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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Livros: A Busca das Esferas - O romance de estreia de Mariana Baroni

Lançado em abril de 2022, esse título da autora paulista marca também a primeira publicação fantástica do selo Auroras.

Livro A Busca das Esferas de Mariana Baroni

Na semana passada, li “A Busca das Esferas” (Auroras/Penalux), o romance de estreia de Mariana Baroni. Confesso que tradicionalmente não sou muito fã da literatura fantástica. Pode ser preconceito da minha parte? Pode. Deve ser algum pé atrás em relação às obras com apelo evidentemente infantojuvenil que o mercado editorial insiste em direcionar também para o público adulto (chamado nos últimos anos de leitor young adult)? Deve. Porém, admito que precisei engolir meus prejulgamentos e preferências após a leitura de “A Busca das Esferas”. Adorei esse livro ao ponto de rever alguns dos meus conceitos literários até então inabaláveis. Mariana dá um verdadeiro show ao apresentar uma trama gostosa com um texto inteligente e uma narrativa extremamente veloz. Como é bom descobrir um jovem talento literário brotando nas páginas de um título tão saboroso e surpreendente. Se eu que não sou fã do gênero fantástico adorei a publicação, juro que fiquei imaginando a receptividade do público que curte romances nessa linha!


Recebi “A Busca das Esferas” há mais ou menos três meses. No final de maio, Maiara Tissi, da Revoada Assessoria, entrou em contato comigo perguntando se eu não queria conhecer o trabalho recém-lançado de Mariana Baroni. Pelo que entendi, Maiara e sua empresa de assessoria de imprensa são encarregadas de promover o livro de Mariana. Como faço sempre nessas circunstâncias, respondi que sim. E acrescentei que se gostasse da obra, eu faria um post na coluna Livros – Crítica Literária sobre “A Busca das Esferas”. Sempre faço esse alerta porque não gosto de fazer avaliações prioritariamente negativas no Bonas Histórias. Afinal, os brasileiros já leem comumente tão pouco. E seria um pecado se eu desestimulasse, de alguma forma, novas leituras dos meus compatriotas, né? No caso de publicações que considero abaixo da média, simplesmente não as menciono no blog (aí não desagrado ninguém nem desencorajo novas leituras).


Tão logo estabelecido o acordo com Maiara Tissi, recebi um exemplar do romance da Mariana Baroni na primeira semana de junho. Contudo, só consegui lê-lo no comecinho de agosto. E digo, com a boca cheia, que “A Busca das Esferas” é um livrão! Adorei essa história e, principalmente, a maneira como a autora construiu a narrativa ficcional. A trama de Nara, uma jovem estudante que é perseguida após encontrar uma esfera mágica no campus universitário, é dinâmica, convidativa e reserva ótimas e incontáveis reviravoltas. Como adorei a leitura e fui verdadeiramente impactado por essa experiência literária, aqui está o cumprimento da minha promessa – o post com a análise completa de “A Busca das Esferas” na coluna Livros – Crítica Literária.

Mariana Baroni, autora do romance A Busca das Esferas

Natural de Campinas, Mariana Baroni Fontana tem 36 anos e mora em Yokohama, no Japão. Formada em Letras e pós-graduada em Tradução (Inglês-Espanhol), ela trabalha como tradutora e revisora há mais de dez anos. Seus trabalhos nos campos da tradução e da revisão são voltados tanto para os materiais técnicos quanto para os textos literários. No papel de autora ficcional, Mariana começou produzindo contos e poesias que foram publicados em antologias e receberam premiações literárias. Destaques para: “O Desandar do Amor”, conto presente em “Brainstorm” (Andross), “Passageiro”, narrativa curta lançada em “São Paulo: Palavras e Progresso” (Litteris), “Tempo Fanfarrão”, poesia que faz parte da antologia “Diversos” (Andross), e “A Argola Curiosa” e “Divagações Boêmias com Bandeira”, poesias publicadas em “Corrente de Poesia” (Komedi).


A ideia de escrever um romance surgiu no final de 2013. Mariana Baroni decidiu participar da campanha coletiva NaNoWriMo – National Novel Writing Month. Em uma tradução livre, diria que a NaNoWriMo é o “Mês Nacional da Escrita de Romance”. A partir dessa iniciativa de abrangência internacional, os autores inscritos precisam escrever (e divulgar para os colegas) diariamente sua produção narrativa. A meta é canalizar para o papel (ou tela do computador) as ideias sem pensar muito em correções e/ou revisões. A proposta é que após um mês de trabalhos intensivos, os artistas amadores e profissionais dos mais diferentes países tenham a primeira edição de uma novela ou romance (obra ficcional com o mínimo de 50 mil palavras, o que dá aproximadamente 130 páginas – em letra Arial e tamanho de fonte 12). Com o material inicial pronto (muitas vezes, essa é justamente a parte mais difícil do fazer literário!), os escritores podem partir, então, para as melhorias, alterações, revisões e edições de ordem narrativa, textual e idiomática.


Com esse desafio literário em mente, Mariana desenvolveu o texto de “A Busca das Esferas” em novembro de 2013. Uma vez concluída a proposta da NaNoWriMo dentro do prazo, a escritora aproveitou o ano de 2014 para aprimorar a narrativa. A materialização do texto ficcional em livro, entretanto, demorou ainda alguns anos. Somente em 2021, a Penalux, editora localizada em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, e com forte tradição na publicação de autores novatos, aprovou o romance de Mariana Baroni. O lançamento da narrativa fantástica aconteceu em abril desse ano. “A Busca das Esferas” marca, além do título de estreia da escritora paulista, a primeira publicação fantástica do selo Auroras. Para quem ainda não conhece, a Auroras é o selo da Editora Penalux criado em março de 2020 para a promoção da literatura produzida pelas mulheres.


A trama de “A Busca das Esferas” é protagonizada por Nara, uma universitária natural de Nogueiras, pequena cidade do interior. Criada pelos avós paternos após a morte dos pais em um acidente até hoje mal explicado, Nara está fazendo faculdade há um ano em Horto Fiordi, uma grande cidade. Extremamente introspectiva e sem amigos, ela divide um apartamento com uma colega que raramente vê. A rotina da personagem principal do romance se resume a assistir às aulas na universidade, estudar para as provas e voltar para o lar no fim do dia. Sempre que pode, a moça visita nas férias os avós em Nogueiras.

Livro A Busca das Esferas de Mariana Baroni

O cotidiano pacato, solitário e um tanto melancólico de Nara é quebrado em certa tarde ensolarada. Aproveitando-se dos lindos e enormes jardins do campus universitário, a jovem se atira no gramado para ler e estudar. Entre a consulta de cadernos e a leitura de livros, ela acha, meio que sem querer, uma esfera branca do tamanho de uma bola de vôlei na grama. O objeto emite uma forte luz e emana uma energia especial. Encantada com aquela maravilha, Nara não pensa duas vezes: coloca a recente descoberta na mochila e deixa a universidade. A partir daí, ela tem a sensação de que está sendo observada e, logo em seguida, perseguida pelas ruas de Horto Fiordi. Começa, então, a agonia da moça.


No meio do trajeto da faculdade para casa, Nara é interceptada por um rapaz que tenta pegar sua mochila. Obviamente, ele quer se apoderar da esfera que ela achou. Graças a um instante de vacilo dele em meio à abordagem impositiva, a universitária consegue se desvencilhar do oponente misterioso e fugir. Ao chegar no lar, a protagonista nota que nem mesmo ali terá um segundo de paz. Homens vestidos de preto, ao melhor estilo ninja, ensaiam a invasão ao apartamento da jovem. Eles também parecem estar atrás da esfera, que aparentemente tem uma importância imensurável (do contrário, não seria alvo da investida de tanta gente). Assustada, Nara sai correndo do apê em direção à rua.


No momento em que os homens de roupa preta vão, enfim, pegá-la em uma viela no centro de Horto Fiordi, o primeiro rapaz que tentou interceptar Nara aparece para salvá-la. Aparentemente ele não integra o bando de criminosos nem quer fazer mal para a jovem. Sentindo-se segura na companhia do misterioso amigo, quase que um anjo da guarda, Nara se esconde junto com ele em um imóvel abandonado. A dupla passa a noite ali e Maylor (esse é o nome do rapaz!) explica mais ou menos o que está acontecendo.


Segundo o relato de Maylor, ele faz parte de uma comunidade chamada Guilda. O pessoal da Guilda vive escondido em uma floresta isolada e trabalha para encontrar e proteger o maior número possível de esferas mágicas. Eles tentam evitar, a todo custo, que as esferas caiam nas mãos do Pessoal da Horda, uma comunidade inimiga que também tem conhecimento dos poderes daqueles objetos. Como os integrantes da Horda são cruéis e sanguinolentos, Maylor não gosta nem de imaginar o que poderia acontecer se o grupo adversário conseguisse colocar as mãos no maior número de esferas. Pela quantidade de queimaduras e cortes que o rapaz possui no corpo, Nara logo vê que ele está falando sério.

Romance A Busca das Esferas de Mariana Baroni

Ao entender parcialmente o que está acontecendo, Nara aceita acompanhar Maylor até a sede da Guilda e se integrar àquela comunidade. Dessa maneira, eles partem para a floresta e lá, após ultrapassarem uma espécie de passagem secreta em uma gruta/caverna, chegam ao palácio da Guilda. No QG da comunidade boazinha, Nara conhece seus novos colegas/amigos: Henrique, Lila, Igor, Aya, Bárbara e Lúcio. Por estar de posse de uma esfera, Nara é vista como uma pessoa especial e, por isso, é aceita instantaneamente por todos. Pela primeira vez na vida, a moça tem amigos e faz parte de uma coletividade unida e harmônica. Agora ela tem um convívio social e pode compartilhar algo grandioso com as pessoas ao seu redor.


Em poucos dias no palácio da Guilda, Nara descobre que terá grandes responsabilidades ali. A jovem é convidada para se tornar uma caçadora. Ou seja, ela terá a mesma função que Maylor: localizar esferas e proteger quem as descobre. Para tal, Nara precisará passar por um intenso programa de treinamento, que inclui o aprendizado de artes marciais, linguagem e estratégia. Sem perceber, ela caminha a passos largos para vivenciar aventuras de tirar o fôlego. A disputa entre o Pessoal da Horda e o Pessoal da Guilda irá se intensificar e qualquer vacilo pode ser fatal.


“A Busca das Esferas” possui 192 páginas e está dividido em 13 capítulos. Levei entre quatro horas e meia e cinco horas para concluir integralmente essa leitura na semana passada. Precisei de apenas duas noites para isso: li os 6 capítulos iniciais na quarta-feira (primeira metade do romance) e os 7 capítulos restantes na quinta-feira (segunda metade). Se você gosta de longas sessões de leitura, até dá para devorar esse título em um único dia. Porém, é preciso iniciá-lo de manhã ou no começo da tarde (e não à noite como eu fiz!).


O que torna a leitura de “A Busca das Esferas” tão interessante é a combinação bem azeitada de narrativa gostosa com trama convidativa. Além disso, o texto do romance é ao mesmo tempo elegante e dinâmico (dois componentes que, infelizmente, não andam comumente abraçados na literatura comercial). Nota-se a habilidade da autora em tecer um enredo infantojuvenil com pegada fantástica sem abrir mão da qualidade ficcional.

Livro A Busca das Esferas de Mariana Baroni

Por falar nisso, é inegável a maturidade de Mariana Baroni quando o assunto é o fazer literário. Se pensarmos que esse é o seu romance de estreia, o resultado é para lá de satisfatório. Se eu fosse você ficava de olhos vivos nessa escritora de enorme potencial. Não é fácil produzir uma obra ficcional convidativa e tão direta. E Mariana parece que fez isso de maneira muito natural e simples. Se temos tal excelência em uma obra de debute, juro que fiquei imaginando o que não teremos mais pela frente: no segundo, terceiro, quarto, décimo título ficcional de Mariana!


O principal ponto positivo de “A Busca das Esferas” está em seu dinamismo. Não à toa, o que mais gostei nesse livro foi justamente da altíssima velocidade da trama e do ritmo narrativo vertiginoso. Temos aqui um romance enxuto e direto que prioriza a experiência literária até mesmo dos leitores mais ansiosos. A autora não enrola em nenhum momento (um pecado que alguns escritores cometem) nem se esquece de nada (algo que poderia muito bem acontecer em uma narrativa acelerada). Tudo está no devido lugar, no tom certo e, principalmente, na extensão adequada. Em relação à construção das cenas e à dinâmica da narrativa, “A Busca das Esferas” é uma obra perfeita. Entendeu agora por que disse que Mariana Baroni é uma autora com enorme maturidade ficcional? Vá você tentar fazer isso em outra narrativa (balancear velocidade com trama completa e gostosa de ler) para, então, ver o quão difícil é chegar no ponto certo!!!


Uma consequência imediata do estilo narrativo de Mariana Baroni é que o texto desse romance tem uma forte pegada cinematográfica – cineastas do meu Brasil, saibam que está fácil, fácil adaptar esse livro para um roteiro de cinema! Confesso que gosto muito dessa característica. É como se conseguíssemos ver as cenas na nossa mente enquanto lemos o livro. Exatamente por isso, “A Busca das Esferas” me lembrou, na perspectiva da velocidade narrativa e da construção quase que cinematográfica das cenas, “Refém da Memória” (Produção independente), novela de Helio Martins Jr, e “A Contrapartida” (Valentina), romance de Uranio Bonoldi.


Ainda ressaltando os aspectos positivos de “A Busca das Esferas”, preciso dizer que o primeiro capítulo está impecável. As apresentações da personagem principal e do cenário estão excelentes. Gostei que chegamos ao conflito rapidamente (seis páginas apenas). Em se tratando de um thriller, essa abordagem quase que instantânea atiça a curiosidade dos leitores (e me fez lembrar os melhores romances policiais de Harlan Coben, mestre em já começar suas tramas pelo mistério central). Ainda no primeiro capítulo, temos muitas ações, mistérios, sustos e reviravoltas. Encontramos nas primeiras páginas quase que um microcosmo do romance como um todo. Gosto disso! Você inicia a leitura e não quer mais parar.

Romance A Busca das Esferas de Mariana Baroni

Outra questão que merece elogio é a ambientação de “A Busca das Esferas”. Nas primeiras páginas, por exemplo, temos uma protagonista mergulhada em uma grande solidão. E como sentimos esse drama, hein? Com a ausência de discurso direto. Achei espetacular esse efeito. Incrível mesmo! A ausência de diálogo direto torna o clima do romance meio árido, angustiante e melancólico.


Os elementos oníricos permeiam a narrativa inteira e são componentes importantes da trama. Porém, ao final da obra, senti falta de encontrar uma relação mais objetiva e direta entre os sonhos da protagonista (e de seu par romântico) com fatos do enredo. Imaginei que houvesse uma simbiose entre as duas partes: sonho e realidade. Todavia, não é isso o que acontece no desfecho – para minha surpresa. Acredito (é só suposição mesmo, tá?!) que a ausência de uma ligação desse tipo possa indicar uma possível continuação desse romance. Será? Tananananã!!!


Como trama fantástica, com pegada de distopia infantojuvenil e doses generosas de suspense de aventura, “A Busca das Esferas” está primoroso. Esse título me lembrou as melhores obras fantásticas internacionais (pelos mais diferentes motivos) como as séries “Jogos Vorazes” (Rocco), de Suzanne Collins, “As Crônicas de Nárnia” (WMF Martins Fontes), de C. S. Lewis, e “Percy Jackson & Os Olimpianos” (Intrínseca), de Rick Riordan. Por falar nisso, Mariana tem a faca e o queijo na mão se quiser lançar uma série literária a partir dessa publicação. Esse livro dá ainda muito pano para manga. Isso não quer dizer que o romance esteja incompleto ou que tenha deixado pontos soltos. Não! Ele está completinho. O que quero dizer é que o enredo é tão rico e as personagens são tão carismáticas que é possível estender sua narrativa sem problema nenhum.


Mesmo com tantos méritos, “A Busca das Esferas” tem lá alguns probleminhas de natureza narrativa. O principal deles está no foco narrativo. A obra começa com um narrador em terceira pessoa colado à protagonista. Por isso, ele tem acesso ilimitado aos pensamentos, aos sentimentos, à memória e às ações de Nara. Até aí beleza! Entretanto, à medida que o romance se desenrola, o narrador (inexplicavelmente) vai se distanciando da personagem principal. Ele se mantém ativo quando Nara desmaia, segue os passos de Maylor, ouve a conversa de Olga e Bruno e acompanha Lila e Igor... Para piorar, ele tem acesso aos pensamentos e às ações de alguns indivíduos pontualmente (se transforma quase que em um narrador onipresente e onisciente).

Livro A Busca das Esferas de Mariana Baroni

Admito que não gostei dessa mudança de posicionamento. Se isso não for um erro de foco narrativo (pelo que conheço dos conceitos da Teoria Literária, é sim um equívoco), no mínimo é uma alteração equivocada no estilo do narrador. É verdade que esse aspecto deve passar despercebido pela quase totalidade dos leitores recreativos. Afinal, quem é o chato (além do Ricardo) que fica se atentando para as características do narrador em uma obra ficcional, hein?! Mesmo sabendo disso, ainda sim fiquei bastante incomodado com tal aspecto da narrativa.


Outro ponto que precisa ser avaliado é o efeito das esferas mágicas. O enredo do livro diz o tempo inteiro que as esferas são poderosas e que tê-las traz um diferencial enorme para as comunidades que as possuem. Porém, não vemos isso na prática (com exceção de uma ação pontual no desfecho). Senti falta de visualizar esse poder das esferas. Mesmo tendo a posse de objetos tão poderosos, minha impressão é que o Pessoal da Guilda e o Pessoal da Horda vivem de maneira bastante precária (muito pior do que, por exemplo, grupos de pessoas normais que não têm nenhum desses artigos). Além disso, acredito que dar um sentido mais filosófico e/ou existencialista para as esferas cairia bem à trama. Na certa, o romance ganharia em profundidade.


Também não gostei do clímax. A invasão à mansão da Horda e a batalha entre o Pessoal da Guilda e o Pessoal da Horda me pareceram extremamente inverossímeis. É verdade que temos nos capítulos finais muita ação, reviravolta e emoção. Nesse sentido, o desfecho está excelente, não dá para questionar. O problema é que há algumas passagens difíceis de engolir. Como uma avó tortura o neto favorito, hein? Não faz sentido. A série de coincidências que ocorre com Nara nas páginas finais exige certa condescendência por parte do leitor (só não detalho algumas para não dar spoilers). E o que dizer, então, da facilidade da dupla Nara e Maylor para invadir a mansão inimiga no maior conflito até ali entre as duas comunidades, hein?! Para mim não colou. Não é porque a trama é fantástica que ela pode ser inverossímil, né? Quando comparado à abertura da trama (que está espetacular – alia ação, surpresas e mistérios com cenas plausíveis), o desenlace deixou um pouco a desejar (no quesito credibilidade narrativa).

Mariana Baroni é a escritora do livro A Busca das Esferas

Mesmo com um pequeno tropeço aqui e outro acolá, algo perfeitamente normal em um título ficcional de estreia, preciso me render à qualidade literária de “A Busca das Esferas”. Esse romance de Mariana Baroni é excelente. Do contrário, não faria uma análise tão detalhada na coluna Livros – Crítica Literária. Como é bom conhecer escritores que, mesmo jovens, têm total domínio das técnicas narrativas e conseguem nos impactar positivamente. Agora só nos resta torcer para Mariana não parar seu trabalho literário nessa obra. Saibam que se ela der continuidade a essa trama, transformando-a em uma série literária, o Bonas Histórias com certeza irá acompanhar as novas aventuras de Nara, Maylor e o Pessoal da Guilda.


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