No mês passado, demos o pontapé inicial desta primeira temporada da coluna Teoria Literária ao discorrermos sobre o que é uma análise literária. Hoje, vamos dar sequência, aqui no Bonas Histórias, ao debate sobre a Análise Literária. Neste post quero falar sobre os tipos de análise literária.
De acordo com a tipologia, existem duas formas de classificação da análise literária. A primeira leva em consideração a abrangência do trabalho realizado pelo analista e o nível de profundidade do seu estudo (MOISÉS, 2014: p. 44). A segunda, por sua vez, considera o objeto investigativo, definindo o que será avaliado (TODOROV, 2013, p. 87). Vamos comentar, a seguir, estes dois tipos de análise.
1 - Quais são as classificações segundo a abrangência do trabalho?
Em relação à abrangência do estudo, o analista literário pode analisar um texto de duas formas diferentes: submetendo apenas uma parte da obra ao seu crivo ou considerando a totalidade dela. No primeiro caso, temos a análise microscópica, também chamada de microestrutura literária. No segundo caso, temos a análise macroscópica, ou macroestrutura literária (MOISÉS, 2014: p. 44).
O primeiro tipo caracteriza-se pelo estudo de partes específicas ou de elementos particulares do texto analisado. Na análise microscópica, a atenção do pesquisador converge principalmente às minúcias da obra. Por exemplo, se o analista quer investigar apenas um conto dentro de um livro ou pretende estudar o papel do herói em determinado romance, temos, nestes casos, análises microestruturais.
A análise microscópica é naturalmente mais profunda e menos ampla. Ao concentrar sua atenção em determinado ponto do texto ou em um elemento específico da narrativa, o analista pode mergulhar em sua investigação, trazendo muito mais conclusões e interpretações a respeito daquele assunto.
A análise macroscópica, por sua vez, é caracterizada pelo estudo da totalidade do texto (ou dos textos) e da investigação do maior número possível de elementos narrativos ali presentes. Assim, sua preocupação essencial está na estrutura geral da obra e não no detalhamento de suas pequenas partes. Quando o analista quer investigar o perfil psicológico das personagens de um autor determinado ou pretende estudar os elementos narrativos de um romance específico, ele está fazendo uma análise macroestrutural.
Obviamente, ao considerar uma grande parte do texto, a totalidade de uma obra, o portfólio literário de certo autor ou o conjunto artístico de um grupo de escritores, o analista abre mão da profundidade da investigação em nome do maior escopo do estudo. A análise macroscópica se preocupa com a macroestrutura literária, desprezando, portanto, os detalhes e os pormenores presentes em pequenos trechos textuais.
Desta forma, uma das primeiras decisões que o analista literário deve tomar em relação ao seu estudo é a respeito da abrangência do trabalho que será realizado. Sua análise será do tipo microestrutural ou macroestrutural?
2 - Quais são as classificações segundo o objeto de trabalho?
Em relação ao objeto de estudo, a análise literária possui três caminhos diferentes que podem ser percorridos pelo analista durante sua investigação. As três frentes de trabalho são o estudo da sintaxe narrativa, o estudo temático e o estudo retórico (TODOROV, 2013, p. 87).
O ideal é o analista escolher uma dessas possibilidades antes de começar seu estudo. A necessidade de escolha se faz obrigatória porque cada uma delas investiga algo totalmente distinto. O estudo da sintaxe narrativa aborda os elementos narrativos presentes no texto literário. Já o estudo temático volta-se para os assuntos tratados na trama ficcional. E, por fim, o estudo retórico trabalha o sentido das palavras e do texto (TODOROV, 2013, p. 87).
Ou seja, a escolha do que será analisado em um texto ajuda o analista a concentrar sua atenção exclusivamente naquilo que julga ser mais importante no momento. É quase impossível (no melhor dos casos, é extremamente dispendioso) realizar uma análise completa e profunda sem uma definição de qual dos três caminhos seguir. Na maioria das vezes, a falta de uma precisão de qual aspecto estudar, acaba tornando o projeto incompleto e com pouca profundidade conceitual.
Bibliografia:
MOISÉS, Massaud. A Análise Literária. 19a ed. São Paulo: Cultrix, 2014.
TODOROV, Tzvetan. As Estruturas Narrativas. 5a ed., Coleção Debates, São Paulo: Perspectiva, 2013.
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