Em meio a cenários tão difíceis para a saúde pública, para a economia e para a cultura no Brasil (em especial para o mercado editorial, conforme apresentei, na última quarta-feira, no post “Crise sem fim ganha agora contornos apocalípticos”), trago, hoje, ao menos uma boa notícia. O Museu da Língua Portuguesa deverá ser reinaugurado no segundo semestre de 2020. Fechado desde dezembro de 2015 por causa de um incêndio que destruiu boa parte de seu prédio no bairro da Luz, na cidade de São Paulo, o museu precisou ser inteiramente reformado. As obras de reconstrução e recuperação arquitetônica duraram quatro anos e terminaram em dezembro do ano passado. Agora, o governo do Estado de São Paulo aguarda o desfecho do edital para a seleção da organização que cuidará da gestão do espaço. Uma vez definido o operador, o centro cultural abrirá novamente suas portas.
Vale a pena destacar que o acervo do Museu da Língua Portuguesa, que sempre foi inteiramente digital, ficou a salvo do incêndio. Por isso, exposições itinerantes com seus materiais foram realizadas nos últimos anos tanto no Brasil quanto no exterior. Dessa forma, o museu não perdeu inteiramente seu vínculo com o público. Porém, a volta à casa própria, uma construção histórica e belíssima no centro de São Paulo, deverá intensificar as visitações. Com a proposta de conectar o público lusófono às particularidades do seu idioma natal, como a origem, a história, a cultura, as influências, os detalhes do cotidiano e as diferenças regionais, o Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado em 2006.
Em sua primeira década de vida, o local foi visitado por mais de quatro milhões de pessoas. Não à toa, o museu se transformou em ponto turístico da capital paulista. Com exposições modernas, divertidas, inteligentes e lúdicas, o espaço virou parada obrigatória para os apaixonados pelo universo das letras. Além disso, o sucesso foi tão grande que o Museu da Língua Portuguesa se tornou um dos museus mais visitados da cidade de São Paulo (a frente, por exemplo, do MASP). Exatamente por isso, a comoção pela destruição do prédio e seu fechamento no finalzinho de 2015 chocou tanto.
A reinauguração do Museu da Língua Portuguesa tinha sido agendada inicialmente para 27 de junho. A ideia era reabri-lo com entrada gratuita em um sábado. Assim, uma multidão poderia saudar a volta da operação do espaço tão querido pela população. Contudo, com a confusão provocada pelo surto de coronavírus e pela quarentena decretada em boa parte do Brasil (e do mundo), os planos da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo foram completamente alterados. Agora, a previsão é que a reinauguração fique para o segundo semestre (ainda sem data definida). Não será surpresa se em um primeiro momento, dependendo das orientações dos responsáveis pela saúde pública, o fluxo de visitações fique restrito (aí a ideia de entrada franca deve ir por água abaixo). É uma pena, mas fazer o quê? Ao menos a parte mais difícil dessa história do Museu da Língua Portuguesa já passou (ele foi reconstruído e estará em poucas semanas prontinho, prontinho para operar).
Para sua breve reabertura, algumas novidades estão previstas. A primeira é que haverá um acesso direto da Estação da Luz da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ao museu. Esse é um pedido antigo dos visitantes do espaço que padeciam por circular em uma das regiões mais degradadas e perigosas da capital paulista. Assaltos eram frequentes nas ruas do entorno do museu, o que atormentava aqueles que faziam o trajeto entre a estação de trem e o centro cultural (e vice-versa). Com o novo acesso, a esperança é que os visitantes tenham mais segurança na chegada e na saída. Ufa!
Outra atração aguardada é a inauguração de um café a céu aberto no alto do prédio do Museu da Língua Portuguesa. Além de vender comes e bebes aos visitantes, o local promete propiciar uma vista de tirar o fôlego para o Parque da Luz e para a Pinacoteca. Não será surpresa nenhuma se o café do museu se tornar um dos pedacinhos mais disputados pelo público (assim como aconteceu com o Café Terraço, localizado no último andar do Sesc Avenida Paulista, comentado no ano passado na coluna Gastronomia do Bonas Histórias).
Para os interessados no acervo do Museu da Língua Portuguesa, a boa notícia é que as principais exposições fixas serão mantidas. “Palavras Cruzadas” e “Praça da Língua”, por exemplo, seguirão como antes. Ao lado delas, haverá exposições inéditas e sazonais. As primeiras serão: “Línguas do Mundo”, apanhado sobre as mais de 7 mil línguas faladas ainda hoje no planeta; “Falares”, apresentação das diferenças regionais de sotaques e de expressões da língua portuguesa em nosso país; e “Nós da Língua Portuguesa”, mergulho sobre a diversidade da língua portuguesa e a riqueza cultural nos países lusófonos.
Em meio ao caos social que estamos vivendo nesses dias, pelo menos uma boa notícia no campo cultural, hein? Prometo avisar a todos quando o Museu da Língua Portuguesa tiver uma nova data de reabertura. Além disso, espero estar lá quando suas portas estiverem oficialmente abertas. Na certa, esse passeio valerá mais um post para o Bonas Histórias. Aguardem!
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