"O Alquimista" (Planeta) é o livro de maior sucesso internacional produzido por um escritor brasileiro. A obra de Paulo Coelho, publicada originalmente em 1988, teve mais de 80 milhões de unidades vendidas. Ela foi traduzida para mais de 60 línguas, sendo um best-seller mundial.
Esta é a história de um jovem espanhol, pastor de ovelhas chamado Santiago. Após sonhar pela segunda vez com um tesouro guardado no Egito, ele resolveu procurar uma cigana com poderes de vidência. A mulher afirmou que a missão de vida do rapaz seria seguir até as pirâmides egípcias e encontrar o tesouro. Mais tarde, este mesmo presságio seria dito por um senhor que se declarava um rei místico. O velho homem incentivou Santiago a seguir seu destino e descobrir o tesouro que o esperava, dando-lhe também vários conselhos sábios. Empolgado, o pastor vendeu suas ovelhas e partiu em viagem para o Egito com todo o dinheiro que havia ganhado em sua vida inteira. Apesar de amar sua terra e sua profissão como pastor, ele precisa ir em busca do seu sonho.
Contudo, na primeira cidade africana visitada, Santiago foi roubado, perdendo todo o seu dinheiro. Este foi o primeiro infortúnio de muitos que viriam mais a frente que atrapalharia sua viagem. Mantendo a força de vontade e a esperança de encontrar seu tesouro, Santiago não desistiu do seu sonho, por mais difícil que ele se parecesse em muitas oportunidades. Durante a trajetória até o Egito, o pastor conheceu muita gente: o dono de uma loja de cristais, um inglês que seguia em caravana pelo deserto, um alquimista com grande sabedoria, uma moça que buscava água em um poço, um monge em um monastério e guerreiros muçulmanos. Quem mais ajudou Santiago foi o alquimista. O misterioso homem transmitiu os conhecimentos necessários para o pastor seguir em frente em sua jornada.
"O Alquimista" é um livro curto (tem pouco mais de 100 páginas) e de uma temática simples. Admito que gostei de seu conteúdo (por mais que chovam pedras em cima de quem fale algo do tipo). Paulo Coelho se baseou em uma antiga lenda britânica chamada "O Mascate de Swaffham" para construir uma trama de caráter universal e filosófica. O autor usa e abusa de elementos religiosos e mágicos (se não fizesse isto, não seria Paulo Coelho).
A história do pastor Santiago é uma parábola com o objetivo de transmitir lições de sabedoria e moral aos leitores. Os ensinamentos éticos e filosóficos, neste caso, são transmitidos por uma prosa metafórica recheada de simbologia. Assim, este livro se parece, por exemplo, com "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry e com o "Conto da Ilha Desconhecida" de José Saramago. Repare que não estou comparando a qualidade literária das obras e dos autores (evidentemente, Saint-Exupéry e Saramago foram muito mais brilhantes do que Coelho), apenas estou comparando as obras de mesmo gênero narrativo.
Por ser uma parábola, é óbvio que a linguagem é simples e as situações vividas pelas personagens são corriqueiras e universais. Vejo muito gente criticando a simplicidade da trama desta obra de Paulo Coelho não compreendendo que se trata de uma característica deste tipo de narrativa. Além disso, a própria essência das parábolas é conferir ensinamentos existenciais para os leitores. Portanto, não faz sentido rotular depreciativamente "O Alquimista" como sendo uma "história banal de autoajuda". Se assim fosse, teríamos que falar o mesmo do "O Pequeno Príncipe" e do "Conto da Ilha Desconhecida".
"O Alquimista" é um livro gostoso de ler e com uma mensagem muito interessante. Não é à toa que tenha conquistado tantos admiradores no mundo todo. Li a obra de uma só vez em uma única noite (em pouco mais de quatro horas é possível concluí-la). Por mais que pareçam óbvios e por mais que caminhem para o lugar comum, os ensinamentos passados por esta publicação são nobres. Admito que não gosto de livros de autoajuda, mas acho interesse as parábolas. Apesar de possuir um conteúdo fortemente religioso (algo que me faz sempre ficar com um pé atrás), "O Alquimista" de uma maneira geral é mais uma obra inspiradora do que dogmática.
Gostei mais de "O Alquimista" do que de "O Diário de Um Mago". Ao passar para a ficção suas crenças e sua visão de mundo, Paulo Coelho foi mais feliz do que quando tentou transmiti-las através de uma história autobiográfica. As magias, o sobrenatural, a religiosidade cristã, a fé e o transcendental combinam muito mais com as parábolas do que com as descrições pessoais de uma viagem.
"O Alquimista" foi considerado, em 1994, um dos melhores livros pela National Library Association (EUA), foi indicado ao prêmio da publicação do ano pela Elle (França) e considerado a obra do ano pelo Sidney Morning Herald (Austrália). A história do pastor Santiago alcançou o topo da lista dos livros mais vendidos nos Estados Unidos, México, Argentina, Canadá, França e Austrália. Como isso tudo seria possível se não fosse uma boa trama? Juro que não consigo entender quem critica negativamente esta obra e seu autor!
O Desafio Literário de setembro prossegue, no dia 16, com a análise do romance "Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei" (Rocco). Esta obra de Paulo Coelho foi publicada em 1994. Acompanhe as próximas etapas do estudo da literatura do escritor brasileiro de maior sucesso internacional no Blog Bonas Histórias. Até a próxima!
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