Nesta sábado à noite, fui ao teatro João Caetano, na Vila Mariana, para assistir aos espetáculos da Raça Cia de Dança de São Paulo. A Raça é um dos mais tradicionais grupos de dança da cidade, especializado em Jazz e Dança Contemporânea. Com mais de três décadas de existência, a companhia da Vila Maria fundada por Roseli Rodrigues mostra-se, mais uma vez, revigorada e recheada de novos talentos.
Nos espetáculos desse sábado, a plateia que lotou o aconchegante teatro pode conferir “Traços e Linhas”, “A Flor da Pele” e “Cartas Brasileiras”, três obras do repertório da companhia. Enquanto “Cartas Brasileiras” é uma criação da própria Roseli, “Traços e Linhas” e “A Flor da Pele” são de autoria de Jhean Allex, diretor artístico responsável por estas produções. A direção geral ficou a cargo de Renan Rodrigues.
Ao longo de uma hora e meia de apresentações (com 10 minutos de intervalo), 12 dançarinos (6 mulheres e 6 rapazes) revezaram-se no palco. Achei as apresentações e as atuações de todos os dançarinos incríveis. É difícil apontar qual espetáculo, qual cena e quem se destacou mais no palco. A sensação que tive é que o público saiu extasiado do teatro, tamanho foi o esplendor de imagem, música e ação que passou pelos olhos de todos. O mais interessante, em minha opinião, não foram a coreografia primorosa, a ótima execução dos dançarinos em cena, o bom efeito de luz e a música marcante. Não! O que me deixou mais impressionado foi a combinação harmônica desses elementos em uma apresentação ao mesmo tempo leve e profunda. A simplicidade da interpretação dos dançarinos contrasta com as dificuldades de movimentos exigidos e com a profundida temática dos enredos.
“Traços e Linhas” teve uma pegada mais moderna e contemporânea. Com meia hora de duração, essa foi talvez a apresentação mais marcante. A música instigante e as cenas com grande número de dançarinos (o palco sempre estava cheio) foi um ótimo cartão de visita.
Depois veio “Flor da Pele”, com vinte minutos de duração. Essa foi uma apresentação mais sensual e ritmada. Aqui os dançarinos tiveram que demonstrar a técnica corporal aliada ao erotismo dos seus corpos. Como essa apresentação tinha um público mais família, as moças dançaram inteiramente vestidas (normalmente elas se apresentam seminuas, de seios à mostra).
Para terminar, “Cartas Brasileiras” foi a expressão da musicalidade e da expressividade do cotidiano nacional. Em meia hora de duração, os dançarinos se revezaram em pares, trios, casais e pequenos grupos para interpretar alguns gêneros musicais típicos do nosso país. Assim, foi possível ver adaptações de bossa nova e samba, por exemplo, à Dança Contemporânea. Com menos gente no palco, deu para notar com mais detalhes a técnica apurada de cada um dos dançarinos. Não é errado afirma que todos estiveram ótimos.
Gostei muito de conhecer mais de perto o trabalho da Raça Cia. Para os interessados, esses espetáculos são gratuitos e acontecem nas próximas semanas em alguns teatros da cidade. Como a Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo está apoiando o grupo, essas apresentações não estão reservadas para um único local. A proposta itinerante permite que mais pessoas conheçam a Raça Cia. Além do teatro João Caetano (Zona Sul), há apresentações agendadas para o teatro Alfredo Mesquita (Zona Norte) e Martins Penna (Zona Leste). “Traços e Linhas”, “A Flor da Pele” e “Cartas brasileiras” também farão parte da 12ª Virada Cultural da cidade de São Paulo, que acontecerá na próxima semana. Quem estiver procurando algo diferente para ver e gostar de dança, fica aqui a dica.
Veja um trecho deste espetáculo:
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