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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Teoria Literária - MAER - Matriz Completa


Apresentação do Modelo de Análise Estilística de Romances - MAER

Na semana passada, apresentamos de maneira introdutória a proposta desta nova temporada da coluna Teoria Literária. Depois de abordarmos, no primeiro ano, os Conceitos Gerais da Análise Literária e, no segundo, os Elementos da Narrativa, vamos agora nos debruçar, nesta seção do Bonas Histórias, sobre o Modelo de Análise Estilística de Romances, também conhecido por MAER. No post da segunda-feira retrasada, inclusive, divulgamos o calendário completo dessa terceira temporada da coluna.


O Modelo de Análise Estilística de Romances é uma matriz que foi criada durante o Projeto de Iniciação Científica que realizei entre 2017 e 2018 no Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS). Com a orientação de Carina Adriele Duarte de Melo Figueiredo e de Terezinha Richartz Santana, a pesquisa acadêmica cujo título era “Análise Literária dos Romances de Rubem Fonseca - Investigando a Nova Literatura Brasileira” teve como fruto secundário justamente esse modelo analítico.


O MAER oferece ao analista literário, que estuda o estilo de um romancista, uma ferramenta objetiva e prática para guiar sua pesquisa. A matriz está ancorada nos conceitos da Teoria Literária, distanciando-se, portanto, das técnicas empíricas usadas pela Crítica Literária.


É sobre as particularidades conceituais e de aplicação do Modelo de Análise Estilística de Romances que vamos debater. A ideia é apresentar seu modelo, hoje, de maneira geral. Depois, ao longo dos próximos meses, vamos detalhar cada uma das partes de sua engrenagem.


De forma sucinta, o MAER está dividido em duas partes: nos seus onze elementos constituintes (primeira parte) e em seis etapas de pesquisa (segunda parte). Veja, a seguir, essa divisão na imagem esquemática que resume bem o processo:

Modelo de Análise Estilística de Romances - MAER

1) Onze Elementos Constituintes do MAER



É impossível um analista literário realizar uma pesquisa abrangente e completa sobre um romance ou sobre um conjunto de romances se ele não conhecer profundamente cada um dos elementos da narrativa ficcional. O que confere particularidade e especificidade ao estilo de cada autor é o jeito como cada um deles calibra os diferentes ingredientes do texto em seu trabalho artístico. Entender cada uma das partes da narrativa é o primeiro passo para se compreender o estilo literário de um escritor.


Portanto, não dá para alguém iniciar o uso prático do MAER se não tiver amplo domínio sobre os Onze Elementos da Narrativa. Esses conceitos serão amplamente utilizados nas etapas 3 (Análise Horizontal), 4 (Análise Vertical), 5 (Análise Transversal) e 6 (Conclusões do Estudo).


2) Cinco Etapas de Pesquisa do MAER


Uma vez que o analista literário compreendeu cada um dos Onze Elementos Constituintes do Modelo de Análise Estilística de Romance (que também pode ser chamado de Onze Elementos da Narrativa), ele pode começar, propriamente, a trabalhar com a matriz.


2.1 Etapa 1: Identificação do Tipo de Estudo


A primeira etapa da pesquisa é a Identificação do Tipo de Estudo. O MAER é, nunca é demais explicar, uma ferramenta exclusiva para a investigação do estilo literário dos romances e dos romancistas. A matriz foi desenvolvida para auxiliar aqueles que usam a Teoria Literária para identificar as particularidades dos trabalhos dos romancistas. Ponto final.


Assim, para saber se um estudo literário pode usar o Modelo de Análise Estilística de Romances como sua matriz investigativa é preciso responder a três questões: (1) tratar-se de uma pesquisa que tem como fundamento a Teoria Literária?; (2) trata-se de uma pesquisa sobre estilo literário?; e (3) trata-se de uma investigação que tem como foco os romances? Apenas no caso de três respostas positivas, o analista literário deve utilizar essa matriz como sua ferramenta de trabalho.


É verdade que o MAER até pode ser usado integral ou parcialmente em outros tipos de investigação literária, se o pesquisador responsável assim preferir. Porém, ele não foi desenvolvido para outras finalidades além de seu escopo original.


2.2 Etapa 2: Definições Estatísticas da Pesquisa


A segunda etapa do MAER é o estabelecimento quantitativo da pesquisa. Como estamos falando de um trabalho científico (relembrando: a Teoria Literária é, em uma definição rasteira, a área da literatura que visa estudar cientificamente os textos artísticos), é necessário ancorar estatisticamente o estudo a ser realizado.


Para tal, dois tipos de definições são obrigatórios: (1) o estabelecimento do censo ou da amostra (número de obras que deve ser selecionado para a pesquisa) e (2) a escolha da amostragem (como serão selecionados os romances de determinado autor que comporão a amostra).


Só depois da correta justificativa estatística das bases do seu trabalho, o analista pode seguir em frente em sua investigação literária.

Etapas do Modelo de Análise Estilística de Romances - MAER

2.3 Etapa 3: Análise Horizontal


Definidos a quantidade de obras que precisam ser analisadas (censo/amostra) e quais os critérios de seleção desses livros (amostragem), o pesquisador acadêmico pode iniciar o estudo propriamente dito dos materiais estabelecidos.


A Análise Horizontal, a terceira etapa do MAER, consiste em estudar cada obra isoladamente. Utilizando-se dos Onze Elementos da Narrativa, o analista literário deve definir um quadro esquemático com as características narrativas de cada título investigado. Ou seja, ele deve apontar conceitualmente os aspectos do enredo, da personagem, do espaço narrativo, do tempo narrativo, da ambientação, da realidade ficcional, do narrador, da linguagem, do discurso, da textualidade e da tipologia do livro 1. Depois, deve fazer o mesmo para o livro 2 (enredo, personagem, espaço narrativo, tempo narrativo, ambientação, realidade ficcional, narrador, linguagem, discurso, textualidade e tipologia dessa obra), para o livro 3, para o livro 4, etc.


2.4 Etapa 4: Análise Vertical


A quarta etapa do Modelo de Análise Estilística de Romances é a Análise Vertical. Uma vez feita a Análise Horizontal de todas as obras selecionadas para a pesquisa, o estudioso da Teoria Literária deve cruzar as descobertas feitas em busca de padrões. Assim, ele deve relacionar os diferentes romances do autor investigado com base em cada um dos Onze Elementos da Narrativa. Portanto, do ponto de vista do enredo, o que se descobriu sobre o livro 1, o livro 2, o livro 3, o livro 4, etc.? Do ponto de vista da personagem, o que dizem os livros 1, 2, 3, 4, etc.? O mesmo procedimento deve ser feito com os demais nove elementos da narrativa.


O objetivo da Etapa 4 é obter os padrões da narrativa de determinado romancista. Essas características surgem quando, na Análise Vertical, cada componente da narrativa é relacionado entre si.


2.5 Etapa 5: Análise Transversal


A quinta etapa do modelo é a Análise Transversal. Nessa fase da pesquisa, o analista literário deve excluir as características que são encontradas corriqueiramente em outras obras e nos estudos estilísticos de outros artistas. Assim, é preciso deletar as informações coletadas na Análise Horizontal e na Análise Vertical que sejam referentes mais ao gênero narrativo e/ou à escola literária. Busca-se, dessa forma, uma comparação mais abrangente do que aquela vinda apenas de dentro do portfólio artístico do autor analisado.


Para a descoberta do estilo literário de um escritor específico, o analista literário deve conhecer o trabalho dos demais autores. Só assim, ele poderá identificar o que realmente é particular e o que é algo corriqueiro em um texto ficcional ou em um conjunto de textos ficcionais. A Análise Transversal tem um caráter intertextual. Seu balizamento é a literatura como um todo.


2.6 Etapa 6: Conclusões do Estudo


A última etapa do MAER, chamada de Conclusões do Estudo, é apontar objetivamente os elementos narrativos comuns de um autor. Em outras palavras, é expressar qualitativa e quantitativamente os aspectos do estilo literário do romancista investigado.


Após a Análise Transversal, o analista literário tem totais condições para selecionar os aspectos congruentes do conjunto de romances do censo/amostra. As Conclusões do Estudo devem estar descriminadas em uma tabela informativa. Nesse quadro, deve-se apontar, além das características identificadas como padrões das narrativas do romancista, as obras onde elas são identificadas, os exemplos dessas evidências e o percentual de suas incidências. Dessa maneira, o Modelo de Análise Estilística de Romances estará finalizado.


Muito confuso isso tudo? Se você se sentiu assim, calma! Essa foi a apresentação genérica da matriz analítica. O MAER será detalhado aos poucos no Bonas Histórias. Mensalmente, voltarei a coluna Teoria Literária para explicar com mais profundidade cada um dos aspectos do modelo. Em julho, por exemplo, irei debater os Onze Elementos Constituintes do MAER. Em agosto, partirei para a Etapa 1 do Modelo de Análise Estilística de Romances, a Identificação do Tipo de Estudo.


Você é nosso(a) convidado(a) para continuar acompanhando o detalhamento do MAER. Seja-bem vindo(a) a nova temporada da Teoria Literária.


Que tal este post? Gostou do Blog Bonas Histórias? Seja o(a) primeiro(a) a deixar um comentário aqui. Para saber mais sobre esse tema, clique em Teoria Literária. E não se esqueça de curtir a página do Bonas Histórias no Facebook.

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