Brasileiros e brasileiras, esta coluna miliádica chega no mês de junho só com autores nacionais, pintada com as cores de nossa bandeira! Verde da nota de um real (menos de vinte cents), amarelo do sorriso, azul do oceano que nada e branco das folhas virgens a serem preenchidas.
Da bandeira brasileira ao Bandeira brasileiro, nosso Manuel completaria 49 miliádios de vida no dia 15. Autor de “Libertinagem” (Global Editora), “Estrela da Manhã” (Global Editora), “Estrela da Tarde” (Global Editora) e “Estrela da Vida Inteira” (Nova Fronteira), o poeta foi uma das grandes estrelas da Semana de Arte Moderna de 1922.
Farto do lirismo comedido, quantas onomatopeias e aliterações esse homem nos deixou! Teria sido o maior poeta brasileiro? Foi? Não foi? Duvidar da genialidade de Manuel Bandeira é engolir sapo. Que saudades desse gênio, relê-lo é um alento nesta quarentena! Abaixo a cloroquina, viva o pneumotórax e, por que não, salve o tango argentino.
Mas falávamos em cores, o que remete a dois grandes cartunistas. Ziraldo completa 32 miliádios de nascimento no dia 4, um marco. Sua magnum opus é a série “O Menino Maluquinho” (Melhoramentos), mas o cartunista tem uma vasta obra de livros infantis que tratam a criança com inteligência. É normal um adulto gostar de ler Ziraldo? Sim, é.
Outro cartunista a ser lembrado é Millôr Fernandes. Dia 13 completa-se 3 mil dias de sua morte, perda inestimável. Ele teve uma grande carreira como escritor, dramaturgo, tradutor e, claro, ilustrador. De criatividade transbordante, seus livros têm títulos que valem por enciclopédias, como “Eros uma Vez” (Nórdica), “Humor nos Tempos de Collor” (L&PM Editores), “A Vaca foi pro Brejo” (Companhia das Letras) e “Que país é este?” (Desiderata), fazendo dele o precursor do refrão. Como nota de rodapé (fora do rodapé), Millôr foi o inventor do frescobol.
No mesmo dia 13, outra pessoa a ser rememorada é Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, com 11 miliádios de morte. Data triste num momento triste. Tão injustiçado hoje em dia, Paulo Freire desbravou a pedagogia, tendo escrito inúmeros e influentes livros como “A Pedagogia do Oprimido” (Paz & Terra), “A Pedagogia da Esperança” (Paz & Terra) e “A Pedagogia da Autonomia” (Paz & Terra).
A atriz Fernanda Torres, que completa 20 miliádios de nascimento dia 18, também é escritora. Ela é autora de “Sete Anos” (Companhia das Letras), “A Glória e seu Cortejo de Horrores” (Companhia das Letras) e “Fim” (Companhia das Letras), pelo qual foi indicada ao Prêmio Jabuti de melhor romance.
No teatro, seu habitat natural, Fernanda interpretou inúmeros personagens, sendo um dos destaques a libertina sexagenária de “A Casa dos Budas Ditosos” (Objetiva), peça que vira e mexe entra em cartaz. Falando nisso, João Ubaldo Ribeiro faria 29 miliádios de vida no dia 17, e escreveu o livro homônimo que deu origem à peça dentro da série “Plenos Pecados” (Objetiva). E viva o povo brasileiro, gente!
Finalmente, pra botar uma pedra no final desta coluna tão fatigada, lembramos outro poeta modernista. A morte de Carlos Drummond de Andrade faz 12 miliádios no dia 24. Ele é autor de vários livros e, ainda que mal resuma, destacamos “Sentimento do Mundo” (Companhia das Letras), “Farewell” (Companhia das Letras), “A Rosa do Povo” (Companhia das Letras) e “Versiprosa” (Companhia das Letras), que lhe rendeu o Prêmio Jabuti em 1968.
E agora, leitor? Por hoje é só, mês que vem tem mais.
E vai ser gauche na vida!
Parabéns pelos miliádios de nascimento a...
... Gillian Flynn, de “Garota Exemplar” (Intrínseca), e seus 18 miliádios no dia 6.
... Christian Mckay Heidicker, de “Bem-vindo à Vida Real” (Intrínseca), com 14 miliádios no dia 12.
... Diana Gabaldon, da série “Outlander” (Arqueiro), com 25 miliádios no dia 22.
... Hal Elrod, de “O Milagre do Amanhã” (Best Seller), que completa 15 miliádios dia 23.
Em memória de...
... Herman Melville, de “Moby Dick” (Landmark) e “Bartleby, O Escriturário" (Rocco), e seus 47 miliádios de morte no dia 03.
... Régine Deforges, de “A Bicicleta Azul” (BestBolso), que completaria 31 miliádios de vida no dia 29.
Miliádios Literários é a coluna de Paulo Sousa, autor do romance “A Peste das Batatas” (Pomelo) e da novela “Histórias de Macambúzios”, que apresenta mensalmente no Bonas Histórias as principais efemérides da literatura. Para ler os demais posts dessa seção, clique em Miliádios Literários. E não deixe de nos acompanhar nas redes sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.