor. Com uma história alegórica e debates existencialistas de alto nível, essa narrativa longa encanta pela profundidade de seu subtexto.
12º lugar: “O Homem que Sabia Javanês” (Itapuca) – Lima Barreto (Brasil) – 1911.
Uma das histórias mais famosas de Lima Barreto, “O Homem que Sabia Javanês” surpreende os leitores atuais por sua sagacidade narrativa e, principalmente, pela sua contemporaneidade. Mais de um século depois da publicação, esse conto satírico consegue retratar com humor e acidez algumas das características mais incômodas do Brasil e dos brasileiros.
11º lugar: "A Outra Casa" (Rocco) – Sophie Hannah (Inglaterra) – 2011.
Sexto título da série “Waterhouse e Zailer”, maior sucesso comercial de Sophie Hannah, "A Outra Casa" é o romance policial que apresenta um insólito episódio: a mulher que, em uma visita online a um imóvel à venda, encontrou um corpo jazendo na sala. Para desvendar o mistério, Simon Waterhouse e Charlie Zailer interrompem a lua de mel e retornam para a Inglaterra.
10º lugar: “Meu Nome é Vermelho” (Companhia das Letras) – Orhan Pamuk (Turquia) – 1998.
Livro mais celebrado de Orhan Pamuk, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2006, “Meu Nome é Vermelho” pode ser classificado como um clássico contemporâneo. Nesse romance, acompanhamos o assassinato que abala o Império Turco-otomano no final do século XVI. Essa publicação mistura narrativa histórica, aventura policial, thriller filosófico, drama sentimental e suspense fantástico.
9º lugar: "A Máquina Parou" (Iluminuras) – E. M. Forster (Inglaterra) – 1909.
Esta novela de E. M. Forster integra aquele tipo de obra ficcional que chamo de premonitória. Publicada no início do século XX, "A Máquina Parou" apresenta uma história em que home office, telemedicina, comércio digital, e-learning, comunicação virtual, automação residencial, reclusão social e esvaziamento das ruas são uma realidade. É incrível essa ficção científica (com cara de anos 2020).
8º lugar: “Nada Me Faltará” (Companhia das Letras) – Lourenço Mutarelli (Brasil) – 2010.
Você já leu uma trama literária construída 100% em cima de diálogos, hein? Eu já. “Nada Me Faltará” é a novela experimental de Lourenço Mutarelli que conseguiu essa proeza. O autor paulistano traz um suspense ágil capaz de empolgar os leitores mais exigentes. É legal falar também que, ao lado das várias inovações estéticas propostas pelo escritor, temos um enredo muito interessante.
7º lugar: “O Garoto da Loteria” (Rocco) – Michael Byrne (Inglaterra) – 2015.
Este romance pode não ser o melhor livro analisado em 2021, mas é sem dúvida nenhuma o que mais mexeu comigo. Publicação de estreia de Michael Byrne, “O Garoto da Loteria” traz um suspense dramático realmente angustiante. Fiquei com o coração na mão ao assistir às aventuras de um menino de 12 anos e seu corajoso cachorrinho que enfrentam todo tipo de perigo nas ruas de Londres.
6º lugar: "O Deus das Pequenas Coisas" (Companhia de Bolso) – Arundhati Roy (Índia) – 1997.
"O Deus das Pequenas Coisas" é uma pequena obra-prima da literatura contemporânea. Publicado há 25 anos, esse romance histórico de Arundhati Roy conquistou o Booker Prize, foi traduzido para vários idiomas e se tornou best-seller mundial. Impossível não nos emocionarmos com as histórias e as tragédias dos Ayemenem, uma família de um povoado no interior da Índia.
5º lugar: "Dias de Abandono" (Biblioteca Azul) – Elena Ferrante (Itália) – 2002.
Entramos no Top 5 com um dos meus livros preferidos de Elena Ferrante. "Dias de Abandono" é o segundo romance da best-seller italiana. Nesse thriller psicológico, assistimos ao surto emocional de uma mulher abandonada pelo marido depois de 15 anos de um casamento aparentemente feliz. Prepare-se para embarcar em uma narrativa tensa, angustiante e contraditória.
4º lugar: "O Meu Pé de Laranja Lima" (Melhoramentos) – José Mauro de Vasconcelos (Brasil) – 1968.
Clássico infantojuvenil brasileiro, "O Meu Pé de Laranja Lima" é o livro mais famoso de José Mauro de Vasconcelos. Com fortes tintas autobiográficas, o romance do escritor carioca apresenta os dramas de Zezé, um menino inteligente e levado. A obra traz as bonitas amizades do pequeno protagonista com uma árvore do quintal de casa, um cantor-vendedor e um português rico e solitário.
3º lugar: “Uma Sensação Estranha” (Companhia das Letras) – Orhan Pamuk (Turquia) – 2014.
Tenho a impressão de que a literatura de Orhan Pamuk melhora a cada ano. Prova maior disso é “Uma Sensação Estranha”, uma das últimas publicações do escritor turco que foram traduzidas para o português. Com várias reviravoltas, narrativa veloz, personagens complexas e enredo que enfoca as contradições religiosas da Turquia contemporânea, esse romance de formação é impecável.
2º lugar: "Todos os Fogos o Fogo” (BestBolso) – Julio Cortázar (Argentina) – 1966.
Os fãs de “O Jogo da Amarelinha” (Companhia das Letras) que me desculpem, mas para mim o grande trabalho ficcional de Julio Cortázar é “Todos os Fogos o Fogo”. Desenvolvida na fase de maturidade artística do argentino, essa coletânea de contos explora de maneira perfeita as várias nuances do Realismo Fantástico. Ao ler esse livro, entendemos o porquê de Cortázar ser um dos grandes escritores do século XX.
1º lugar: Série Napolitana – “A Amiga Genial” (Biblioteca Azul) de 2011, “História do Novo Sobrenome” (Biblioteca Azul) de 2012, “História de Quem Foge e de Quem Fica” (Biblioteca Azul) de 2013 e “História da Menina Perdida” (Biblioteca Azul) de 2014 – Elena Ferrante (Itália).
Como os quatro romances da Série Napolitana integram uma história só, classifiquei, para esse ranking da coluna Recomendações, a mais famosa coleção narrativa de Elena Ferrante como sendo uma única obra. A tetralogia da escritora italiana, constituída por “A Amiga Genial”, “História do Novo Sobrenome”, “História de Quem Foge e de Quem Fica” e “História da Menina Perdida”, não foi apenas a minha melhor leitura de 2021 como é um dos mais incríveis textos literários que li na vida.
A saga das amigas Elena Greco e Rafaella Cerullo mistura drama psicológico, suspense, narrativa histórica, aventura policial, intriga política e romance de formação. A relação das protagonistas dessa série é baseada no amor, na admiração e, principalmente, na inveja mútua. Prepare-se para se surpreender com as mais de 1.700 páginas que narram da infância à velhice de Lenu/Lenuccia (Elena Greco) e Lina/Lila (Rafaella Cerullo), as duas mais sensacionais personagens femininas da literatura italiana e da ficção contemporânea.
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