O período da ditadura militar argentina continua rendendo ótimos enredos para filmes. Depois de “O Segredo dos seus Olhos” (El Secreto de sus Ojos: 2010), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2010, agora temos outra boa produção com uma história ambientada nos anos de chumbo do país vizinho. “O Clã” (El Clan: 2015) é o novo longa-metragem de Pablo Trapero, de “Elefante Branco” (Elefante Blanco: 2012) e o ótimo “Abutres” (Carancho: 2010). Diferentemente dos seus dois filmes mais conhecidos, desta vez Trapero não contou com Ricardo Darín no papel principal. E apesar das atuações impecáveis de Darín, acabamos não sentido falta dele em “O Clã”. Quem rouba a cena aqui é o veterano ator Guilhermo Francella.
Baseado em uma história real, “O Clã” se passa no final do período de maior repressão da ditadura militar argentina. A família Puccio, composta pelo pai Arquímedes (Guillermo Francella), pelos filhos Alejandro e Maguila (Peter Lanzani e Gastón Cocchiarale, respectivamente), pela esposa Epifanía (Lili Popovich ) e pelas filhas Adriana e Silvia (Antonia Bengoechea e Giselle Motta, respectivamente) era especializada em sequestrar e matar opositores do regime opressor. Cumprindo ordens dos militares, a família sequestrava, torturava e sumia com os corpos de quem fosse contra os mandos do governo argentino. Desta maneira, os militares terceirizavam a violência imposta aos cidadãos que não concordavam com suas imposições.
O problema da família Puccio surge com o fim da ditadura militar. Com a chegada dos civis ao poder, ela fica sem uma excelente fonte de renda. Por isso, o patriarca, Arquimedes, decide continuar com a empreitada. Assim, ao invés de sequestrar opositores do governo, o objetivo agora é raptar pessoas endinheiradas que possam pagar altas somas pelos resgates de seus entes queridos. Desta maneira, os sequestros deixam de ter um caráter político e passam a ser um mero negócio.
Sem o apoio governamental, as ações da família Puccio passam a ser mais arriscadas. A polícia começa a prender outras famílias que trabalharam desta maneira para os militares e que agora estavam praticando crimes comuns. Cientes do perigo, Alejandro e Maguila, filhos de Arquímedes, até tentam largar a vida de crimes e seguir suas vidas normalmente. Porém, o ímpeto e a imposição paterna não permitem. Assim, a família, com a ajuda de um militar aposentado e de dois amigos, segue com seus crimes.
O filme consegue retratar muito bem os conflitos familiares e transmitir o clima de tensão dos envolvidos. Guilhermo Francella está esplendido como o tirano pai da família. Seu olhar e sua expressão fácil dizem muito sobre o personagem. A narrativa é envolvente e o roteiro está muito bem amarrado. O final é eletrizante e surpreendente.
“O Clã” é mais um ótimo filme de suspense argentino ambientado no período mais conturbado do país vizinho.
Veja o trailer de "O Clã":
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