Saiu o resultado da oitava edição do tradicional evento musical do Bonas Histórias. Veja (e ouça) as 22 melhores canções ruins do ano passado.
Por favor, tirem as crianças (os idosos, os portadores de comorbidade, as almas mais sensíveis, os coraçõezinhos mais delicados, as pessoas com o mínimo de bom gosto, aqueles que ainda não se vacinaram e todos os seres racionais que você conheça: homo sapiens, mulher sapiens, hétero sapiens e dog sapiens) da sala porque hoje é dia de Melhores Músicas Ruins. Sim, senhoras e senhores, o Bonas Histórias apresenta em primeira mão (na verdade, é em segunda mão mesmo – você já vai entender) o resultado da oitava edição da mais gabaritada premiação da música brasileira (depois de todas as outras, claro!).
Antes que alguém proteste (não adianta ir para a frente dos quartéis, tá?) ou peça recontagem dos votos (a votação foi impressa e auditada!), preciso alertar: a gente poderia estar matando, roubando, pedindo intervenção militar, fazendo pirâmide financeira ou produzindo fake news. Mas não. Só estamos fazendo um concurso musical de maneira democrática e exercendo nosso direito constitucional à livre opinião. Assim sendo, que rufem os tambores. Lá vem o post mais esperado pelos fãs (e pelos haters) do Prêmio Melhores Músicas Ruins, um evento exclusivo e tradicional do blog.
Quem será que conquistou o Orelhão de Ouro (1º lugar), o Orelhão de Prata (2ª colocação), o Orelhão de Bronze (3º posto) e os Orelhões de Lata (da 4ª à 22ª posições) do ano passado, hein? Tananananã. Segure um pouco, por gentileza, a curiosidade que já vamos à lista completa dos campeões nacionais. Antes preciso trazer algumas rápidas ponderações.
Os vencedores do Prêmio Melhores Músicas Ruins de 2022 foram revelados, conforme reza a cartilha do evento (PEC 1.202-12 de 31 de abril de 2017, artigo terceiro, parágrafo último), no segundo sábado do ano. Portanto, a festa de entrega das estatuetas ocorreu em 14 de janeiro. Os trabalhos começaram a partir das 21h. Entendeu agora o porquê este post é uma apresentação de segunda mão e não de primeira?! A mais recente edição da premiação foi realizada no espaço da Dança & Expressão, em Perdizes, cidade de São Paulo, e teve o patrocínio master da Epifania Conteúdo Inteligente, agência paulistana de comunicação e marketing (ou seria uma consultoria de marketing e comunicação? – sei lá!).
Mais uma vez os convidados da cerimônia foram exclusivamente personalidades (como o próprio nome já diz, né?) convidadas! Se você comprou ingresso para a nossa premiação, perdeu playboy, perdeu playgirl. Sinto informar novamente que você caiu no velho golpe da entrada falsa! No site oficial do Melhores Músicas Ruins (www.naovendemosingressos.com.br), cansamos de avisar ao longo do ano passado que não existe venda de ingresso para a cerimônia. Apesar de alertarmos insistentemente para a prática antiética e criminosa de cambistas oficiais e extraoficiais, há sempre quem se avoluma na frente dos nossos eventos querendo entrar de maneira irregular. Se você não tinha entrada legítima (e não subornou a equipe da portaria), não pôde entrar. Pronto! Juro que não entendo as reclamações nesse sentido.
Feitas tais observações, voltemos ao que interessa: a lista das canções campeãs do ano passado. Se você passou os últimos meses sem saber o que estava rolando de mais interessante (ou não) no universo fonográfico nacional, agora é a sua chance de saber quais foram as 22 melhores músicas ruins lançadas no Brasil em 2022. Afinal, em ano em que tivemos Copa do Mundo, inacreditável polarização política, eleição presidencial disputadíssima, golpe militar em Brasília (espere 72 horas e consulte o WhatsApp novamente), volta à normalidade depois da pandemia (que pandemia?!), guerra na Europa, mortes de papa, rei e rainha, auge da crise climática, separação de Gisele e Tom e invasão alienígena (se você não souber o que estou falando, entre no Telegram o mais rapidamente possível), quem ia ficar ouvindo música, né?
Só mesmo o SOSAMOR (a pronúncia correta é SOS AMOOOOOOOOOOR), a tão aclamada Sociedade Orelhuda Secreta dos Adoradores das Músicas Orgulhosamente Ruins, para ficar ligado nesses assuntos banais. Se você não souber (ou não se lembrar) o que são os Orelhões estrelados nem o que é o SOSAMOR (pronuncie corretamente, por favor; já disse que é SOS AMOOOOOOOOOOR), aconselho a ler (ou reler) as explicações dadas no post da última edição do Prêmio Melhores Músicas Ruins. Lá estão a apresentação da dinâmica do evento e o detalhamento de como acontece anualmente a seleção das melhores canções brasileiras de baixo nível. Não vou ficar aqui fazendo você perder seu precioso tempo com um texto repetitivo e/ou sem importância, né? Sei que você tem mais o que fazer e não se sujeitaria a ler um post no Bonas Histórias com uma sequência interminável de besteiras. Cruz-credo!
Por isso mesmo, vamos sem mais delongas aos vencedores. Os bolsonaristas que nos desculpem, mas o Orelhão de Ouro de 2022 foi para “Tá Na Hora do Jair Já Ir Embora”. O piseiro premonitório (ou seria simplesmente um diagnóstico político-social?!) de Juliano Maderada e Tiago Doidão é um hit nacional indiscutível desde setembro, quando o videoclipe oficial da música foi lançado e explodiu nas redes sociais. A canção que se popularizou entre os brasileiros (de bom senso) sofreu uma ligeira alteração em sua letra. Até agosto, “Tá Na Hora do Jair Já Ir Embora” possuía uma versão com críticas mais explícitas ao então presidente Jair Bolsonaro. Veja alguns versos da faixa original: “Catando dinheiro/e comprando Viagra/o Jair não vale nada/É um preguiçoso/que nunca trabalha/o Jair não vale nada/Tem apoio de Cunha/isso é laranjada/ o Jair não vale nada/O jovem sem emprego/e ele fazendo piada/o Jair não vale nada”.
Na versão final que se tornou mais famosa, “Tá Na Hora do Jair Já Ir Embora” manteve a forte crítica política de um jeito indireto. A música passou a flertar sabiamente com uma possível desilusão amorosa, algo que não existia na primeira versão. Na nova letra, o tal Jair (que pode não ser necessariamente o agora ex-presidente, tá?) foi expulso de casa pela antiga companheira. Nada mais justo, já que “Ele te fez sofrer/Ele te fez chorar”. Confira a nova sequência de versos: “Eu bem que te avisei/Você não quis me ouvir/Agora tá sabendo/quem é esse Jair/Ele te fez sofrer/Ele te fez chorar/Arruma as malas dele/e bota ele pra vazar”. O refrão viciante se manteve: “Tá na hora do Jair/Tá na hora do Jair/já ir embora/Arruma suas malas/dá no pé e vá se embora”.
Assim, “Tá Na Hora do Jair Ir Embora” se junta aos clássicos na música brasileira como “Tapão na Raba”, forró de Raí Saia Rodada (vencedor do Melhores Músicas Ruins de 2021), “Três Batidas”, sertanejo de Guilherme & Benuto (Orelhão de Ouro do Melhores Músicas Ruins de 2020), “Todo Mundo Vai Sofrer”, sofrência da hors concours Marília Mendonça (1º lugar do Prêmio Melhores Músicas Ruins de 2019), “Dona Maria”, sertanejo de Thiago Brava (principal hit do Melhores Músicas Ruins de 2018), “Fazer Falta”, funk de MC Livinho (campeão do evento do Melhores Músicas Ruins de 2017), “Essa Mina É Louca”, mistura de pop e funk de Anitta (Orelhão de Ouro do Melhores Músicas Ruins de 2016) e “Meu Amor é Dez”, obra-prima de Edson & Hudson (1ª posição no Prêmio Melhores Músicas Ruins de 2015).
A criação musical de Juliano Maderada e Tiago Doidão que embalou a campanha eleitoral petista superou por poucos votos (foi a eleição mais apertada da história) “Acorda Pedrinho”. O megassucesso da banda Jovem Dionísio ficou com o Orelhão de Prata de 2022. A canção de indie pop se tornou onipresente no Brasil em meados do ano passado e conquistou o coração de todos os integrantes do SOSAMOR (apesar dos abalos psicológicos provocados nos ouvintes mais assíduos – cuidado!). Nunca uma mera partida de sinuca foi tão viciante. Até quem passou os últimos meses residindo em Marte deve conhecer o refrão: “Acorda, Pedrinho/que hoje tem campeonato/Vem dançar comigo/Vai ver que eu te esculacho”.
Já o Orelhão de Bronze foi entregue a “Desenrola Bate Joga de Ladin”, passinho interpretado por L7nnon e Os Hawaianos. Essa canção se tornou febre no país inteiro e nas redes sociais dos brasileiros (o que explica muita coisa...). A versão que ficou nacionalmente famosa contou também com a participação de DJ Bel da CDD e Biel do Furduncinho. Os versos principais dessa música memorável você já deve conhecer. Por isso, cante comigo: “Desenrola, bate, joga de ladin/Desenrola, bate, joga de ladin/Tá apanhando, tá lançando essa brava pro menorzin/Tá apanhando, tá lançando essa brava pro menorzin”. É ou não é um hit gostosin que vai parar o Carnaval, hein?
Outras 19 faixas receberam o Orelhão de Lata e complementaram a lista das 22 melhores canções ruins do ano passado. O dado curioso da edição de 2022 é que ela se tornou a mais eclética da história. Os premiados abrangem oito estilos musicais: (1) piseiro/forró,(2) pop/indie pop/pop romântico, (3) passinho/funk, (4) sertanejo, (5) pagode, (6) trap/rap, (7) hip hop e (8) bachata. Se contarmos as variações de gêneros, são de 11 a 12 modalidades musicais distintas. É um recorde! Tem prova maior da riqueza e da pluralidade da música popular brasileira, hein?
Mesmo com tanta variedade, o sertanejo (sempre ele!) continua sendo o estilo com mais representantes nos Melhores Músicas Ruins. Os petistas que nos desculpem, mas esse ritmo teve 7 faixas contempladas na lista dos vencedores do ano passado (32% dos premiados). É uma recuperação considerável em relação à edição de 2021, quando o sertanejo ficou com apenas 19% das estatuetas. Porém, o número atual é apenas uma fração do seu alcance de outrora. Nas primeiras edições, vale o registro, esse gênero musical reinava quase que absoluto. Na premiação de 2015, 100% dos selecionados eram faixas de sertanejo. E na premiação de 2016, o sertanejo era 60% dos campeões dos Orelhões.
Para os interessados (ou desavisados), segue a lista completa do Prêmio Melhores Músicas Ruins de 2022:
22ª posição: “Tem Cabaré Essa Noite” – Nivaldo Marques & Nattan – Bachata
21ª posição: “Basiquinho” – Matheus & Kauan – Sertanejo
20ª posição: “Malvadão 3” – Xamã – Hip Hop
19ª posição: “Haja Colírio” – Guilherme & Benuto – Sertanejo
18ª posição: “Dengo” – João Gomes – Piseiro
17ª posição: “Cabo de Guerra” – Cleber & Cauan – Sertanejo
16ª posição: “Coração Cigano” – Luan Santana & Luísa Sonza – Pop Romântico
15ª posição: “Toma Toma Vapo Vapo” – Zé Felipe e MC Danny – Piseiro
14ª posição: “Bloqueado” – Gusttavo Lima – Sertanejo
13ª posição: “Vermelho” – Glória Groove – Pop
12ª posição: “Eu Gosto Assim” – Gustavo Mioto e Mari Fernandez – Sertanejo
11ª posição: “Sino” – Raffa Torres – Pop Romântico
10ª posição: “Tubarão Te Amo” – DJ LK da Escócia, MC Ryan SP, MC Daniel, MC RF, MC Jhenny e Tchakabum – Trap
9ª posição: “Comunicação Falhou” – Mari Fernandez e Nattan – Piseiro
8ª posição: “Termina Comigo Antes” – Gusttavo Lima – Sertanejo
7ª posição: “Erro Planejado” – Luan Santana e Henrique & Juliano – Pop Romântico
6ª posição: “Me Chama de Copo” – Atitude 67 e Grupo Menos É Mais – Pagode
5ª posição: “Propaganda” – Jorge & Mateus – Sertanejo
4ª posição: “Envolver” – Anitta – Pop/Funk
3ª posição: “Desenrola Bate Joga de Ladin” – Os Hawaianos, L7NNON, DJ Bel da CDD e Biel do
Furduncinho – Passinho
2ª posição: “Acorda Pedrinho” – Jovem Dionísio – Indie Pop
1ª posição: “Tá Na Hora do Jair Já Ir Embora” – Juliano Maderada e Tiago Doidão – Piseiro
Parabéns a todos os envolvidos (ou seriam culpados?!). Realmente, a oitava edição do Prêmio Melhores Músicas Ruins esteve terrivelmente impecável. No ano que vem, retornaremos com mais uma lista assustadoramente caprichada das principais canções brasileiras. Até mais!
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