Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2006, o romancista turco será o autor analisado pelo Bonas Histórias nos próximos dois meses.
Começamos a sétima temporada do Desafio Literário, uma das colunas mais longevas e populares do Bonas Histórias, com um dos principais escritores da atualidade: Orhan Pamuk. O romancista turco é sucesso de público e de crítica há quase quatro décadas. Por isso, ele terá seu trabalho ficcional analisado aqui no blog nos próximos dois meses (abril e maio de 2021).
Para tal, vamos ler e comentar oito de seus livros mais importantes: “A Casa do Silêncio” (Companhia das Letras), “O Castelo Branco” (Companhia das Letras), “A Vida Nova” (Editorial Presença), “Meu Nome é Vermelho” (Companhia das Letras), “Neve” (Companhia das Letras), “Istambul - Memória e Cidade” (Companhia das Letras), “O Romancista Ingênuo e o Sentimental” (Companhia das Letras) e “Uma Sensação Estranha” (Companhia das Letras). A partir daí, teremos condições para encerrar o Desafio Literário deste bimestre com a construção de um panorama completo dos aspectos estilísticos e da trajetória pessoal e profissional de Pamuk.
Se você ainda não ficou totalmente motivado(a) a nos acompanhar neste estudo, talvez seja necessária a apresentação de uma pequena introdução sobre o autor que será analisado agora no Bonas Histórias. Vencedor de uma série de honrarias internacionais que culminou, em 2006, com a conquista do Prêmio Nobel de Literatura, Orhan Pamuk foi traduzido para meia centena de idiomas. Escritor mais lido na Turquia, ele também obteve grande êxito editorial na Europa e nos Estados Unidos, onde é best-seller há anos. Ou seja, estamos falando do principal nome da literatura turca da atualidade.
Nascido em junho de 1952 em Istambul, Orhan Pamuk tem como origem uma família de classe média da maior cidade turca. Seu pai era um engenheiro civil que acalentou na juventude o sonho de ser poeta. Apaixonado pela pintura desde criança, o futuro romancista sempre se imaginou atuando como pintor profissional. A família do pequeno Orhan estava convencida que quando o garoto tímido e introspectivo crescesse, ele trabalharia com a pintura ou com as artes plásticas. Contudo, quando abandonou, aos 22 anos, a faculdade de Arquitetura, na qual havia cursado três anos, Orhan Pamuk surpreendeu a todos (inclusive a si mesmo) ao resolver escrever um livro ficcional.
O resultado dessa primeira imersão na literatura é “O Senhor Cevdet e Seus Filhos” (em uma tradução livre pois essa obra, “Cevdet Bey ve Oğulları”, ainda não foi editada em português). Uma vez escrito o romance inicial, o novo desafio do jovem autor foi publicar seu texto. Até ver sua obra de estreia lançada, Orhan Pamuk precisou esperar alguns anos. Apenas em 1982, quando o escritor já havia se casado com a historiadora Aylin Turegen e já computava 30 anos de idade, “O Senhor Cevdet e Seus Filhos/ Cevdet Bey ve Oğulları” chegou às livrarias turcas. A receptividade do público foi bem tímida, apesar dos elogios da crítica e da conquista de alguns prêmios literários.
O primeiro sucesso comercial efetivo de Pamuk chegaria com a publicação, em 1983, do romance “A Casa do Silêncio”. Essa obra recebeu muitos elogios na Turquia e apresentou boa vendagem. Dois anos mais tarde, “O Castelo Branco”, romance de 1985, cairia nas graças da crítica literária do exterior e conquistaria importantes prêmios internacionais. A partir daí, Orhan Pamuk começou a produzir livros com narrativas mais sofisticadas e alinhadas com o que estava sendo desenvolvido pelos melhores autores da Europa e dos Estados Unidos. Em parte, os três anos em que ele viveu em Nova York, no final dos anos 1980, ajudaram-no nesse processo de amadurecimento literário.
A década de 1990 representou o auge de Pamuk na ficção. De volta à Istambul, ele lançou seus principais romances: “O Livro Negro” (Companhia das Letras), de 1990, “A Vida Nova”, de 1994, e “Meu Nome é Vermelho”, de 1998. Neste momento da história, o escritor turco não apenas se tornou o autor mais popular em seu país natal como se tornou um best-seller internacional. Além de acumular vários prêmios no exterior, Orhan Pamuk pavimentou seu caminho ao Nobel de Literatura, que não tardaria em chegar.
Nos anos 2000, vieram novos romances interessantes, como “Neve”, de 2002, e “O Museu da Inocência” (Companhia das Letras), de 2008. A novidade é que além do lançamento de narrativas ficcionais longas, Pamuk passou a escrever algumas obras não ficcionais. As mais importantes foram “Istambul - Memória e Cidade”, de 2003, livro de memórias, e “O Romancista Ingênuo e o Sentimental”, de 2010, coletânea de ensaios sobre o fazer literário.
Juntamente com o prestígio e a fama (aos olhos do mundo das letras, esse é um dos escritores mais originais e talentosos da literatura contemporânea), Orhan Pamuk também precisou aprender a conviver com as polêmicas. Bastante atuante politicamente, o autor sempre se posicionou contrário à violência ao povo curdo e ao autoritarismo do presidente (ou seria ditador?!) Recep Erdogan. Para quem não sabe, Erdogan é a versão turca de Jair Bolsonaro. O mandatário da Turquia está no poder desde 2003. Por causa de sua oposição ao atual governo de Istambul, Pamuk é alvo de processos na Justiça. Muitas vezes, o conteúdo de seus artigos críticos e de suas entrevistas que colocam o dedo nas feridas sociais de seus conterrâneos gera acaloradas discussões. Além disso, vira e mexe, Orhan Pamuk é vítima da ira dos extremistas de direita do seu país (ou você achava que essa turminha só existia no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, hein?).
Seu último romance traduzido para o português foi “Uma Sensação Estranha”. Esta obra foi lançada em 2014 na Turquia e chegou por aqui em 2017. De lá para cá, Pamuk publicou mais seis livros em turco: um romance, uma novela, um livro de memórias, uma coletânea de ensaios e crônicas e dois ensaios fotográficos.
Esta é uma pequena amostra do que o Bonas Histórias trará em abril e maio. Confira, a seguir, o cronograma integral de análises dos livros de Orhan Pamuk para as próximas oito semanas do Desafio Literário:
- 9 de abril de 2021 – “A Casa do Silêncio” (1983) – romance.
- 15 de abril de 2021 – “O Castelo Branco” (1985) – romance.
- 21 de abril de 2021 – “A Vida Nova” (1994) – romance.
- 27 de abril de 2021 – “Meu Nome é Vermelho” (1998) – romance.
- 3 de maio de 2021 – “Neve” (2002) – romance
- 9 de maio de 2021 – “Istambul - Memória e Cidade” (2003) – memórias.
- 15 de maio de 2021 – “O Romancista Ingênuo e o Sentimental” (2010) – ensaios literários.
- 21 de maio de 2021 – “Uma Sensação Estranha” (2014) – romance.
- 27 de maio de 2021 - Análise Literária de Orham Pamuk.
A nossa investigação sobre a produção literária de Orhan Pamuk começará efetivamente pelo segundo romance do turco, “A Casa do Silêncio” (Companhia das Letras). Esta obra marcou o primeiro sucesso do autor em seu país natal. O post relativo a “A Casa do Silêncio” estará disponível no Bonas Histórias na próxima sexta-feira, dia 9. Não perca. E boas leituras e um ótimo Desafio Literário de 2021 para todos!
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