Publicada em outubro de 2021, essa novela infantojuvenil é o segundo volume da série de Caíque, um menino que sonha em se tornar poeta.
Na semana passada, li “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” (Edelbra), a novela infantojuvenil de Heloisa Prieto e Victor Scatolin que foi lançada no finalzinho de 2021. E confesso que fiquei encantado com o conteúdo, com a proposta pedagógica e com a linha editorial dessa publicação. Como é legal conhecer títulos saborosos e instigantes que valorizam a literatura e, principalmente, que tratam as crianças e os adolescentes com inteligência. “Minha Carta ao Mundo” é o típico livro capaz de despertar a atenção não apenas dos leitores mirins, mas de muitos adultos também. Acredito que essa bela história sobre um menino que sonha em se tornar poeta possa contagiar toda a família – receituário que a Disney, melhor do que ninguém, consolidou ao longo do tempo: fale com a família inteira e, assim, você chegará com mais intensidade aos jovens de todas as gerações.
Recebi o exemplar de “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” no comecinho de dezembro. Muito gentilmente, Heloisa Prieto enviou-me sua mais recente obra para que eu a conhecesse. Apesar de ter achado o material lindo assim que o peguei (além do ótimo conteúdo, essa novela tem um projeto gráfico de encher os olhos), só agora consegui lê-lo com a devida atenção. Coisas de final de ano, né? E gostei tanto desse título que me vi obrigado a fazer uma análise completa sobre ele na coluna Livros – Crítica Literária. Na certa, quem acompanha o Bonas Histórias e curte o melhor da literatura brasileira contemporânea e as novidades da literatura infantojuvenil irá adorar o post de hoje.
Publicado em outubro de 2021, “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” é o segundo volume da série de Caíque. Criada por Heloisa Prieto e Victor Scatolin, essa coletânea retrata de maneira lúdica e intertextual os desafios de Caíque, um menino de 13 anos que almeja virar poeta. O projeto gráfico e a editoração de “Minha Carta ao Mundo” foram realizados por Luciana Facchini. A obra saiu pela Edelbra, editora gaúcha com mais de 40 anos de experiência e especializada em literatura infantil e infantojuvenil. Vale ressaltar que os títulos da Editora Edelbra são voltados essencialmente para educadores e educandos.
O primeiro livro da saga infantojuvenil de Caíque se chama “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema” (Edelbra). Essa novela foi lançada em janeiro de 2016 e ganhou as ilustrações de Luciana Facchini. “No Meio da Multidão” conquistou algumas distinções literárias de peso. Ele foi, por exemplo, selecionado pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) para integrar o catálogo da Feira de Bolonha de 2017 e entrou no acervo básico da FNLIJ naquele mesmo ano. Em 2018, o primeiro volume da série de Caíquetambém integrou o Projeto de Leitura Itaú e foi admitido na lista de obras do PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático). Na semana retrasada, ele voltou a ser selecionado pelo PNLD Literário. Ou seja, estamos falando de uma coleção narrativa de grande êxito.
Curiosamente, essa série ficcional nasceu da vivência dos autores na prática do ensino da Escrita Criativa. Em uma oficina literária realizada no Parque da Juventude há alguns anos, Heloisa Prieto e Victor Scatolin conheceram um garoto muito criativo, comunicativo e divertido. O jovem estudante cativou a todos com o jeito expansivo e a paixão pela literatura. Seu nome não poderia ser outro: Caíque. Surgia, assim, a inspiração para a construção do protagonista de “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”. “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” é a continuação da saga desse menino que pulou das aulas da oficina (realidade) para dentro dos livros (ficção).
De maneira bastante perspicaz, os autores usaram figuras reais e a intertextualidade literária para nomear as várias personagens das duas obras da série de Caíque. Segundo as palavras da própria Heloisa Prieto, a escolha do nome Ângelo para uma das personagens centrais da coleção é uma homenagem a outro aluno daquela oficina no Parque da Juventude, Ângelo Lattari. Por sua vez, Irina é uma referência à memória da poetisa Tatiana Belinky (a quem “No Meio da Multidão” e “Minha Carta ao Mundo” foram dedicados) e Jerusha faz referência à memória de Jerusa Pires Correa, escritora e acadêmica (homenageada logo na abertura de “Minha Carta ao Mundo”). Não é preciso dizer que a intertextualidade literária (e musical) dá a tônica por aqui. Porém, sobre isso, nós falaremos mais à frente.
Por ora, gostaria de comentar a questão de chamar “No Meio da Multidão” e “Minha Carta ao Mundo” de série literária. Eu considero sim esses títulos uma coletânea narrativa, apesar de seus autores não enxergarem essa classificação tão formalmente. O que parece ter levado Heloisa e Victor a continuar a história de Caíque foi a oportunidade de ampliar o universo ficcional do menino apaixonado pelos versos e pelas rimas. Afinal, “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema” tem um enredo tão gostoso e possui personagens tão ricas. Seria um pecado não prosseguir com sua trama, ainda mais no caso de escritores tão talentosos, né? Dessa maneira, não houve a preocupação da editora e dos autores de se estabelecer previamente uma série.
Nascida na capital de São Paulo, Heloisa Prieto é doutora em Teoria Literária e em Língua e Literatura Francesa, mestre em Comunicação e Semiótica e formada em Letras. Ela atua como tradutora, pesquisadora, professora de oficinas de Criação Literária e escritora infantojuvenil. Seu portfólio autoral abrange quase uma centena de obras. O mais legal é que além da quantidade invejável de publicações, a autora paulistana tem uma infinidade de títulos best-sellers e de trabalhos premiados. Meus destaques vão para: “Mano” (Ática), série de nove livros escrita em parceria com Gilberto Dimenstein que vendeu mais de 600 mil exemplares e inspirou o filme “As Melhores Coisas do Mundo” (2010); “Lá Vem História” (Companhia das Letrinhas), obra ilustrada por Daniel Kondo que teve mais de 400 mil unidades comercializadas e foi adaptada para a televisão pela TV Cultura; e “Quase Tudo o que Você Queria Saber” (Companhia das Letrinhas), coleção de quatro títulos que vendeu quase 150 mil livros. Como foi possível notar por essa rápida descrição, vários trabalhos literários de Heloisa foram adaptados com êxito para o teatro, para o cinema e para a televisão. Indiscutivelmente, estamos falando de uma das autoras contemporâneas mais importantes da literatura infantojuvenil do Brasil.
Victor Scatolin, por sua vez, é mestre em Artes Visuais e graduado em Letras – Tradução Inglês e Português. Ele atua como professor de oficinas de Escrita Criativa e de Práticas Poéticas, pesquisador, escritor, poeta, tradutor e performer. Muitas vezes se apresentando com o pseudônimo de Walter Vector, Victor é figura proeminente na cena poética e no universo das artes visuais da cidade de São Paulo. Sua atuação artística possui forte ligação com a música, com o design e com o cinema. No campo acadêmico, seus interesses trafegam pelas Línguas Modernas, Tradução Intersemiótica, Semiótica, Filosofia da Linguagem, Linguística/Formalismo Russo e História da Arte. Assim como Heloisa, Victor tem várias publicações autorais, além de incontáveis traduções. Textos de escritores renomados como James Joyce, Ezra Pound, Júlio Verne, Walter Scott, Velimir Khlebnikov e Friedrich Hölderlin foram adaptados pelo tradutor.
Heloisa Prieto e Victor Scatolin trabalham juntos há aproximadamente dez anos. Eles fazem traduções a quatro mãos e realizam cursos de Escrita Criativa tanto presencial quanto eletronicamente, além de, obviamente, criarem enredos ficcionais para a molecadinha. Essa parceria já rendeu alguns prêmios literários na área da tradução e na área autoral. É válido notar que além do ótimo entrosamento, a dupla tem características complementares: Heloisa se interessa mais pela prosa, pela mitologia, pelas tradições orais e pela literatura clássica; e Victor é voltado mais para a poesia, para o experimentalismo visual, para as performances artísticas, para a música e para a literatura contemporânea. Impossível uma união como essa não gerar ótimos frutos!
O enredo de “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” se passa mais ou menos um ano depois da trama de “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”. Como cenário da nova novela, temos o mesmo quarteirão da pequena cidade litorânea que conhecemos na obra anterior. Ali estão a escola de Caíque, a praça onde Ângelo toca seus sambas e a residência em que a falecida Irina morou. Mais uma vez a história gira em torno desses ambientes que exalam poesia e musicalidade. A diferença é que Caíque não é mais o aluno novato. No colégio, o menino já fez várias amizades. Para completar, graças ao amor pelos poemas, ele conseguiu se aproximar de Jéssica. Lembremos que esse era seu grande objetivo em “No Meio da Multidão”. Não por acaso, Jéssica era uma jovem (e linda poeta de destaque no círculo escolar. Por isso, o garoto quis aprender a rimar.
Caíque e Jéssica integram um grupo de estudantes que adora ouvir e contar histórias. Ao lado da dupla de protagonistas, temos Yuri e Murilo. O quarteto forma um grupinho de amigos inseparáveis – aonde um vai, os outros vão atrás. Yuri, menino falante e prosador nato, é bisneto de Irina. Murilo, apaixonado por surf e histórias em quadrinhos, não gosta muito de ler livros. As crianças frequentam assiduamente a biblioteca do colégio, para deleite da bibliotecária Dora, os salões do Espaço Cultural Irina Yurievna, para encanto da administradora Jerusha, e a praça em frente à escola, onde Ângelo apresenta diariamente suas composições musicais e os clássicos do samba.
Nessa atmosfera que exala literatura e música, Caíque aprenderá mais sobre a poesia. Um bom poema não é feito apenas de rima e de musicalidade (conforme ele descobriu em “No Meio da Multidão”). A poesia também conta histórias. Elas podem ser individuais ou coletivas. É no conteúdo textual (explícito ou no subtexto, dependendo da situação) que os versos ganham mais vida e colorido. As histórias que permeiam os poemas não nascem espontaneamente na mente dos artistas das letras, mas surgem da vida, das experiências pessoais, dos acontecimentos gerais, do olhar aguçado para a realidade, dos dramas sociais e da contemplação da natureza. Desvendar as belezas escondidas nas cenas e nas emoções do dia a dia é a matéria-prima dos grandes poetas.
Como é típico das novelas literárias, “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” é um livro curtinho. Ele tem 88 páginas e seu conteúdo está dividido em dez capítulos. Precisei de pouco mais de uma hora para concluir integralmente essa leitura na última segunda-feira. O público adulto consegue ler essa obra em um fôlego só. Foi o que aconteceu comigo. A moçadinha (o verdadeiro público-alvo da publicação) precisará certamente de duas ou três sessões de leitura para percorrer todas as páginas.
Se você não conhece o enredo de “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”, saiba que é possível ler “Minha Carta ao Mundo” sem qualquer problema. Os livros são independentes, apesar de apresentarem tramas que se unem. Todavia, acho legal ler previamente a obra anterior. Digo isso não pelo entendimento do enredo do segundo volume da série de Caíque, mas sim pela qualidade absurda de “No Meio da Multidão”. O primeiro título dessa coleção de Heloisa Prieto e Victor Scatolin é uma das obras infantojuvenis mais incríveis que li nos últimos anos. Além disso, a leitura de “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” fica muito mais gostosa quando você sabe os detalhes da publicação precedente.
Gostei muito de “Minha Carta ao Mundo”. Trata-se indubitavelmente de um título interessantíssimo. É verdade que ele não tem a mesma qualidade de “No Meio da Multidão”, esse sim uma pequena obra-prima da literatura infantojuvenil contemporânea. O grande mérito do segundo volume da série de Caíque está mais na expansão da narrativa do menino carismático do que necessariamente em seu enredo individual. Por isso, temos aqui mais um motivo para você ler a coleção integralmente e não os livros isoladamente.
O primeiro aspecto que chamou minha atenção em “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” foi a manutenção da intertextualidade literária e musical, justamente a característica mais marcante de “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”. Esses livros de Heloisa e Victor abordam de maneira muito perspicaz o repertório cultural de nosso país e da Rússia. De forma natural, Caíque e seus amiguinhos são iniciados à riqueza da literatura e da música. É muito legal acompanharmos esse aprendizado da criançada. Como não conheço muito de poesia (me considero mais um especialista na prosa ficcional), admito que me senti na pele do garoto (mesmo estando muuuuuuito longe de ser um menino) que queria conhecer mais dos segredos dos versos.
O mote dessa novela (e da série de Caíque como um todo) é a sede de aprender das crianças e a satisfação dos adultos em ensiná-las. Essa conexão é feita em vários locais: na praça da cidadezinha, no imóvel abandonado que está à venda, na conversa despretensiosa em casa e nas letras das músicas tocadas aos quatro ventos. Contudo, o universo mágico do conhecimento reside com mais intensidade nos livros. Daí a importância da biblioteca como templo sagrado da educação. É incrível perceber como as bibliotecas e os livros adquirem papel central na trama de “Minha Carta ao Mundo”. E é ainda mais extraordinário visualizar a força que essa dupla de elementos tem quando é acessada por meninos e meninas apaixonados pelas letras e pelo processo de obtenção de conhecimento. Só por isso, esse livro já valeria a leitura.
Para quem pensa que “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” é uma mera extensão de “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”, preciso avisar que o volume dois da série de Caíque traz algumas novidades de ordem narrativa. Em primeiro lugar, a nova novela exibe mais personagens, muitas delas inexistentes no livro anterior. A inserção de novas figuras potencializa o universo da trama e, o que é mais legal, dá um caráter de “Turminha do Caíque” à coletânea. Assim, conhecemos os coleguinhas do protagonista (Yuri e Murilo principalmente), acompanhamos mais detalhes da vida de Jéssica (que acabou meio que preterida no primeiro volume) e somos apresentados a novos integrantes da família de Irina (essencialmente Jerusha).
Por falar em personagens, achei incrível a variedade dos tipos de pessoas que foram retratados nessa obra. Heloisa Prieto e Victor Scatolin constroem um enredo ancorado em figuras de várias faixas etárias, classes sociais e perfis psicológicos. A ordem aqui é a pluralidade. Por se tratar de um título infantojuvenil, achei excelente essa iniciativa dos autores. Eles não têm medo de apresentar para a garotada o universo, por exemplo, dos indivíduos mais velhos e de mostrar os dramas (envelhecimento, perda amorosa, saudades...) dos adultos. Quem disse que a meninada só gosta de tramas ingênuas e leves, hein? Como diria o outro: sabe de nada, inocente!!!
Outra diferença que gostei muito foi que “Minha Carta ao Mundo” não apenas recapitula o que aconteceu em “No Meio da Multidão”. A nova obra traz mais detalhes da história que fora exibida anteriormente. Assim, ao invés de termos um simples resumo do primeiro volume da série de Caíque, recebemos outras informações dos fatos narrados no primeiro livro. Por consequência, tanto os leitores que já conhecem a coletânea quanto aqueles que chegaram agora são igualmente agraciados pela narrativa. É ou não é um excelente expediente ficcional, né?
Outra questão que merece comentário elogioso é a estrutura dos capítulos de “Minha Carta ao Mundo”. Ela emula a dinâmica das coletâneas de contos. Repare nisso. A novela aborda simultaneamente diferentes personagens, espaços narrativos e conflitos dramáticos. Evidentemente, o narrador em terceira pessoa não fica colado ao protagonista (algo que já é possível notarmos em “No Meio da Multidão”). Dessa forma, temos a sensação de estar acompanhando várias tramas ou subtramas paralelamente. Adorei isso! O jeitão de coleção de narrativas curtas confere grande agilidade e pluralidade à obra. Contudo, não se confunda: esse livro é uma novela e não uma coletânea de contos (não se apegue às aparências, por favor).
Apesar da qualidade incontestável, “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” possui alguns probleminhas (e qual título literário não os tem?!). Em relação à narrativa em si, fiquei incomodado com o excesso de coincidências envolvendo as personagens e com certas incongruências profissionais de Dora. Calma, já explico, nos dois próximos parágrafos, o que quero dizer com esses pontos.
No primeiro caso, a impressão que temos é que todo mundo no livro se conhece e/ou é parente um do outro. Sei que estamos falando de uma cidade pequena, mesmo assim me soou excessivo esse expediente. A sensação de coincidência em cima de coincidência já tinha aparecido em “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema”. Naquele título, me pareceu forçado Sylvia, esposa de Ivan e nora de Irina, conhecer Caíque de vista e fotografá-lo. Isso para não mencionar a relação de Ângelo com Irina e o grau de parentesco de Ângelo com Dora. Porém, nesses dois últimos casos até entendi a opção narrativa (sem isso o enredo não girava). Agora, temos Yuri, coleguinha de classe de Caíque, como bisneto de Irina. E Kiko, o tio aventureiro de Jéssica, possui uma certa paixonite por Dora. Ai, ai, ai. Achei desnecessárias tantas vinculações entre as personagens de “Minha Carta ao Mundo. No que tais aproximações agregam à história? Nada.
Também fiquei confuso em relação à formação profissional de Dora, a bibliotecária da escola dos meninos. Ela é descrita ora como professora (no título anterior, isso acontece com mais frequência) ora como bibliotecária. Confesso que fiquei por vezes perdido com essa questão. Dora é apaixonada por livros (daí a função na biblioteca do colégio) e pela educação das crianças (tem uma sede inesgotável de ensinar a garotada). Pela minha experiência escolar, acho difícil uma professora com essas características migrar para a função de bibliotecária (com todo respeito a essa profissão) ou uma bibliotecária ser vista como professora pela gurizada. Mesmo com o esforço em explicar essa situação em “Minha Carta ao Mundo”, essa parte do enredo me pareceu extremamente ambígua.
Por fim, encontrei pequenos errinhos de pontuação nessa obra, algo inexistente em “No Meio da Multidão”. Há a falta do fechamento das aspas aqui e um travessão mal-usado acolá. São coisas normais que podem acontecer com qualquer livro. O estranho é achá-los em um título desenvolvido com tanto cuidado e, ainda mais, no início da trama (na sexta linha da primeira página da trama, há a falta do fechamento das aspas).
Apesar dessas escorregadinhas de natureza narrativa e de revisão textual, achei “Minha Carta ao Mundo” um livrão. Adoro quando os autores infantojuvenis valorizam a inteligência e a curiosidade da criançada com histórias verdadeiramente ricas e profundas. A série de Caíque é aquele tipo de coleção que fala muitas coisas simultaneamente: amor, morte, saudade, missão de vida, altruísmo, dom, paixão pela literatura e pela música, migração, diferenças culturais, envelhecimento, raízes familiares, importância da promoção da educação e da leitura na formação das novas gerações etc. É até difícil descrever todas as temáticas abordadas com lirismo e beleza em “No Meio da Multidão – Como Encontrar Seu Poema” e “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História”. O que sei é que essa coletânea narrativa não pode faltar na biblioteca de quem é apaixonado por literatura e de quem deseja promover o amor dos livros nos jovens leitores.
Por falar nisso, quem quiser ir ao evento de lançamento de “Minha Carta ao Mundo”, saiba que ele ocorrerá no dia 9 de fevereiro em São Paulo. Às 19 horas, Heloisa Prieto e Victor Scatolin estarão no SESC 24 de Maio para apresentar formalmente a nova obra e para autografar os exemplares ali adquiridos. Isso se a programação não for alterada diante do agravamento do quadro pandêmico. Se você não quer esperar até lá para conhecer as novas aventuras de Caíque e de seus amigos, a boa notícia é que “Minha Carta ao Mundo – Como Rastrear Sua História” já está disponível nas livrarias desde o finalzinho de 2021. Portanto, não há desculpa para não ter essa obra.
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