Um dos livros que mais gostei de ter lido na minha adolescência foi "Febre de Bola" (Companhia das Letras) de Nick Hornby. Nesta autobiografia publicada inicialmente em 1992, o autor inglês narra sua experiência como torcedor do Arsenal. Filho de pais separados, Nick tinha pouco contato com o pai e nenhuma afinidade com ele em sua juventude. Isso durou até o garoto ser levado pela primeira vez ao estádio para ver a equipe vermelha de Londres. O amor pelo time foi imediato, assim como a construção de uma intimidade com o pai, que duraria para sempre. Nick Hornby conta no livro as principais partidas que assistiu e as maiores emoções vivenciadas nas arquibancadas, em uma época aonde ir a um estádio de futebol na Inglaterra era coisa de maluco.
Estou contado esta história porque nesta semana assisti ao filme "Febre de Bola" (Fever Pitch: 1997), adaptação ao cinema do livro de estreia de Hornby no mercado editorial. O longa-metragem inglês contou com a participação do próprio autor na produção do roteiro. Dirigido por David Evans e estrelado por Colin Firth, um dos principais atores ingleses na década de 1990, o filme não teve grande êxito comercial.
Nesta adaptação, conhecemos Paul Ashworth (interpretado por Colin Firth), um professor de literatura trintão. Ele vive como se fosse um adolescente, o que o torna muito popular e querido entre os alunos na escola onde trabalha. Fanático por futebol, a vida de Paul gira em torno do seu time do coração. Ele viaja pela Inglaterra para acompanhar sua equipe e não mede esforços para estar ligado à paixão pelo futebol.
Este estilo de vida se torna um problema quando o professor começa a namorar Sarah Hughes (interpretada por Ruth Gemmell), uma colega sua na escola. Sarah odeia futebol e tudo o que é relacionado a este esporte. A moça não aceita o que considera uma grande infantilidade do namorado, podando sua paixão pelo esporte mais popular do mundo. Aí, Paul precisará se decidir por um dos seus amores: a namorada ou o time do coração. Pelo visto, com os dois, o professor não poderá ficar.
O roteiro do filme é interessante - tanto que em 2005, esta trama serviu de inspiração para um filme hollywoodiano chamado "Amor em Jogo" (Fever Pitch: 2005) em que o foco da paixão do protagonista era o baseball e não o futebol. Porém, não gostei da execução do filme. O longa-metragem inglês se arrasta interminavelmente por falta de ação, algo que não acontece no livro. Além disso, a tentativa de recriação do ambiente dos estádios de futebol não foi exitosa (algo que o livro consegue fazer de maneira magistral). Sem este elemento, o filme perde grande parte de sua graça e charme.
Você pode alegar que um fã do livro normalmente tem dificuldades de apreciar a versão cinematográfica da sua obra literária favorita. Ok. Concordo com este ponto de vista. Entretanto, ressalto, o filme é mesmo muito fraco. Ele não tem emoção e os personagens são apagados. Você não torce por Paul, nem acha graça nas desavenças dele com Sarah. Tudo ali é um pouco deprimente. Talvez, o que mais estranhei, além da falta de uma emoção verdadeiramente futebolística, é a ausência do humor negro (inglês) de Nick Hornby. Seu roteiro não conseguiu captar esta essência do livro, que era muito bem-humorado.
Com 102 minutos, "Febre de Bola" cansa o expectador antes de completar meia hora. Sinceramente, não aconselho sua visualização. Se você quiser conhecer mais sobre essa história, vá até o livro. Ele é muuuuuuuuuuito melhor.
Veja o trailer deste longa-metragem:
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