Em cartaz nos cinemas argentinos desde 12 de outubro, a comédia romântica estrelada por China Suárez e Joaquín Furriel possui muita ação e mistério, em um roteiro repleto de surpresas e reviravoltas que encanta o público mais exigente.
Nas duas primeiras semanas da minha longa temporada por Buenos Aires, algumas coisas chamaram positivamente minha atenção. Uma delas é que a Argentina não tem apenas um cinema de qualidade, algo que eu já sabia há muuuito tempo (e que os leitores assíduos da coluna Cinema já devem ter notado pelos posts elogiosos de uma série de longas-metragens feitos na terra de Evita e Dieguito). Mas o nosso país vizinho possui, aí está justamente o que me impressionou, uma indústria cinematográfica forte e vigorosa, algo que só o México, creio eu, também pode se orgulhar na América Latina.
A questão, portanto, não é meramente qualitativa, mas quantitativa. Para termos uma ideia da dimensão, nossos hermanos lançam cerca de 200 produções cinematográficas anualmente, a maioria de excelente nível. Trata-se de um número vultuoso de filmes, que são direcionados para atender à demanda nacional e ao interesse internacional (diferentemente da indústria mexicana, mais focada no público doméstico). Se esses dois elementos (quantidade e qualidade) estão presentes no cinema argentino, infelizmente não podemos dizer o mesmo do cinema brasileiro nos últimos anos. Por mais ufanistas que sejamos, é preciso reconhecer quando placar é adverso em 7 a 1.
O legal é notar a força da indústria cinematográfica argentina no dia a dia. Na sexta-feira da semana retrasada, fui ao Multiplex Belgrano, meu cinema favorito de Buenos Aires. Estou morando em Núñez/Saavedra, mas o bairro em que recorro para um monte de coisa é Belgrano. O objetivo principal do passeio era conferir os lançamentos da sétima arte. E fiquei encantado em ver que ao lado de títulos internacionais, o público local recebe simultaneamente um bom leque de opções nacionais.
Por exemplo, acabaram de estrear por aqui três longas-metragens argentinos: “El Duelo” (2023), thriller romântico dirigido por Augusto Tejada; “Puan” (2023), comédia dramática da dupla de diretores María Alché e Benjamín Naishtat; e “No Me Rompan” (2023), comédia do tipo besteirol dirigida por Azul Lombardía. Isso sem contar os filmes locais que já estavam em cartaz e permanecem à disposição do público. Uma semana antes, eu assisti “La Uruguaya” (2022), título que fora lançado em agosto. Inclusive, comentei rapidamente este filme de Ana García Blaya, uma coprodução entre argentinos e uruguaios, no início de outubro, quando discuti na coluna Livros – Crítica Literária a novela “A Uruguaia” (Todavia), de Pedro Mairal. Obviamente, a produção literária do escritor argentino serviu de base para o roteiro cinematográfico de Blaya. Daí a menção e a comparação entre as duas histórias.
Falei tudo isso para dizer que, dos novos títulos em cartaz no circuito comercial portenho, o filme que mais gostei foi “El Duelo” – não por acaso, o motivo deste meu post do Bonas Histórias. É verdade que “Puan” também é uma produção excelente (e que, por isso, pode gerar uma análise crítica nas próximas semanas na coluna Cinema). Contudo, confesso que fiquei encantado mesmo foi com a divertida trama do longa-metragem de Tejada, as surpresas de seu roteiro e o carisma do casal de protagonistas. Sabe quando você entra na sala de cinema esperando um filme mediano (na minha imaginação, “Puan” seria o bom lançamento do mês, “El Duelo” o mediano e “No Me Rompan” o fraquinho), mas encontra um filmão?! Pois foi o que aconteceu comigo. E olha que não gosto de comédia romântica!
“El Duelo” me surpreendeu tanto que posso afirmar, sem correr o risco de exagerar nem de cometer injustiças, que é um dos mais agradáveis filmes que conferi neste ano nos cinemas. Ele está no nível de adrenalina e suspense de “M3gan” (2022), a ficção científica do neozelandês Gerard Johnston, e empatado no quesito drama e melancolia com “EO” (IO: 2022), a mais recente produção do polonês Jerzy Skolimowski. A diferença é que o longa-metragem argentino é mais engraçado do que todos os outros títulos que vi nos últimos dois ou três anos. Talvez “El Duelo” só perca no que se refira à experiência cinematográfica e à qualidade a “Oppenheimer” (2023), blockbuster do inglês Christopher Nolan, e a “Os Banshees de Inisherin” (The Banshees of Inisherin: 2022), drama histórico do britânico Martin McDonagh que para mim merecia o Oscar de 2023. Aí, porém, a comparação fica injusta demais, né? Esses dois filmes são espetaculares!!!
Lançado em 12 de outubro nos cinemas argentinos, “El Duelo” é o segundo trabalho de Augusto Tejada na direção de longas-metragens. Formado em cinema pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e em atuação pela Escola de Teatro Agustín Alezzo, ele estreou ainda em 2023 com “El Asistente” (2023). Essa outra comédia dramática chegou de forma tímida no início do ano ao circuito comercial local, mas foi lançada com mais estardalhaço pelo Star+ pouco tempo depois. Antes disso, Tejada havia dirigido sete episódios da série “El Secretario” em 2020 na Amazon Prime e duas temporadas da série “Millenials” da Netflix em 2018 e 2019.
“El Duelo” é estrelado por duas figuras de destaque do cinema argentino contemporâneo: China Suárez, de “A Linha Vermelha do Destino” (El Hilo Rojo: 2016) e “Abzurdah” (2015), e Joaquín Furriel, de “O Filho Protegido” (El Hijo: 2019) e “O Patrão – Radiografia de Um Crime” (El Patrón, Radiografía de Um Crimen: 2014). A dupla de atores dá show de interpretação e potencializa a qualidade do filme de Augusto Tejada. O roteiro de “El Duelo” foi feito por Luciano Leyrado e Agustín Rolandelli. Da equipe técnica, merecem menção Gabriel Casacuberta, responsável pela excelente trilha sonora, e Federico Polleri, responsável pelas filmagens e fotografia. Fazer um longa de ação com perseguições, tiroteios e explosões não é uma tarefa normalmente fácil fora do universo hollywoodiano. E essa produção fez isso com tanta naturalidade que merece nossos rasgados elogios.
“El Duelo” começa mostrando o drama de Ernesto (interpretado por Joaquín Furriel). Ele é um homem preso a uma rotina entediante em Buenos Aires. Todos os dias, o portenho acorda às sete horas, enquanto a esposa continua dormindo. Depois do banho e de se vestir, toma um café rápido. Sai de casa apressado, cumprimenta o vizinho que rega o jardim e parte para o trabalho de ônibus. No escritório de importação e exportação, atura o chefe chato, o marasmo do relacionamento com os colegas e as tarefas burocráticas. Quando enfim retorna para casa à noite, Ernesto precisa encarar a indiferença da esposa, que prefere assistir televisão a conversar com ele. Quando vai se deitar, a mulher já está dormindo e não quer ser tocada em hipótese nenhuma.
A semana do protagonista do filme se passa nesse cotidiano sem emoção e sem prazeres. De tão acostumado que está com o ritual diário de frieza e desalento, Ernesto sequer nota que há algo de muito errado com sua vida. Isso até ele sofrer um trauma. Em um dia aparentemente normal, ele acorda às sete e vê a esposa dormindo. Toma banho, se veste e vai para a cozinha para o café da manhã. Contudo, dessa vez, ele derruba bebida na camisa. Para se limpar, volta ao banheiro, tira a roupa, lava a camisa na pia e se veste novamente. Só assim sai de casa. Aí cumprimenta o vizinho, que como sempre está no jardim regando as plantas, e parte para o ponto de ônibus. Ao fazer o movimento de consultar as horas, Ernesto repara que quando se vestiu pela segunda vez, esqueceu de colocar o relógio. Assim, volta para casa para pegar o item.
Para sua surpresa e infelicidade, ao chegar na residência, o rapaz ouve gemidos vindos do quarto. É a mulher transando com o vizinho, aquele mesmo do jardim. A dupla só o esperava sair de casa para se lançar em aventuras sexuais. Ao constatar que está sendo traído, Ernesto entra em depressão profunda. Viver não faz mais sentido e a única coisa que pensa é morrer. O problema é que ele, de tão banana que é, não tem coragem para tirar a própria vida de nenhuma maneira. Os planos de pular do prédio, ser atropelado, se enforcar e ser asfixiado pelo gás do forno não dão certo porque lhe falta coragem. Nem se suicidar ele consegue, o que o deixa ainda mais triste e angustiado.
Enquanto se embebeda em um bar, Ernesto é abordado por um homem que instantaneamente compreende seu drama. A sugestão do desconhecido é simples: contratar a Killing & CO, uma empresa clandestina de assassinos profissionais. O sujeito entrega um cartão com os contatos da companhia para que o marido traído mate a esposa ou o amante. Contudo, o protagonista de “El Duelo” tem outra ideia. Ele usará os serviços da Killing para encomendar a própria morte. Se não tem coragem para tirar sua vida, ele pode terceirizar a tarefa. Pronto. Seus problemas estão resolvidos, pensa satisfeito.
Assim, Ernesto espera o fim do expediente no escritório para acessar o site da tal empresa de assassinatos e encomendar sua morte. Quando os colegas e o patrão já foram embora e não há mais ninguém por perto, ele efetua o cadastro, faz a encomenda e realiza o pagamento online. Ingenuamente, o marido traído acha que em poucas horas um profissional da companhia clandestina será acionado. Mas não é assim que as coisas funcionam na Killing & CO. Ele recebe uma ligação dizendo que como fez a solicitação em uma sexta-feira à noite, precisará esperar até a segunda-feira de manhã para ser atendido. Até no mercado de mortes matadas há burocracia e respeito ao descanso semanal.
Um final de semana ainda?! É muito tempo! Ernesto se desespera só de imaginar que precisará passar mais dois dias e meio vivo. Sem ter o que fazer em relação ao trâmite da empresa contratada, apesar das reclamações que fez à companhia, ele se conforma em esperar. Para aproveitar a sexta-feira à noite, o sábado e o domingo, seus últimos momentos de existência, o rapaz usa o cartão de crédito da firma de importação e exportação e se hospeda em um hotel cinco estrelas de Buenos Aires. Se é para passar mais 60 horas, que seja em grande estilo.
Depois de se refrescar na banheira da suíte caríssima e de dar umas voltas pela capital argentina com um carrão importado que alugou com o cartão corporativo da sua empregadora, Ernesto vai ao bar do hotel para tomar algo. Lá, ele conhece por acaso Rita (China Suárez), uma estonteante personal trainer. Os dois engatam uma noite de sexo ardente e na manhã seguinte já estão apaixonados. Inicia-se, dessa maneira, um final de semana perfeito. O novo casal aproveita o sábado e o domingo para se divertir e se conhecer. Se a vida não fazia sentido para Ernesto até então, na companhia da linda e carinhosa Rita ela passa a valer a pena. E como!
Arrependido da contratação dos serviços da Killing & CO, o rapaz telefona, na segunda-feira de manhã, para cancelar a encomenda feita na sexta-feira à noite. Seu plano agora é viajar para a praia com Rita em uma espécie de lua de mel. Entretanto, a empresa informa que uma vez contratada uma morte, não dá mais para voltar atrás. Inclusive, o assassinato solicitado já deve estar prestes a ser realizado. Desesperado por não querer mais morrer, Ernesto é aconselhado pela atendente da Killing a contratar um novo serviço. Como ele não quer a realização da primeira encomenda, basta pagar pela morte do seu provável assassino. Se o profissional da segunda solicitação for mais rápido do que o da primeira, ele não terá problemas. Como essa é a única alternativa disponível, o protagonista do filme efetua a nova compra.
Dessa maneira, Ernesto precisará sobreviver nas próximas horas até que seu misterioso assassino seja morto pelo segundo contratado. Mas como fazer isso, se ele é um babaca e o inimigo é um profissional gabaritado? A resposta passa pela atuação destemida e impecável de Rita. Surpreendentemente, a moça demonstra possuir habilidades incomuns para uma personal trainer. Ela fará de tudo para ajudar o namorado a escapar da morte quase certa. O casal se une para evitar o fim precoce do romance. Ao mesmo tempo que precisam fugir do assassino da Killing & CO, Ernesto e Rita vão encarar segredos ocultos um do outro, que poderão colocar a relação deles em risco.
“El Duelo” possui aproximadamente 1 hora e 20 minutos de duração. O mais interessante desse filme é a mistura de gêneros cinematográficos. É até difícil classificá-lo com precisão. Ele pode ser descrito como uma comédia de ação, um thriller romântico, um drama com pitadas de nonsense, uma tragicomédia contemporânea, uma comédia romântica, uma aventura com muita ação ou um road story surreal. Sem exagerar muito, o longa-metragem pode ser visto até mesmo como um Faroeste Urbano (uma espécie de Western Spaghetti argentino –nesse caso poderíamos chamá-lo de Western Asado?!) ou uma sátira às tramas de espionagem. A mescla é tão bem-feita e com elementos que exploram a intertextualidade cinematográfica que por qualquer perspectiva que você encare esta produção, ela convence e encanta.
Dos elementos do roteiro, a primeira questão que quero comentar neste post do Bonas Histórias é o protagonista masculino melancólico, uma marca da literatura e do cinema argentino contemporâneo. Se pensarmos bem, trata-se de uma característica da sociedade local que abrange ambos os sexos. De tão recorrente nas produções artísticas, o homem que não vê graça na vida e carrega uma depressão profunda está presente nos enredos da novela “A Uruguaia” (e, por consequência, da sua versão cinematográfica homônima, “La Uruguaya”) e do filme “Puan”. Ou seja, dos três longas-metragens que assisti nos últimos dias, temos como características mais marcantes das suas personagens principais a amargura e a depressão. É assustador notar as semelhanças de Ernesto de “El Duelo”, Pereyra de “A Uruguaia” e Marcelo de “Puan”.
A coisa fica ainda mais aterrorizante quando analisamos outras obras culturais argentinas tanto atuais quanto clássicas. Os principais protagonistas de Julio Cortázar, por exemplo, eram homens melancólicos que carregavam uma profunda crise existencial. Ou Horacio Oliveira, a figura central de “O Jogo da Amarelinha” (Companhia das Letras), não é o tipo infeliz que não acha graça em nada da vida, hein? Claro que é. Podemos chegar a mesma conclusão ao analisarmos as personagens masculinas de “Não é um Rio” (Todavia), novela de 2020 de Selva Almada. Se pegarmos alguns títulos cinematográficos recentes, como “A Odisseia dos Tontos” (La Odisea de Los Giles: 2019), “Minha Obra-Prima” (Mi Obra Maestra: 2018) e "O Cidadão Ilustre" (El Ciudadano Ilustre: 2016), caímos na mesma dinâmica narrativa.
Já que estamos falando do protagonista masculino, vamos aprofundar o olhar também sobre a protagonista feminina. Se Ernesto não traz nenhuma novidade artístico-cultural (é o típico portenho comum que odeia a vida!), Rita, personagem de China Suárez, traz surpresas (e nuances) interessantes. Ela surge na tela como uma típica femme fatale (à la bond girl), capaz de seduzir os homens com enorme facilidade. Basta morder uma azeitona e eles estão aos seus pés.
Confesso que imediatamente pensei se tratar de um típico retrato feminino do cinema picaresco, mais comum nas telonas argentinas durante as décadas de 1970 e 1980, mas até pouco tempo presente em atrações televisivas popularescas. A sociedade local é, para quem não sabe, extremamente machista. Quem não se lembra dos papéis desempenhados pelas mulheres em “Rompeportones”, “Petardos” e “Dinamitados”, programas humorísticos de TV de enorme sucesso nos anos 1990 e 2000? Assisti-los hoje dá um frio na espinha (e gera uma enorme indignação tanto nos homens quanto nas mulheres).
Em outras palavras, imaginei que a presença de Rita fosse um mero artifício de sexualização feminina e de estereotipação da mulher. Porém, não podia estar mais enganado. A tal personal trainer se prova rapidamente mais do que um rostinho bonito (e um corpão maravilhoso). Ela é corajosa, inteligente e forte. De certa forma, Rita é o contraponto perfeito para o estilo bundão do novo namorado. Se Ernesto é um zero a esquerda e alvo fácil para o assassino contratado, ela é destemida e habilidosa ao ponto de salvar o amado dos perigos. Adorei ver esse empoderamento feminino, algo inimaginável para os roteiristas do cinema picaresco e das enquetes de Hugo Sofovich no Canal 9. Feministas do meu Brasil varonil, por favor, acalmem-se. Ainda há esperança de uma sociedade mais igualitária ao sul do Rio da Prata!
Já que falamos das personagens, Ernesto e Rita representaram profundas novidades para a carreira de Joaquín Furriel e China Suárez, respectivamente. A dupla está mais acostumada a dar vida a papéis mais densos e dramáticos na televisão e no cinema. Pelo que me lembre, eles nunca tinham atuado em uma produção cômica como “El Duelo”. E Furriel e Suárez estiveram ótimos como uma dupla de características tão opostas que precisa se unir para fugir da morte. Além da excelente química do casal (que levantou suspeitas na mídia fofoqueira argentina sobre um possível romance real entre os atores), eles foram impecáveis nas cenas de ação e nos momentos em que as fragilidades emocionais de suas personagens afloram. Nota-se que são artistas completos, que dominam como poucos os diferentes tons e situações da interpretação. Muito legal vê-los trabalhando ao melhor estilo Sr. e Sra. Smith.
O ponto alto de “El Duelo” está em seu roteiro recheado de reviravoltas e surpresas. É perceptível desde o início que a história foi construída com muita graça e inteligência. Os roteiristas Luciano Leyrado e Agustín Rolandelli produziram uma narrativa impecável que potencializa as cenas de ação, o humor, o romantismo do casal de protagonistas e a pegada nonsense da trama. Impossível a plateia não se divertir com o jogo surreal do cara que contrata um assassino para si e depois outro para eliminar o primeiro matador. Repare que para não estragar boa parte das surpresas do filme, ocultei detalhes importantes do roteiro de “El Duelo” nesse meu relato. Afinal, uma das diretrizes da coluna Cinema (e que sigo rigorosamente) é não dar spoiler. Portanto, a trama do longa-metragem é muito (e põe muito nisso) melhor do que eu descrevi aqui. Pode acreditar!
Também gostei do tipo do humor desta produção de Augusto Tejada. Temos quase sempre uma comédia inteligente e nem um pouco apelativa. A risada surge naturalmente das peripécias do casal yin-yang em sua aventura pela sobrevivência. Se você for cinéfilo e entender as referências entre os diferentes estilos cinematográficos emulados (comédia romântica, espionagem internacional, faroeste etc.), “El Duelo” se tornará com certeza ainda mais engraçado. Por falar nisso, raramente fico decepcionado com o humor dos filmes argentinos. Em um ranking internacional, a graça do cinema hermano fica em primeiríssimo lugar. Se é comédia e se for argentina, assista porque vale a pena!
Por fim, preciso elogiar mais três elementos deste filme: a ótima trilha sonora, as excelentes cenas de ação e a pegada de road story da narrativa. Além de gostar das canções de “El Duelo”, notei que Gabriel Casacuberta conseguiu fugir do convencional em muitos momentos. Ele foi extremamente feliz quando quebrou as regras sonoras ou as inverteu propositadamente. E o que é fugir do convencional?! É aplicar efeitos pouco comuns no cinema comercial. Por exemplo, no instante de retratar o auge da depressão de Ernesto, Casacuberta coloca uma música alta e animada (acho que rock). Para mostrar a felicidade e a explosão de sentimentos do protagonista, põe uma trilha mais calma, melancólica e instrumental. Ficou muito bom isso, sendo que o contrário seria o natural. Incrível!
O que podemos falar das cenas de ação de “El Duelo”, hein? Para mim, elas têm uma qualidade muito acima do seu orçamento. Esse fato prova que dá sim para se fazer cinema com excelência com pouca grana. Basta investir na competência técnica da equipe. Se é difícil fazer thrillers de ação com baixa verba, então tenha um time preparado para trazer as melhores soluções possíveis. Por essa perspectiva, posso assegurar que o trabalho de Federico Polleri, responsável pelas filmagens e pela fotografia, foi brilhante!
E a pegada de road story confere ainda mais charme e carisma à história de “El Duelo”. Depois de um passeio rápido por Buenos Aires, as personagens viajam pelo interior e pelo litoral argentino. Por consequência, os olhares do público acompanham a jornada dos protagonistas e do vilão pelo país. Quem disse que não dá para pegar estrada e conhecer vários lugares diferentes sem sair da sala de cinema?!
Esse filme é ao mesmo tempo leve, espirituoso e comovente. Será que ele tem algum defeito mais sério que me esqueci de falar? Sim, deve ter. O problema é que eu não encontrei nenhuma grande falha para apontar neste post da coluna Cinema. Peço desculpas para quem chega até o finalzinho do texto do Bonas Histórias só para ver minhas ponderações. Dessa vez vou ficar devendo, pessoal! De tão maravilhado que fiquei com a competência técnica da equipe comandada por Augusto Tejada (e, claro, com a beleza estonteante de China Suárez) que não consigo apontar um ponto negativo sequer de “El Duelo”. Se vocês acharem, por favor, me avisem.
Confira, a seguir, o trailer de “El Duelo” (2023):
O que você achou deste post e do conteúdo do Blog Bonas Histórias? Não se esqueça de deixar seu comentário. Se você é fã de filmes novos ou antigos e deseja saber mais notícias da sétima arte, clique em Cinema. E não deixe de nos acompanhar nas redes sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.