Eu não tinha percebido: este é o terceiro filme francês que assisto no cinema em sequência. Depois de "Os Olhos Amarelos do Crocodilo" (Les Yeux Jaunes des Crocodiles: 2012) e "Meu Verão na Provença" (Avis de mistral: 2014), hoje eu vi "Samba" (Samba: 2014). O que posso fazer se a safra vinda da terra da Torre Eiffel e recém-chegada às telonas brasileiras é de boa qualidade? A única alternativa é comprar um ingresso e acompanhar as novidades com afinco.
Este longa-metragem trata da questão da imigração ilegal dos africanos na Europa, mais especificamente na França. Samba Cissé (interpretado por Omar Sy) é o personagem principal. Ele veio do Senegal e trabalha em Paris há mais de dez anos ilegalmente. Para sobreviver, faz serviços subalternos em restaurantes da capital francesa. Sonhando em se tornar chef de cozinha em um conceituado estabelecimento, Samba tenta regularizar sua documentação. Exatamente neste momento, ele é preso pelas autoridades e sofre ameaça de deportação. Para ajudá-lo, entre em cena Alice (Charlotte Gainsbourg, de "Ninfomaníaca").
Alice é uma executiva afastada do emprego por ter sofrido de crise emocional causada pelo stress no trabalho. Enquanto se recupera da doença, a moça atua como voluntária em uma ONG destinada a prestar assessoria aos imigrantes ilegais. Em seu primeiro dia de trabalho, Alice conhece Samba e se afeiçoa pelo rapaz. Enquanto tenta ajudar o senegalês a obter os documentos necessários para a permanência dele na França, Alice também precisará colocar sua vida nos trilhos. E para isto, Samba irá ajudá-la mais do que imagina.
O filme é dirigido pela dupla Eric Toledano e Olivier Nakache, do prestigiado "Intocáveis" (Intouchables: 2011) e de "Baby Love" (Comme les autres: 2008). "Samba" consegue tratar de um assunto delicado, polêmico e que está na moda na Europa (a questão da imigração ilegal) com ternura e suavidade. O filme mistura graça e romantismo, com pitadas dramáticas. O humor fica a cargo principalmente dos personagens secundários: Manu (Izia Higelin), colega de Alice na ONG, e Wilson (Tahar Rahim), amigo supostamente brasileiro de Samba. O romantismo, por sua vez, permeia a relação de Samba e Alice.
O ponto alto desta produção está nos momentos dramáticos: a relação de Samba com seu tio (Youngar Fall), um imigrante legal que abre as portas de sua casa para o sobrinho; as cobranças da família na África por mais dinheiro; os cuidados que os imigrantes ilegais devem tomar para não serem pegos; o dia a dia de sacrifícios pelos quais estes trabalhadores estão sujeitos; e o sentimento de culpa de Samba por ter traído um amigo. Estes episódios transbordam na tela, emocionando o público.
Assim, "Samba" é um filme com uma trama bem amarrada, cheio de nuances interessantes e com alguns personagens bem construídos. Dos três filmes franceses assistidos nos últimos dias, considerei este o melhor.
Veja o trailer deste longa-metragem francês:
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