Este é um livro leve e engraçado. Meio despretensioso, "Ninguém transa às terças-feiras" (Bertrand Brasil) é a primeira obra publicada de Tracy Bloom, uma inglesa que se mudou para os Estados Unidos e, partir daí, começou a escrever. E logo de cara, ela acertou a mão. Seu livro de estreia chegou ao topo da lista de e-books mais vendidos no Reino Unido em 2013. Agora ele foi lançando aqui no Brasil.
Em "Ninguém transa às terças-feiras", conhecemos o casal Katy e Matthew. Eles namoraram desde a época da adolescência e seguiram com o relacionamento durante a fase universitária. Contudo, depois de flagrar o namorado em um ato de traição, Katy resolveu terminar com o namoro. Passados dezoito anos deste episódio, Katy e Matthew voltam a se encontrar em uma festa de comemoração dos formados da antiga escola. Depois de beberem bastante e recordarem os bons momentos do passado, os dois acabam novamente na cama. Ao acordarem, no dia seguinte, resolvem não mais se ver. Afinal, a vida de cada um seguiu um rumo diferente e aquela noite não devia representar nada de mais para nenhum deles.
O que era para ser uma simples transa acaba trazendo consequências impensadas para a dupla. Katy fica grávida. O problema é que Matthew é casado e sua esposa está grávida de gêmeos. E Katy tem um relacionamento com um rapaz oito anos mais jovem. Ou seja, os dois são comprometidos e não podem ficar juntos. Eles se encontram novamente em um curso para gestantes. Katy e a esposa de Matthew se tornam colegas no curso e amigas fora dele.
Aí começam as maiores dificuldades dos ex-namorados. Por mais que Katy e Matthew tentam esconder seu antigo relacionamento e a pulada de cerca na festa da escola, seus parceiros teimam em descobrir seus segredos. Katy fica dividida como jamais esteve. Ela deve ficar com Matthew, seu primeiro amor, ou deve permanecer com Ben, seu jovem namorado que demonstra grande imaturidade e total despreparo para ser pai? Junto com esta dúvida, a heroína desta história não sabe quem é o verdadeiro pai do seu bebê: seria Matthew ou Ben?
A sensação de ler "Ninguém transa às terças-feiras" é igual ao de assistir filmes da Sessão da Tarde. O humor e as confusões da trama são contagiantes. Os personagens desajustados e as cenas nonsense conferem graça e leveza à obra. Contudo, ela não passa disso. Quem deseja uma leitura de mais conteúdo e profundidade, fique longe deste tipo de publicação. Este é aquele livro engraçadinho para ser lido em um domingo à tarde, quando nada mais de interessante nos é reservado.
O principal aspecto desta obra é retratar com bom humor as dificuldades dos relacionamentos modernos entre homens e mulheres depois dos trinta anos. Enquanto todos os personagens com mais de trinta anos da trama parecem um tanto desconectados da realidade e completamente perdidos em suas vidas recheadas de obrigações e de afazeres, os mais jovens parecem inconsequentes e imaturos. O único personagem centrado e ciente do que fazer é o amigo homossexual de Katy. Isto é, até a amiga entrar em trabalho de parto. Precisando acudi-la, nesta hora o amigo gay se perde completamente, demonstrando seu despreparo para lidar com esta situação.
Esta comédia romântica é engraçada pelas situações inusitadas, pelos personagens desajustados e pelos diálogos ácidos. "Ninguém transa às terças-feiras" é uma mistura de personagens ao estilo de Nick Hornby, de narrativa com o DNA de Romain Puértolas, da inocência dramática de John Green e de romance ao estilo de Gayle Forman.
É possível ler este livro em um final de semana. Tracy Bloom mostra com esta sua primeira obra que tem potencial para ser uma boa escritora de publicações de entretenimento leves e divertidas.
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