Dirigida por Yorgos Lanthimos, roteirizada por Tony McNamara e estrelada por Emma Stone, essa ficção científica que mistura fantasia, surrealismo, comédia nonsense e crítica social recebeu 11 indicações para o Oscar de 2024 e é uma das favoritas para conquistar a estatueta de Melhor Filme.
Que Scarlett Johansson e Margot Robbie não me leiam, por favor, mas sou apaixonado por Emma Stone. Para mim, Stone é a Meryl Streep de sua geração: uma atriz completa, versátil, carismática, inteligente e de atuações impecáveis. Já pensava dessa maneira antes mesmo de assistir a “Pobres Criaturas” (Poor Things: 2023), o novo filme do grego Yorgos Lanthimos que vamos comentar em profundidade hoje na coluna Cinema. Contudo, depois que saí da sala de projeção do Multiplex Belgrano no final de semana retrasado (em meio às comemorações do Ano Novo Chinês ali do lado no Barrio Chino e em plena visita de Eduardo Villela e sua divertida família por Mi Buenos Aires Querido), tive a confirmação de estar diante de um legítimo MONSTRO do cinema contemporâneo. Para ser franco com você, acompanhar essa ficção científica com pegadas de Surrealismo, fantasia e comédia erótico-escatológica me trouxe três certezas/conclusões que preciso compartilhar com os leitores do Bonas Histórias.
A primeira é: essa é a atuação mais brilhante da carreira de Emma Stone (e uma das mais corajosas da história do cinema). Se você ficou deslumbrado(a) – como eu fiquei há alguns anos! – com a interpretação dela no papel de Mia Dolan em “La La Land – Cantando Estações” (La La Land: 2016) e/ou como a Baronesa de Masham em “A Favorita” (Favourite: 2018), saiba que agora a norte-americana se superou. Pode isso, Arnaldo? Achei que não pudesse, mas foi o que aconteceu, senhoras e senhores! Juro que se eu fosse professor de atuação dramática (algo que não tem o menor fundamento, que fique bem claro), colocaria “Pobres Criaturas” para os meus alunos assistirem em sala de aula. Ao final da sessão, decretaria: “Isso é tudo o que vocês precisam saber sobre o ofício de ator e atriz. Se alguém chegar a 1% do que Stone fez neste filme, não apenas estão formados como estarão prontos para o estrelato no cinema, na televisão e no teatro”.
Por isso, chego à segunda verdade verdadeira que vem dominando a minha conturbada e caótica cabecinha há dez dias. Para dizê-la, porém, preciso encher os pulmões antes. Pronto. Agora posso gritar aos quatro ventos: O OSCAR DE MELHOR ATRIZ EM 2024 JÁ TEM DONO. No caso, dona. ELE É DA EMMINHA!!! É impossível a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles não reconhecer o óbvio ululante, como diria o título de uma famosa coletânea de crônicas de Nelson Rodrigues (não sei o porquê, mas lembrei bastante do jornalista e dramaturgo pernambucano ao final da sessão de “Pobres Criaturas”). Juro que se Emma Stone não sair da cerimônia de 10 de março com o seu segundo Oscar em mãos, eu entro com um recurso no STF para o Xandão prender todos os jurados do Oscar por atentado terrorista ao bom senso cinematográfico. Pronto, falei!
Quem acompanha o Bonas Histórias há alguns anos (acredite se quiser, mas em dezembro próximo o blog comemorará uma década de existência!), sabe do medo que adquiri nessa trajetória em decretar antecipadamente os vencedores do Oscar. Tenho esse pudor porque EU NUNCA ACERTEI NENHUM PALPITE SEQUER. Quando junto na mesma frase as palavras NUNCA, NENHUM e SEQUER, em um gigantesco pleonasmo, não é por acaso. É até complicado falar sobre isso, mas sou horrível em tentar adivinhar os vencedores da principal estatueta do cinema mundial. Juro que me sinto o Pelé das adivinhações furadas (lembra do título da Copa do Mundo da Colômbia e da Nigéria?!). Quando digo que o filme A sairá vencedor, o longa-metragem B ganha. Se digo que o ator X foi muito melhor do que os concorrentes, ele nem é indicado.
O auge dos meus equívocos aconteceu na cerimônia de 2020. Para não errar mais uma vez, decretei nas páginas da coluna Cinema com a consciência tranquila: “tanto “1917” (2019) quanto “Coringa” (Joker: 2019) têm chances de sair vencedores na principal categoria da premiação. As duas produções são incríveis e merecem a conquista”. Resultado: “Parasita” (Gisaengchung: 2019) levou o Oscar, na maior zebra da história do evento de Los Angeles. Depois disso, prometi para mim mesmo que NUNCA mais faria NENHUM palpite (olha o pleonasmo em letras garrafais aí de novo, gente!). Minha decisão foi para o bem dos artistas e dos longas-metragens que torceria. É claro que eu jamais respeitei minha própria promessa.
Só em 2024 já fiz alguns palpites – juro que é mais forte do que eu. O mais contundente foi: “Folhas de Outono” (Kuolleet Iehdet: 2023) triunfará como Melhor Filme Internacional. Seu rival mais forte, “Zona de Interesse” (The Zone of Interest: 2023), não me parecia tão bom quanto a comédia romântica árida e original do finlandês Aki Kaurismäki. E o que aconteceu? “Zona de Interesse” foi indicado ao Oscar e é o grande favorito. E “Folhas de Outono” não foi sequer indicado. É, acho que errei. DE NOVO!
Entendeu agora o medo que sinto em dizer que Emma Stone será a vencedora do Oscar desse ano?! Apesar de JAMAIS ter acertado um MÍSERO palpite, continuo impassível no meu trabalho de informar (ou seria desinformar?) os leitores do Bonas Histórias sobre os favoritos do prêmio máximo do cinema. Com a convicção de um legítimo integrante de “O Incrível Exército de Brancaleone” (L´armata Brancaleone: 1966), vou além da categoria Melhor Atriz e digo sem corar que, para mim, “Pobres Criaturas” merece conquistar a estatueta de Melhor Filme.
Não sei se você percebeu, mas essa é a terceira certeza/conclusão que gostaria de compartilhar no post de hoje, compreensivo(a) leitor(a) desse blog com tanta credibilidade quando o assunto é cinema. Afinal, esse título não pode ser rotulado como o longa-metragem em que sua protagonista brilha isoladamente. Esse drama cômico (ou seria comédia dramática?) com pitadas generosas de crítica social, engajamento feminista e filosofia existencialista tem muitos outros atrativos que o tornam superior, como experiência audiovisual e como narrativa ficcional, a “Oppenheimer” (2023), “Barbie” (2023), “Maestro” (2023) e “Zona de Interesse”. Cito nominalmente esses títulos porque eles são os principais postulantes no próximo evento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles e porque foram as produções que assisti (beijo, Glória Pires).
Prova disso é que “Pobres Criaturas” recebeu 11 indicações ao Oscar de 2024. Além de Melhor Filme e de Melhor Atriz (estatueta esta que creio ser a única barbada da noite californiana de 10 de março), ele ainda concorre nas categorias Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem, Melhor Figurino e Melhor Edição/Montagem. Nesse quesito, o filme de Yorgos Lanthimos e Emma Stone só perde para “Oppenheimer”, que teve 13 indicações. Mesmo tendo adorado o filme de Christopher Nolan, um dos meus cineastas favoritos, acho que a paixão por Emma Stone e o impacto do novo longa dela são mais fortes. Daí minha torcida para o vencedor do Oscar ter mudado de lado de agosto de 2023 para fevereiro de 2024. Para quem trocou nos últimos meses o fanatismo do Corinthians pelo Platense, talvez essa mudança cinematográfica não tenha sido tão substancial assim.
Nos principais festivais do cinema mundial e nos mais badalados prêmios cinematográficos internacionais já concluídos, “Pobres Criaturas” e Emma Stone fizeram bonito, muito bonito. O filme de Lanthimos conquistou o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza e o Globo de Ouro na categoria Comédia e Musical. Já a atriz levou para a casa as premiações de melhor atuação no Globo de Ouro e no Critics´s Choice Awards. Seriam esses os melhores indicativos que o Oscar será o próximo feito? Sinto-me inclinado a responder positivamente a esse questionamento meramente retórico.
O roteiro de “Pobres Criaturas” foi produzido pelo australiano Tony McNamara, roteirista de “A Favorita” (Oscar de Melhor Roteiro Original naquela oportunidade). Ou seja, McNamara, Yorgos Lanthimos e Emma Stone já tinham trabalhado juntos em uma produção de enorme sucesso. O raio cai sim duas vezes no mesmo lugar, senhoras e senhores! Por isso, acho que não só Stone deve levar para casa a sua segunda estatueta em 2024 como Tony McNamara será bicampeão (ao melhor estilo Mocidade Alegre!). Ai, ai, ai. Ainda bem que o roteirista australiano (e a atriz norte-americana e o diretor grego) não sabe português – certamente sentiria calafrios com minha previsão deste post.
Esse filme foi baseado no romance homônimo do escocês Alasdair Gray. Publicado em 1992, o livro “Poor Things” (ainda sem edição no Brasil) mistura ficção científica, fantasia, suspense noir e humor ácido. Ele é ambientado em Glasgow no Período Vitoriano. Além do sucesso editorial no Reino Unido, a obra foi finalista do Whitbread Award (depois de 2005, a premiação passou a se chamar Costa Book Award for Children´s Book) e conquistou o Guardian Fiction Prize daquele ano.
Yorgos Lanthimos só conheceu o romance de Gray uma década e meia depois do lançamento nas livrarias britânicas. Tão logo concluiu a leitura da obra, o diretor grego quis conhecer o escritor e mostrar seu interesse pela adaptação da história da inusitada Bella Baxter, a divertida e revolucionária protagonista de “Poor Things”, para o cinema. A dupla se encontrou na Escócia em 2009. Vale a pena dizer que nessa época, Lanthimos era um cineasta com pouquíssima experiência – tinha dirigido apenas três longas-metragens, sendo um em coautoria –, mas já possuía ótimas credenciais – “Kynodontas” (2009), sua segunda direção solo, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (antigo nome da categoria agora chamada de Melhor Filme Internacional). E Alasdair Gray era, em 2009, um senhor de 75 anos que apesar de continuar publicando suas obras ficcionais, estava longe, muito longe dos dias mais criativos.
O papo de Alasdair Gray e Yorgos Lanthimos rendeu e o romancista aceitou vender os direitos de adaptação do livro. Aproveitando a estadia do cineasta por Glasgow, Gray levou Lanthimos para conhecer algumas paisagens da capital escocesa que o inspiraram na ambientação do romance. A admiração dos artistas foi mútua. Enquanto o escritor assistiu a “Kynodontas” e se empolgou com o talento do jovem diretor, o cineasta grego afirmou ter se identificado com a proposta literária do experiente autor escocês. Misturar humor ácido, drama profundo, ficção científica, tragicomédia, fantasia e narrativa histórica é uma característica tanto do trabalho do artista das letras quanto do portfólio do artista do audiovisual.
Apesar da empolgação de todos para a adaptação cinematográfica, o filme precisou esperar 15 anos para ganhar as telonas. Nesse meio tempo, Alasdair Gray faleceu em 2019, aos 85 anos. Ou seja, ele não viu o longa-metragem do seu romance ficar pronto. Por sua vez, Yorgos Lanthimos é atualmente um dos bons nomes do cinema europeu que trabalha em Hollywood. Além dos espetaculares “A Favorita” e “Pobres Criaturas” (se você não os assistiu, pare tudo o que estiver fazendo, inclusive a leitura deste post, e os assista AGORA mesmo!), ele dirigiu “O Lagosta” (The Lobster: 2015), vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2015, e “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (The Killing of a Sacred Deer: 2017), indicado a Melhor Roteiro Original no Oscar de 2017. São muitos filmes de ótima qualidade na bagagem, né?
Produção irlandesa coproduzida com estúdios da Inglaterra e Estados Unidos, “Pobres Criaturas” escancara a excelente fase do cinema irlandês no pós-pandemia. No ano passado, por exemplo, torci descaradamente para “Os Banshees de Inisherin” (The Banshees of Inisherin: 2022), um dos melhores filmes que vi nos últimos anos. Cheguei até apontar aqui na coluna Cinema (imagine se não!) que a produção anglo-irlandesa de Martin McDonagh era minha favorita à estatueta (adivinha o que aconteceu?). Caetano Veloso cantaria empolgado: “Alguma coisa acontece no meu coração/ só quando assisto aos novos filmes irlandeses/no duro drama cômico de seus longas/e do mórbido humor de seus diretores”.
De curiosidade, “Pobres Criaturas” foi o primeiro filme de Yorgos Lanthimos a ter uma trilha sonora original. Ao invés de utilizar músicas comerciais como sempre fizera, o cineasta grego contratou dessa vez um compositor para criar canções especialmente para seu longa-metragem. O responsável por essa parte da produção cinematográfica foi Jerskin Fendrix, jovem músico inglês que já estreou no ofício com uma indicação ao Oscar de Melhor Trilha Sonora. Por falar na equipe técnica, o irlandês Robbie Ryan ficou responsável pela fotografia (e levou para casa também uma indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles). Ryan já tem uma estatueta na prateleira do seu escritório pelo excelente trabalho realizado na fotografia de “A Favorita”.
Se o time atrás das câmeras é competentíssimo, o que podemos dizer do elenco, hein? Além de Emma Stone, “Pobres Criaturas” tem Willem Dafoe (talvez um dos atores mais subvalorizados de Hollywood), o eterno Sargento Elias de “Platoon” (1987), Mark Ruffalo, de “Spotlight – Segredos Revelados” (Spotlight: 2016), Ramy Yossef, do seriado “Ramy” (2019-2022), Jerrod Carmichael, de “O Sermão da Montanha” (Sermon on the Mount: 2021), Suzy Bemba, de “De Volta à Córsega” (Le Retour: 2023), Kathryn Hunter, a Mrs. Arabella Figg de “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (Harry Potter and the Order of the Phoenix: 2007), Vicki Pepperdine, do seriado “Getting On” (2013-2015), Margaret Qualley, de Noviciado (Novitiate: 2019), e Christopher Abbott, de... de... de... Juro que não faço ideia quem ele seja e o que tenha feito antes deste filme.
Orçado em US$ 35 milhões (uma ninharia para os padrões hollywoodianos, mas uma pequena fortuna para o cinema europeu), “Pobres Criaturas” foi gravado entre agosto e dezembro de 2021. Quase todas as cenas foram filmadas em um estúdio em Budapeste, na Hungria – algo que o espectador não pode imaginar por se tratar de um road story/road movie. A única exceção foi a passagem realizada em um salão de baile. No longa-metragem, ela ocorre no salão de um navio transatlântico. Porém, na realidade, a gravação foi feita em um prédio histórico da capital húngara. Por sinal, essa é uma das cenas mais engraçadas de “Pobres Criaturas”: Bella Baxter dança descontroladamente com o apaixonado Max McCandles, que não consegue controlar os ímpetos da namorada/amante.
Apresentado ao grande público pela primeira vez em setembro de 2023 no Festival Internacional de Cinema de Veneza, o novo longa-metragem de Yorgos Lanthimos estreou nos cinemas norte-americanos e canadenses em dezembro de 2023. No circuito comercial europeu, ele chegou apenas em janeiro de 2024 e na América do Sul em fevereiro de 2024 (a exceção foi a Argentina, que o recebeu em janeiro). Essa antecipação para chegar às salas da América do Norte ainda em 2023 tem uma explicação plausível. Se não estreasse por lá até dezembro, o filme “Pobres Criaturas” não poderia concorrer ao Oscar deste ano. Com receio de perder algumas estatuetas por mera burocracia, adiantou-se os cronogramas de exibição nos Estados Unidos e no Canadá.
No Brasil, a nova produção de Yorgos Lanthimos e Emma Stone vem apresentando ótima bilheteria. Segundo os dados do primeiro final de semana de fevereiro, “Pobres Criaturas” estreou na terceira posição entre os títulos mais vistos nos cinemas nacionais, com aproximadamente R$ 2,4 milhões de receita. Perdeu apenas para o superestimado “Todos Menos Você” (Anyone But You: 2023), que teve faturamento na casa de R$ 5,6 milhões, e o midiático “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” (2024), com mais ou menos R$ 5,1 milhões em vendas. Nada mal para um título com viés muito mais cult do que comercial – competir com comédias românticas apimentadas e com produções religiosas é uma covardia em nosso país.
O roteiro do filme “Pobres Criaturas” começa em Londres na época Vitoriana. Dr. Godwin Baxter (interpretado por Willem Dafoe) é um renomado e rico cientista que realiza vários experimentos médicos tanto no laboratório de sua mansão quanto na universidade onde leciona. Além da sua inteligência absurda e de seus conhecimentos clínicos muito à frente do tempo, o que mais chama atenção no médico-pesquisador já idoso é seu aspecto fantasmagórico. Ele é todo remendado, como se tivesse sido fruto de uma experiência científica. De tão horripilante que é (é quase um monstro esteticamente), o senhorzinho tem uma vida reclusa e solitária em sua casa na capital inglesa.
Uma de suas pesquisas particulares mais ambiciosas envolve a jovem e linda Bella Baxter (Emma Stone). Há alguns meses, Dr. Godwin (a junção de God e Win em seu nome não é por acaso) tinha conseguido o corpo de uma mulher grávida tão logo ela se jogou do alto de uma ponte que cruzava o mar. Para realizar seus experimentos biológicos, é importante que se diga, ele comprava muitos cadáveres. Dessa vez, contudo, a suicida chegou ainda com vida ao laboratório residencial do cientista.
Querendo salvar a moça e a criança alojada no ventre materno das inevitáveis mortes, Dr. Godwin Baxter decidiu fazer um experimento para lá de heterodoxo. Ele extraiu o cérebro do feto e o inseriu onde ficava o cérebro da mãe. Assim, conseguiu salvar o corpo da mulher (que ainda funcionava plenamente, apesar da queda no mar) e deu a chance para que seu/sua filho/filha agora recém-nascido(a) pudesse se desenvolver (a mente da criança funcionava perfeitamente). O resultado concreto dessa prática médica inovadora foi a criação de um indivíduo único: a massa encefálica era de um nenê e o corpo era de uma pessoa adulta. A criatura nem um pouco usual gerada pelo experimento do Dr. Godwin foi chamada de Bella Baxter. Ao dar seu sobrenome à jovem, o médico-cientista indicava que a criaria como se fosse uma filha adotiva.
Assim, conhecemos Bella, que vive explorando todos os cômodos da mansão londrina do doutor. Ela ainda possui a mentalidade de uma criança pequena, mas está no corpão de uma mulher adulta e charmosa. A contradição não pode ser mais curiosa. A moça vive todas as fases da infância, enquanto descobre o mundo por um ponto de vista libertário e sem filtros sociais. Criada em casa pela supervisão da babá, que acumula as funções de governanta doméstica, Bella Baxter precisa aprender coisas básicas como andar, falar, fazer suas necessidades fisiológicas, comer, beber, sociabilizar, controlar as emoções etc. Acompanhar seu desenvolvimento é ao mesmo tempo hilário e assustador. Ela é a versão gigantesca de um bebê.
Empolgado com o sucesso inicial da experiência e analisando a situação pela perspectiva da ciência, Dr. Godwin Baxter contrata Max McCandless (Ramy Youssef), um de seus melhores alunos na universidade, como assistente. Cabe ao rapaz anotar diariamente o progresso cognitivo, físico e emocional de Bella. Assim, os dois jovens (o estudante universitário e a menina-moça) passam os dias juntos. Rapidamente, o rapaz se apaixona pela filha do médico. A beleza e a espontaneidade de Bella são mesmo cativantes, apesar de seu comportamento sempre caótico e imprevisível.
Vendo os sentimentos do assistente aflorarem e entendendo que Bella começa a entrar na fase mental equivalente à puberdade, Dr. Godwin Baxter pergunta para Max McCandless se ele não quer se casar com sua filha-adotiva. É claro que o rapaz quer! Ele está de queixo caído pela estonteante Srta. Baxter. Porém, não há tempo para eles prepararem o casório. Com o acentuado desenvolvimento mental da moça, ela não quer mais ficar restrita ao ambiente doméstico. Ela anseia conhecer o mundo, viver mais experiências e interagir com pessoas de fora do lar, algo terminantemente proibido pelo pai. Dr. Godwin teme que a sociedade se aproveite da ingenuidade e da pureza de Bella Baxter. Por isso a superproteção, que beira o aprisionamento na cabeça da jovem.
Inconformada com a situação, Bella foge de casa na primeira oportunidade. Ela se aproveita que Duncan Wedderburg (Mark Ruffalo), o advogado que seu pai havia contratado para justamente ver as questões legais do casamento, se apaixonou por ela à primeira vista. Assim, o convence a levá-la para fora da residência. A dupla não só sai da mansão do Dr. Godwin como parte para uma viagem em Lua de Mel para Lisboa. Inicia-se, a partir daí, a experiência surrealista de Bella Baxter pelo mundo adulto. Como namorada (ou amante, como preferir!) de Duncan, a moça vivencia uma série de situações que vão da comédia pastelão até a reflexão filosófica, passando pelo drama social, por aventuras sexuais, pela disruptura social e pelo engajamento feminista.
Subvertendo a lógica do mundo dominado por homens e com o predomínio das máscaras sociais, a espontânea e carismática jovem provoca um grande rebuliço por onde passa, para desespero principalmente de Duncan Wedderburg, Dr. Godwin Baxter e Max McCandless. Além de belíssimo, o filme é sensível e muito, muito sagaz. De certa forma, Bella Baxter é uma mulher à frente do seu tempo (o que é uma verdade absoluta se considerarmos que ela é de uma geração posterior – lembremos que sua mentalidade é de um bebê que se desenvolveu rapidamente no corpo materno). Com seu comportamento progressivo e por vezes revolucionário, a protagonista transforma radicalmente a vida de todos que estão ao seu redor, o que gera situações realmente cômicas.
“Pobres Criaturas” tem quase duas horas e meia de duração. É, portanto, um filme longo. Se você não estiver preparado para a extensa sessão de cinema nem gostar de experiências cinematográficas diferenciadas, talvez se incomode um pouco com a proposta ousada de Yorgos Lanthimos. Falo isso porque vi reações distintas da plateia na sala de exibição em Buenos Aires na sexta-feira retrasada. Teve o grupo que ficou radiante (me insiro nessa parcela dos espectadores, tá?!) e teve o grupo que saiu bastante incomodado (ao ponto de não esconder de ninguém o desapontamento).
Em determinado momento do longa-metragem, deu para ouvir o ronco de alguém sentado lá na frente. Pelo barulho, a pessoa estava em um sono profundo. Talvez ela não tenha gostado tanto assim do filme que concorre ao Oscar. No meu lado esquerdo, havia um grupinho de cinco adolescentes. Achei que eles não fossem curtir tanto essa produção (seria preconceito da minha parte? talvez). Mas pela reação empolgada deles no fim da sessão, eles adoraram. Saíram comentando vários aspectos de “Pobres Criaturas” como se discutissem lances de uma partida de futebol eletrizante. No meu lado direito, havia um jovem casal. Foi nítido o constrangimento deles nas cenas de nudez e sexo de Emma Stone (como sou apaixonado pela atriz, eu é quem deveria ficar com ciúmes!). Achei muito engraçado o pudor deles, o que só aumentou a graça do filme que brincava justamente com esse pseudomoralismo da sociedade.
Como já disse no início deste post da coluna Cinema, adorei “Pobres Criaturas”. Para mim, ele é disparado o melhor filme da temporada cinematográfica de 2023 (títulos lançados no ano passado nos Estados Unidos – para seguirmos os padrões da indústria). Daí minha torcida por ele no próximo Oscar. Esse longa-metragem possui vários aspectos que merecem nossa análise mais pormenorizada. Contudo, se tivesse que resumi-lo em uma única frase diria: é um filme que alia história divertida, roteiro interessantíssimo, ótimo ritmo narrativo, efeitos estéticos e visuais apurados, trama com excelente subtexto (que nos faz refletir), temática moderna (sem ser panfletário ou lacrador) e excelentes atuações. Pensando bem, o que mais poderíamos querer de uma produção da sétima arte, hein?!
Para começo de conversa (ou de análise, porque nossa conversa já vai longe...), não dá para falar de “Pobres Criaturas” e não citar o desempenho ABSURDO de Emma Stone. Ela não apenas dá um show no papel mais difícil de sua carreira como parece ter tirado de letra os desafios interpretativos que assustariam dez entre dez artistas. Se essa não é a prova cabal que estamos diante da melhor atriz da atualidade, não sei mais o que esperar de um(a) intérprete. Pode ser papo de um fã apaixonado? Pode. Mas também é a opinião de um crítico de cinema que já viu muitas, mas muitas produções e raramente fica embasbacado com a atuação individual de alguém na tela (ou no palco).
Juro que o que Stone fez em “Pobres Criaturas” está no nível de Vivien Leigh em “...E o Vento Levou” (...Gone with the Wind: 1940), Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses” (Sunset Boulevard: 1950), Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany´s: 1961), Bette David em “O que terá Acontecido a Baby Jane?” (What ever Happened to Baby Jane?: 1962), Bibi Andersson em “Persona – Quando Duas Mulheres Pecam” (Persona: 1966), Kathy Bates em “Louca Obsessão” (Misery: 1990), Fernanda Montenegro em “Central do Brasil” (1998), Adéle Exarchopoulos em “Azul é a Cor Mais Quente” (La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2: 2013) e Julianne Moore em “Para Sempre Alice” (Still Alice: 2014).
Conheci o trabalho de Emma Stone no começo de sua trajetória no cinema, quando ela ainda fazia filmes bobinhos, mas encantadores. “Zumbilândia” (Zombieland: 2009), “A Mentira” (Easy A: 2010) e “Amor a Toda Prova” (Crazy, Stupid, Love: 2011) são bons exemplos dessa fase digamos mais comercial e leve. Depois, Stone migrou para produções de enorme sucesso de público e, principalmente, de crítica. Foi aí que meu coraçãozinho começou a bater mais forte. Se em “Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância” (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance: 2014) ela foi coadjuvante (de luxo), em “Magia ao Luar” (Magic in the Moonlight: 2014) e “O Homem Irracional” (Irrational Man: 2015) arrebentou como coprotagonista, mesmo tendo como companhia colegas mais tarimbados (Colin Firth e Joaquin Phoenix, respectivamente).
O sucesso definitivo chegou com a inesquecível Mia Dolan, de “La La Land – Cantando Estações”. Por esse papel, Emma Stone ganhou o Oscar de Melhor Atriz em 2017 e entrou para sempre no hall da fama do cinema norte-americano. Foi nesse momento também que ela entrou no âmago do meu combalido e periclitante coração. Depois disso, parece que Stone só cresceu em atuação e em escolhas artísticas. Em “A Favorita”, brilhou ao lado de Olivia Colman e Rachel Weisz. Juro que não me lembro de ter visto um trabalho interpretativo tão contundente nos últimos vinte anos como o deste trio de atrizes de “A Favorita”. Não é errado pensarmos que como Abigail Masham, a Baronesa de Masham, Emma Stone esteve até mesmo melhor do que em “La La Land”.
Confesso que não imaginava como a norte-americana poderia se superar e mostrar um trabalho ainda mais brilhante. Mas ela conseguiu. Em “Pobres Criaturas”, Emma Stone arrebentou! Nunca é fácil fazer cenas de sexo, nudez e escatologia. Quando se coloca no receituário a necessidade de aliar humor, drama, deboche e crítica social, as coisas podem ficar ainda mais difíceis. Não para Stone, que parece ter tirado de letra a complexidade de sua personagem. O que mais gostei foi da naturalidade da atriz em cena. Ela age com grande verossimilhança (o caminhar trôpego e a espontaneidade infantil de Bella Baxter no início do filme são simples e precisos) e comicidade (sua volúpia sexual e sua curiosidade de descobrir o mundo são naturais e admiráveis).
O mais legal foi notar que “Pobres Criaturas” não é o filme de um só talento interpretativo. O elenco inteiro se saiu muitíssimo bem. O trio masculino que sofre com a ousadia e a irreverência de Bella merece também nossos rasgados elogios. Willem Dafoe está mais uma vez impecável no papel de pai adotivo da protagonista (uma mistura de Geppetto e Dr. Henry Frankenstein). Mark Ruffalo rouba a cena em vários momentos ao dar um ar tragicômico ao homem apaixonado pela protagonista (sua personagem não entende as atitudes revolucionárias da moça). E Ramy Yossef confere um ar bobão e fraco ao par romântico de Bella (uma ótima referência para o mundo masculino em tempos de empoderamento feminino).
Quando digo que os atores e atrizes estão muito bem em “Pobres Criaturas”, talvez isso fique mais nítido quando analisamos a atuação individual do elenco de apoio. Mesmo com presenças pontuais, Jerrod Carmichael, Suzy Bemba, Kathryn Hunter, Vicki Pepperdine, Margaret Qualley e Christopher Abbott conferem personalidade única aos seus papéis, enriquecendo ainda mais a história e a produção audiovisual.
Outra questão brilhante deste longa-metragem, que acredito não ter ainda mencionado de um jeito tão direto, é o seu roteiro. Eita história bem construída esta, senhoras e senhores!!! O que mais gostei foi da riqueza do seu subtexto. Se a trama principal tem a capacidade de empolgar o público em busca de um entretenimento mais popular (como os adolescentes da minha sessão), as subtramas conferem profundidade e riqueza à narrativa cinematográfica (para quem busca um produto artístico mais culto e refinado). Juro que fiquei com vontade de assistir mais uma ou duas vezes “Pobres Criaturas” para pegar todas as citações e referências. É óbvio que é possível assimilar muita coisa em apenas uma sessão. Porém, fiquei com a sensação de que para compreender a enorme quantidade e complexidade de temas debatidos, alguns indiretamente, a repetição se faz necessária.
Por exemplo, a questão do Feminismo salta aos olhos. Enquanto quase todos os homens do filme querem podar as vontades e restringir os movimentos de Bella Baxter, a moça segue impassível em direção aos seus anseios mais íntimos. Assim, a protagonista vive novas experiências, conhece os quatro cantos do mundo e se lança em experiências prazerosas. Sua liberdade sexual é talvez a face mais polêmica para o universo machista da época. Quem melhor representa a incompreensão masculina diante de uma mulher livre, decidida, empoderada e sem amarras sexuais é Duncan Wedderburg. No começo ele é pintado como um advogado canastrão e sedutor. Isso até se apaixonar verdadeiramente por Bella. Nas mãos da jovem com postura revolucionária, ele se torna um tapado, cheio de inseguranças e complexos. É muito divertido assistir a essa transformação (ou desconstrução) do rapaz.
Contudo, “Pobres Criaturas” não é apenas um manifesto feminista inteligente e sarcástico. O filme também trata de outros temas de um jeito muito interessante. Estão no subtexto do roteiro questões como Existencialismo, religião, avanço tecnológico, máscaras sociais, choques entre conservadorismo e progressismo, ética, sexualidade, casamento etc. Se você gosta de discussões de altíssimo nível filosófico, saboreie os diálogos de Bella com Harry Astley e Swiney, a dupla de turistas do navio transatlântico.
Não apenas a história é excelente (e muito engraçada!), mas a maneira como ela foi contada é ótima. Isso fica evidente no ritmo narrativo de “Pobres Criaturas”. Para um filme de aproximadamente duas horas e meia, ele até que passou voando. Foram poucas as passagens cansativas (sim, elas existem, mas são exceção). Quando fui ver, a sessão cinematográfica já tinha acabado. Incrível! Falo por experiência própria: não gosto de ficar horas e horas sentado na sala de cinema. Dessa vez confesso que o tempo voou durante a exibição do longa. Nem mesmo o meu ciático, conhecido por ser um reclamão de primeira hora, chiou. Juro que para dormir nesse filme, a pessoa tem que estar com muito, muito sono (parabéns para quem conseguiu esse feito na sexta-feira retrasada no Multiplex Belgrano!).
O que pode ter ajudado na boa velocidade narrativa foi a divisão da história em partes – como se fosse um livro (conjunto de capítulos) ou uma peça de teatro (formado por três atos). Cada segmento de “Pobres Criaturas” (juro que perdi a conta de quantas partes são: cinco ou seis talvez) possuiu características próprias. É como se tivéssemos vários curtas-metragens dentro do longa-metragem. Em cada fragmento, acompanhamos um aspecto da vida de Bella Baxter.
Ela começa a produção cinematográfica aprendendo as habilidades básicas dos seres humanos, como andar, comer, defecar e falar. É afinal um bebê (do ponto de vista mental). À medida que vai se desenvolvendo psicologicamente, Bella precisa controlar os sentimentos e a violência primitiva. Em seguida, há as descobertas sexuais. Mais à frente no longa-metragem, a moça aumentará a interação social, se lançará ao estudo da filosofia, se preocupará com a desigualdade social do mundo e terá que trabalhar.
O que torna “Pobres Criaturas” um filme tão brilhante é que cada uma dessas fases da vida de Bella Baxter possui características audiovisuais distintas. A cor, a música, os cenários, o figurino e até o enquadramento das câmeras mudam à medida que os desafios da jovem se transformam. Essa peculiaridade é mais nítida no início do longa. Enquanto a moça é prisioneira do Dr. Godwin Baxter, as cenas possuem muitas sombras, temos um cenário mais antigo, predomina-se o preto nos objetos e no figurino e a melodia é mais pesada. Quando ela vai para Lisboa com Duncan Wedderburg em uma espécie de Lua de Mel proibida (eles não se casaram), as cenas se iluminam, as cores se tornam mais quentes (vermelho, laranja e amarelo, principalmente) e a música se torna leve. Há até elementos futuristas no cenário, indicando o quão moderno e revolucionário é o comportamento de Bella Baxer.
É preciso tirar o chapéu para “Pobres Criaturas” e reconhecer que ele foi muito bem filmado. A integração de música, fotografia e figurino a um roteiro muito bem escrito enche nossos olhos. É por isso que não me canso de repetir: temos aqui a melhor produção do ano passado! Chega até a ser difícil acharmos algo negativo para criticar. Por qualquer aspecto que atentamos, o longa-metragem se descortina impecavelmente.
Outro ponto alto do filme é a sua forte intertextualidade literária e cinematográfica. É claro que a história de “Pobres Criaturas” foi inspirada na trama de “Frankenstein” (Darkside), cânone de terror de Mary Shelley. A diferença é que o monstro agora é uma mulher bonita e jovem e não um homem feio e de tons fantasmagóricos. As mudanças de gênero e de estética, apesar de sutis, implicaram em uma série de nuances dramáticos que trazem graça, beleza e sagacidade à narrativa cinematográfica.
O mais interessante da produção de Yorgos Lanthimos é que ela soube explorar muito bem essa intertextualidade. “Pobres Criaturas” faz referências diretas ao filme original de “Frankenstein”, de 1931. Isso fica mais claro nas cenas das aulas do doutor na universidade e no “nascimento” de Bella, que emulam as tomadas de câmera, a ambientação noir (com muitos jogos de sombra e escuridão) e até os efeitos visuais do clássico de James Whale. Certamente os cinéfilos mais saudosistas vão se emocionar com essa homenagem velada (ou não tão velada assim!).
De principal ponto negativo de “Pobres Criaturas”, posso dizer que tive em algumas cenas a forte sensação de déjà vu. Essa história é de certa maneira o inverso do enredo de “O Curioso Caso de Benjamin Button” (Dracena), famoso conto de Francis Scott Fitzgerald que também ganhou uma excelente adaptação para o cinema. Se formos buscar no cinema europeu contemporâneo, o drama de Bella Baxter também pode ser comparado (com o devido distanciamento) ao dos protagonistas de “EO” (IO: 2022) e “Border” (Gräns: 2018). Digo isso para mostrar que apesar de excelente, talvez a história retratada por Lanthimos na telona não seja tão original quanto poderíamos supor à primeira vista.
Confira, a seguir, o trailer de “Pobres Criaturas” (Poor Things: 2023):
Como disse, “Pobres Criaturas” mistura humor, drama, erotismo, violência, crítica social, intertextualidade artística (cinematográfica e literária), escatologia, ficção científica, filosofia existencialista, ambiente noir e, ufa, feminismo. Se você gosta desse receituário e preza por narrativas inteligentes, histórias originais, interpretações magníficas e o trabalho minucioso dos artistas do audiovisual (música, fotografia, figurino e efeitos visuais, por exemplo, estão impecáveis) certamente curtirá o novo longa-metragem de Yorgos Lanthimos, que acabou de entrar no hall dos meus cineastas contemporâneos favoritos.
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