Confira o ranking do Blog Bonas Histórias com os 42 livros de ficção e de não ficção que foram analisados entre janeiro e junho.
Quem trabalha com literatura e com crítica literária está sempre lendo. Comigo não é diferente. Mensalmente leio (e releio) entre 4 e 16 livros. Pelo menos esse tem sido meu índice nos últimos sete anos. Minha média de leitura do primeiro semestre de 2022, contudo, foi baixa: apenas 7 obras mensais. É pouco se comparado ao patamar dos dois últimos anos: em 2021 mergulhei no conteúdo de 8 títulos por mês e em 2020 devorei 13 publicações por mês. Se esses números parecem elevados para os leitores comuns (ou recreativos), lembre-se que o dia a dia de um editor, de um crítico literário e de um produtor de conteúdo, minhas ocupações, exige maior nível de dedicação, frequência e pluralidade naquilo que é lido e analisado.
No meu caso, as leituras têm as mais variadas finalidades: feedback para os autores que estão desenvolvendo novas narrativas ficcionais; produção de prefácios para os livros que serão publicados em breve; análise de romances para o Bonas Histórias; avaliação para as editoras dos textos de escritores estreantes; estudo para o desenvolvimento de pesquisa acadêmica; e, claro, por pura diversão. Afinal, a leitura de bons livros é uma das atividades intelectuais mais gostosas que temos. Para mim, um final de semana perfeito não pode faltar um bom livro, um bom filme, uma boa pizza e uma boa caminhada/corrida no parque. O resto é resto!
Sabendo do meu hábito de leitura, amigos, familiares e colegas vivem me perguntando: e aí, o que você está lendo? O que você nos indica? E o que tem de interessante e de novidade na literatura contemporânea, hein? Para responder a tais questionamentos, decidi hoje fazer um post diferentão para a coluna Recomendações. Vou detalhar tudo aquilo que li (e reli) nos últimos seis meses. A ideia aqui é apresentar não apenas os títulos consumidos, mas dar uma nota para cada um deles (por mais que a avaliação seja algo pessoal e subjetivo). Assim, acredito aplacar um pouco a curiosidade de boa parte daqueles que me cercam – a maioria, tenho certeza, acha que passo os dias da semana sem fazer nada, fechado em um quarto em casa e sentado inerte na poltrona por horas, horas e horas...
No critério de avaliação que estabeleci há alguns anos, dou nota de 1 a 5 para todos os livros que analiso. Segundo essa minha convenção, a nota 5 é para as obras memoráveis que estão na categoria das melhores que li na vida. A nota 4 é para os títulos marcantes e que podem ser classificados como os melhores do ano. A nota 3 vai para as publicações medianas, aquelas que não me empolgaram, mas também não me decepcionaram. A nota 2 dou geralmente para os textos mais fracos, que não me agradaram ou que contêm alguns equívocos sérios (inverosimilhança, tropeços nos elementos da narrativa, pouca relevância de conteúdo e tramas pouco originais). Os livros com nota 1 são os trágicos, leituras enfadonhas e/ou com muitíssimos problemas em suas engrenagens textuais que atrapalham substancialmente a experiência literária.
Feita essa rápida introdução (e explicação), vamos para a minha lista de 2022 até agora. Segue abaixo a relação com os 42 livros de ficção e de não ficção que li do início de janeiro até o fim de junho. Além das informações básicas sobre cada obra avaliada (autor, editora, categoria, ano de publicação, nacionalidade do autor e número de páginas), informo também a nota que dei para elas. Repare que nessa listagem há um pouco de tudo: romance, novela, coletânea de contos, coletânea de crônicas, coleção de ensaios, biografia, literatura infantojuvenil, poesia, autoajuda, título didático, publicação técnicas etc. A própria apresentação das leituras está na ordem decrescente de preferência. Então aí vai o meu ranking de leitura do primeiro semestre de 2022:
NOTA 5
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NOTA 4
1º) “Os Incansáveis” (2020) – Sérgio Xavier Filho (Brasil) – Contexto – Biografia – 96 páginas.
2º) “Sete Pecados da Língua” (2017) – Dad Squarisi (Brasil) – Contexto – Ensino da Língua – 112 páginas.
3º) “Febeapá 1: 1º Festival de Besteira que Assola o País” (1966) – Stanislaw Ponte Preta/Sérgio Porto (Brasil) – Civilização Brasileira – Coletânea de Contos e Crônicas – 168 páginas.
4º) “A Hora da Estrela” (1977) – Clarice Lispector (Brasil) – Rocco – Novela – 88 páginas.
5º) “O Livro dos Baltimore” (2015) – Joël Dicker (Suíça) – Intrínseca – Romance – 416 páginas.
6º) “Maria Quitéria – A Soldada que Conquistou o Império” (2021) – Rosa Symanski (Brasil) – Poligrafia – Romance – 258 páginas.
7º) “Meninos Sem Pátria” (1981) – Luiz Puntel (Brasil) – Ática – Novela – 128 páginas.
8º) “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema” (2016) – Heloisa Prieto e Victor Scatolin (Brasil) – Edelbra – Infantojuvenil – 80 páginas.
9º) “A Arte de Entrevistar Bem” (2008) – Thaís Oyama (Brasil) – Contexto – Ensino de Jornalismo – 112 páginas.
10º) “Cordialmente Cruel” (2018) – Maureen Johnson (Estados Unidos) – HarperCollins – Romance – 320 páginas.
11º) “A Vida e as Aventuras de Robinson Crusoé” (1719) – Daniel Defoe (Inglaterra) – Principis – Romance – 320 páginas.
12º) “A Verdade e a Vertigem” (2022) – José Vieira (Portugal) – Emporium – Coletânea de Contos – 48 páginas.
13º) “O Contra-ataque – Livro 2 de A Contrapartida” (2021) – Uranio Bonoldi (Brasil) – Valentina – Romance – 400 páginas.
14º) “Refém da Memória” (2021) – Hélio Martins Jr (Brasil) – Publicação independente – Novela – 144 páginas.
15º) “A Contrapartida” (2018) – Uranio Bonoldi (Brasil) – Valentina – Romance – 336 páginas.
16º) “Pátio dos Milagres” (2021) – Carol Camargo (Brasil) – Increasy – Novela – 64 páginas.
NOTA 3
17º) “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear sua História” (2020) – Heloisa Prieto e Victor Scatolin (Brasil) – Edelbra – Infantojuvenil – 88 páginas.
18º) “Não É Um Rio” (2020) – Selva Almada (Argentina) – Todavia – Novela – 96 páginas.
19º) “Cenas Londrinas” (1932) – Virginia Woolf (Inglaterra) – José Olympio – Coletânea de Crônicas – 96 páginas.
20º) “Roleta-Russa Com 6 Balas” (2020) – Diego Mendonça e Fábio Aresi (Brasil) – Publicação independente – Coletânea de Contos – 80 páginas.
21º) “Armadilha do Tempo” (2016) – Francisco Scattolin (Brasil) – Publicação independente – Romance – 160 páginas.
22º) “O Conflitos da Tabarana” (Ainda não publicado) – Luís Fernando de Campos (Brasil) – Romance – 256 páginas.
23º) “A Menina que Viu a Lua” (2021) – Janeth Vieira da Silva (Brasil) – Adonis – Infantojuvenil – 48 páginas.
24º) “Todo Mundo Foi Convidado, Menos Eu” (2011) – Mindy Kaling (Estados Unidos) – Citadel – Coletânea de Crônicas – 240 páginas.
25º) “Uma Troca Conveniente” (2021) – Karla S. Gonçalves (Brasil) – Publicação Independente – Novela – 64 páginas.
26º) “Descubra o Craque que Há em Você” (2020) – César Sousa e Maurício Barros (Brasil) – Buzz – Autoajuda – 172 páginas.
27º) “Modelo de (Im)Perfeição” (2021) – Thaís Louzana (Brasil) – Increasy – Novela – 64 páginas.
28º) “Segredos de Irmãs” (2020) – Thálita Medjeks (Brasil) – Publicação Independente – Romance – 192 páginas.
29º) “20 Contos de Terror” (2020) – Walter Rosa (Brasil) – Publicação Independente – Coletânea de Contos – 80 páginas.
30º) “Economia no Cotidiano” (2020) – Alexandre Schwartsman (Brasil) – Contexto – Ensino de Economia – 128 páginas.
31º) “Presente” (2022) – Lúcia Leal Ferreira (Brasil) – Publicação Independente – Prosa Poética – 16 páginas.
32º) “De Volta à Terra de Sempre” (2021) – Carol Camargo (Brasil) – Increasy – Novela – 64 páginas.
NOTA 2
33º) “Discurso do Prêmio Nobel 2020” (2020) – Louise Glück (Estados Unidos) – Companhia das Letras – Ensaio – 24 páginas.
34º) “Um Passo de Cada Vez” (2020) – Vitor P. Marra (Brasil) – Publicação Independente – Novela – 104 páginas.
35º) “Riscos e Oportunidades do Novo Milênio” (2020) – Boris Tabacof (Brasil) – Contexto – Ensaio – 96 páginas.
36º) “O que Realmente Importa” (2017) – Anderson Cavalcante (Brasil) – Buzz – Autoajuda – 160 páginas.
37º) “Jogo de Cena” (2019) – Andrea Nunes (Brasil) – CEPE Editora – Romance – 328 páginas.
38º) “Os Sete Sabotadores da Produtividade” (2020) – André Côrtes (Brasil) – Publicação Independente – Autoajuda – 40 páginas.
39º) “Tempo Perdido” (Ainda não publicado) – Antonio Duarte Ferreira Jr (Brasil) –Romance – 560 páginas.
40º) “Viúva Cansada Procura” (2021) – Aimee Oliveira (Brasil) – Increasy – Novela – 64 páginas.
41º) “A Saga do Chanceler Rolin e Seus Descendentes” (2020) – Sérgio Rolin Mendonça (Brasil) – Labrador – Biografia – 144 páginas.
NOTA 1
42º) “Maior Abandonado” (2021) – Juliana Apetitto (Brasil) – Labrador – Romance – 184 páginas.
Note que muitos dos livros listados nas primeiras posições do ranking foram analisados em profundidade no Bonas Histórias. Usamos esses textos principalmente na coluna Crítica Literária: “O Livro dos Baltimore” (Intrínseca), romance policial de Joël Dicker, “Maria Quitéria – A Soldada que Conquistou o Império” (Poligrafia), romance histórico de Rosa Symanski, “Meninos Sem Pátria” (Ática), novela infantojuvenil de Luiz Puntel que integrou a Série Vaga-lume, “Cordialmente Cruel” (HarperCollins), primeiro volume da coleção literária homônima de Maureen Johnson, “A Vida e as Aventuras de Robinson Crusoé” (Principis), aventura clássica de Daniel Defoe, “A Verdade e a Vertigem” (Emporium), coletânea de contos de José Vieira, “A Contrapartida” (Valentina) e “O Contra-ataque” (Valentina), as duas primeiras partes da saga de terror de Uranio Bonoldi, “Refém da Memória” (Publicação independente), thriller psicológico de Hélio Martins Jr, “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” (Edelbra), título infantojuvenil de Heloisa Prieto e Victor Scatolin, “Não É Um Rio” (Todavia), a mais recente novela de Selva Almada, e “Cenas Londrinas” (José Olympio), coletânea de crônicas de Virginia Woolf.
Minhas leituras do último semestre serviram também como matérias-primas para a coluna Talk Show Literário: “Febeapá 1: 1º Festival de Besteira que Assola o País” (Civilização Brasileira), a coletânea clássica de contos e crônicas de Stanislaw Ponte Preta/Sérgio Porto, “A Hora da Estrela” (Rocco), novela famosa de Clarice Lispector, e “Meninos Sem Pátria” (Ática), um dos títulos infantojuvenis mais vendidos de Luiz Puntel e de toda coleção Vaga-lume. A partir da investigação desses três livros, Darico Nobar conseguiu entrevistar Macabéa, Stanislaw Ponte Preta e José Maria. Esse trio integra a lista de convidados da sexta temporada do Talk Show Literário.
Paradoxalmente, os dois primeiros colocados no ranking de melhores leituras do primeiro semestre de 2022 são livros que não comentei com os leitores do blog. Por quê? Sinceramente não sei. Acho que comi bola. Certamente “Os Incansáveis” (Contexto), biografia feita por Sérgio Xavier Filho enfocando as trajetórias de superação do trio de judocas que fundou o ICI (Instituto Camaradas Incansáveis), e “Sete Pecados da Língua” (Contexto), obra didática divertidíssima de Dad Squarisi que dá dicas de português, mereciam posts na coluna Crítica Literária, né? Porém, ainda dá tempo. Acredito que até o fim do ano eu consiga fazer análises pormenorizadas desses dois títulos brilhantes.
Que venha, então, o segundo semestre de 2022 com mais obras interessantes e surpreendentes para lermos, relermos, avaliarmos e, por que não, comentarmos nesse maltrapido blog. Por hoje é aqui que coloco o ponto final. Enquanto o mundo gira e o tempo corre, a gente lê, fazer o quê?!
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