Chegamos à segunda parte da Retrospectiva de 2020 do Bonas Histórias, quadro de todo começo de ano da coluna Recomendações. Se na semana retrasada apontamos os melhores livros analisados pelo blog nos últimos doze meses, agora vamos apresentar os melhores filmes que foram comentados aqui na última temporada. Ou seja, saímos do conteúdo da coluna Livros - Crítica Literária e entramos nos posts da coluna Cinema.
Em nosso ranking cinematográfico, contemplaremos os dez longas-metragens mais interessantes que assistimos em 2020 tanto nas salas de cinema (oito títulos) quanto nos serviços de streaming (uma produção apenas) e em DVD (só um exemplar). Nessa lista, há produções de vários países (Estados Unidos, França, Itália, Brasil, Alemanha e Palestina/Qatar/Canadá/Turquia) e de diversos gêneros (thriller/suspense, terror, ficção científica, comédia, comédia dramática, drama, documentário e western spaghetti).
Confesso que estava um pouco preocupado antes da preparação deste post. Afinal, 2020 foi um ano terrível para o cinema internacional. As salas foram fechadas por vários meses, lançamentos acabaram postergados e filmagens tiveram que ser interrompidas no mundo todo. Mesmo com quedas e tropeções, o balanço final do ano acabou sendo até que positivo quando analisamos as qualidades das produções disponíveis. Se os títulos ficaram mais escassos (isso é inegável), não faltaram longas-metragens de excelente nível sendo exibidos nas mais diferentes plataformas. A evidência objetiva desse fato é que na listagem final do Bonas Histórias só temos filmões. Não acredita em mim?! Então, confira, abaixo, a lista completa dos melhores filmes do ano passado segundo este blog:
10º lugar: “O Homem Invisível” (The Invisible Man: 2020) – Terror/Suspense – Estados Unidos – Leigh Whannell – Cinema
Lançado em março nos cinemas brasileiros, “O Homem Invisível” é o thriller de terror de Leigh Whannell que foi inspirado no livro homônimo de H. G. Wells. A nova versão cinematográfica deste clássico da ficção científica foi estrelada pela excelente Elisabeth Moss. O filme de Whannell traz várias mudanças em relação ao enredo da obra tradicional. Os novos elementos dão uma lufada de inovação, modernidade, empatia e sedução à história. “O Homem Invisível” é um dos títulos imperdíveis de 2020!
9º lugar: “Tenet” (2020) – Ficção Científica – Estados Unidos – Christopher Nolan – Cinema
“Tenet” é a mais recente produção de Christopher Nolan. Lançado em outubro, esse filme foi a principal aposta da indústria cinematográfica no complicadíssimo ano de 2020. Estrelado pela afinada dupla formada por John David Washington e Robert Pattinson, a ficção científica de Nolan aborda o instigante conceito da inversão do fluxo temporal. “Tenet” não é o melhor filme do diretor, mesmo assim é uma ótima pedida para quem estava com saudades de uma visita às telonas.
8º lugar: “O Mistério de Henri Pick” (Le Mystère Henri Pick: 2019) – Comédia – França – Rémi Bezançon – Streaming
Enquanto os cinemas estiveram fechados, a melhor opção dos cinéfilos brasileiros foi o Festival Varilux em Casa, edição revival e online do tradicional evento do cinema francês. E o melhor filme dessa versão alternativa do festival foi “O Mistério de Henri Pick”, o thriller cômico de Rémi Bezançon. Estrelado pelos ótimos Fabrice Luchini e Camille Cottin, este longa-metragem mistura vários gêneros: é comédia, suspense, trama policial, romance, road story e crítica de costumes. Baseado no romance homônimo de David Foenkinos, “O Mistério de Henri Pick” é uma produção impecável!
7º lugar: “O Paraíso Deve Ser Aqui” (It Must Be Heaven: 2019) – Comédia Dramática – Palestina/Qatar/Alemanha/Canadá/Turquia – Elia Suleiman – Cinema.
O grande mérito de “O Paraíso Deve Ser Aqui”, o mais recente filme de Elia Suleiman, é a criatividade. Nessa comédia dramática que representou a Palestina na última edição do Oscar, assistimos a uma narrativa com um enredo extremamente peculiar, de difícil explicação. Com um ritmo próprio, o longa-metragem de Suleimanderruba barreiras e apresenta assuntos polêmicos da atualidade. No cerne de “O Paraíso Deve Ser Aqui”, temos uma forte crítica social e o orgulho à identidade e à cultura palestina.
6º lugar: “De Quem é o Sutiã?” (The Bra: 2018) – Comédia Dramática – Alemanha – Veit Helmer – Cinema
Dirigido, roteirizado e produzido por Veit Helmer, um dos principais cineastas alemães da atualidade, “De Quem é o Sutiã?” é uma espécie de conto de fadas contemporâneo do terceiro mundo. Ambientada no Azerbaijão, essa comédia dramática apresenta a tocante história de amor de um maquinista solitário. Contudo, o que chama mais a atenção da plateia é a ausência completa de diálogos. “De Quem é o Sutiã?” pode ser classificado como um excelente exemplar do cinema mudo. Imperdível!
5º lugar: “Jojo Rabbit” (2019) – Comédia Dramática – Estados Unidos – Taika Waititi – Cinema
Fazer comédia com a temática do nazismo e do holocausto não é algo fácil. E o neozelandês Taika Waititi conseguiu se sair muitíssimo bem desse desafio complicado. “Jojo Rabbit” é um filme divertidíssimo e comovente. Estrelado por Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie e Scarlett Johansson, esta comédia dramática conquistou a estatueta de melhor roteiro adaptado no Oscar de 2020, além de ter concorrido em outras cinco categorias: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Scarlett Johansson), melhor figurino, melhor montagem e melhor direção de arte.
4º lugar: “Belle Époque” (La Belle Époque: 2019) – Comédia Dramática – França –Nicolas Bedos – Cinema
Apresentado no Festival Varilux de Cinema Francês do ano passado, “Belle Époque” é aquele filme que parte de uma premissa simples e entrega uma história repleta de surpresas e de belezas. Dirigido e roteirizado por Nicolas Bedos, essa comédia dramática francesa conquistou três estatuetas no último César: melhor roteiro original, melhor atriz coadjuvante e melhor design de produção. Com humor e inteligência, “Belle Époque” consolidou Bedos como um dos principais cineastas franceses da atualidade.
3º lugar: “Babenco” (2018) – Documentário – Brasil – Bárbara Paz – Cinema
“Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” é o documentário dirigido por Bárbara Paz que apresenta a trajetória pessoal e profissional de Héctor Babenco, um dos principais cineastas sul-americanos. Com uma narrativa entrecortada e com uma linguagem bastante inovadora, o filme de Paz foi indicado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais para representar o país na próxima edição do Oscar. Quem gosta de cinema, não pode perder esse longa-metragem.
2º lugar: “Trinity é o Meu Nome” (Lo Chiamavano Trinità: 1970) – Western Spaghetti – Itália – Enzo Barboni – DVD
Com as salas de cinema fechadas por meses, nada melhor do que recorrer aos clássicos da sétima arte. “Trinity é o Meu Nome”, filme dirigido por Enzo Barboni e estrelado pela impagável dupla formada por Terence Hill e Bud Spencer, completou em 2020 cinquenta anos de existência. O enredo desse Western Spaghetti usa e abusa das cenas cômicas e de brigas. O resultado é um longa-metragem memorável do cinema italiano. A partir de “Trinity é o Meu Nome”, Terence Hill e Bud Spencer se tornaram internacionalmente conhecidos.
1º lugar: “1917” (2019) – Ação/Drama/Guerra – Estados Unidos – Sam Mendes – Cinema
“1917” foi preterido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles justamente no momento decisivo da cerimônia do Oscar de 2020: na escolha do melhor filme, a categoria principal da premiação. Contudo, para o Bonas Histórias, o longa-metragem dirigido por Sam Mendes e estrelado por George MacKay foi sim a melhor produção da última temporada. Como experiência cinematográfica, “1917” é superior a “Parasita” (Gisaengchung: 2019) e “Coringa” (Joker: 2019), seus principais concorrentes na última edição do Oscar. Se a estatueta mais importante do cinema mundial escapou, o filme de Mendes saiu vitorioso em ao menos três categorias técnicas: melhor fotografia, melhor efeitos visuais e melhor mixagem de som.
Bom cinema em 2021 para todos!
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