A vida dos chefes de cozinha tem se tornado um interessante enredo das produções cinematográficas nos últimos anos. Ano passado, a surpresa positiva ficou com a comédia dramática "Chef" (Chef: 2014), filme dirigido e estrelado por Jon Favreau. Este ano, o melhor longa-metragem com esta temática é "Pegando Fogo" (Burnt: 2015). Dirigido por John Wells, diretor especializado em séries televisivas, e com Bradley Cooper no papel principal, de "Sniper Americano" (American Sniper: 2015), "O Lado Bom da Vida" (Silver Linings Playbook: 2012) e da série de filmes "Se Beber, Não Case" (The Hangover), "Pegando Fogo" chegou neste final de ano aos cinemas nacionais.
A história deste longa-metragem é sobre o talentoso (e polêmico) chefe de cozinha Adam Jones (Bradley Cooper). Depois de passar anos em Paris, onde conseguiu alcançar a fama e o sucesso profissional, recebendo duas estrelas do Guia Michelin, Adam agora se encontra em uma nova fase de sua carreira. Afastado da culinária por causa dos problemas com drogas, bebidas e dívidas contraídas no tempo em que vivia na capital francesa, ele agora tenta recomeçar sua vida do zero em Londres. Sonhando em conquistar a terceira e última estrela do Guia Michelin, Adam passa a comandar a cozinha do restaurante do amigo Tony (Daniel Brühl). Para ajudá-lo na empreitada, o chefe convoca antigos colegas e a novata Helene (Sienna Miller) para formar sua equipe na nova cozinha.
Em "Pegando Fogo", vemos o lado não tão glamoroso da profissão de chefe de cozinha. Para conseguir algum destaque, é necessário chegar às cinco horas da manhã no mercado municipal para comprar alimentos frescos. Depois, a jornada à frente do fogão vai da manhãzinha até tarde da noite. No meio de tanto trabalho, ainda há espaço para intrigas, brigas e puxadas de tapete. Não é fácil lidar com grandes equipes, assim como não é nada fácil lidar com a arrogância e o ego inflado dos principais profissionais. Este é o principal mérito do filme: retratar com acidez e com cores pejorativas o dia a dia dos cozinheiros da alta gastronomia. O filme também aborda a obseção de Adam em conseguir sua terceira estrela da Michelin. Não há nada mais importante no mundo, para o personagem principal da trama, do que conquistar a avaliação máxima da crítica especializada.
O longo-metragem é apresentado à plateia como sendo uma comédia dramática. Porém, ele está muito mais para o drama do que para a comédia. Também não imagine que só porque Bradley Cooper esteja no filme que a produção de Jon Favreau seja uma comédia-romântica. Nada disso! Apesar de umas pitadas de romantismo em uma ou em outra cena isoladamente, o chefe de um restaurante três estrelas nem tem muito tempo para a vida sentimental.
Gostei do filme. O personagem principal é ao mesmo tempo o herói da história, mas tem muitos elementos de vilão. Alguns chamam esta característica de anti-herói. Sua arrogância e a forma como trata os colegas na cozinha do restaurante são questionáveis. Apesar de aprontar tudo em prol do seu objetivo, passando por cima de tudo e de todos, ainda assim não conseguimos torcer contra Adam Jones.
O ponto negativo do filme está em não explicar, em sua totalidade, o passado do chefe em Paris. Ficamos sabendo, de maneira parcial, o que aconteceu com ele em sua passagem pela capital francesa. Entretanto, não há uma preocupação da narrativa em explicar em detalhes o que originou os principais problemas de Adam Jones. Por exemplo, da onde vem a dívida que ele possui? Por que ele é tão odiado pelo cozinheiro Michel (Omar Sy)? O que exatamente Adam fez no passado para gerar esta repulsa do seu cozinheiro? Infelizmente, não ficamos sabendo nada sobre isso nem de várias outras pontas da história que ficam soltas.
Para quem deseja, neste final de ano, mergulhar de cabeça no mundo da alta gastronomia, fica aqui a dica: "Pegando Fogo".
Veja o trailer deste longa-metragem:
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