Nesta quarta-feira fui assistir à ficção científica "Chappie" (Chappie: 2015) no Cinemark do Shopping Tietê Plaza. Depois de dois anos de atraso, finalmente as salas de cinema deste shopping foram inauguradas para alegria dos frequentadores habituais do estabelecimento. Um shopping sem cinema não dá!
"Chappie" foi dirigido e roteirizado pelo sul-africano Neil Blomkamp. O jovem cineasta de 35 anos tem se especializado em produzir ficção científica como forma de debater algum tema social. Começou com "Distrito 9" (District 9: 2009) e depois fez "Elysium" (Elysium: 2013), ambos ambientados e filmados na África do Sul. O primeiro filme foi muito interessante, pois fez uma crítica ao preconceito racial através da analogia ao Apartheid alienígena. O segundo, por sua vez, foi um filme fraco e sem graça. O tema nesta oportunidade era a desigualdade social entre os povos no ano de 2159.
Agora com seu terceiro filme, a expectativa era saber qual era a imagem que Neil Blomkamp iria passar com seus trabalhos: da excelência de "Distrito 9" ou da superficialidade de "Elysium". E, infelizmente, "Chappie" está mais para "Elysium" do que para "Distrito 9". Ou seja, o placar foi desempatado para o lado do desempenho ruim: 2 a 1 para as obras fracas.
Neil Blomkamp aproveitou o roteiro de um curta-metragem chamado "Tetra Vaal", de sua própria autoria, para produzir o roteiro de "Chappie". O filme também se passa na África do Sul em um futuro próximo e conta a história do robô Chappie (interpretado por Sharlto Copley), desenvolvido com consciência humana pelo brilhante cientista Deon (Dev Patel), um funcionário de uma empresa de segurança que criou uma série de policiais robóticos.
Os modelos de robôs policiais de Deon foram tão bem sucedidos que acabaram substituindo os policiais humanos nas cidades sul-africanas, diminuindo o índice de criminalidade e deixando os bandidos assustados. Por causa do êxito das máquinas de combate ao crime (elas são altamente resistentes e dotadas de inteligência artificial superior), a diretora da empresa de segurança (Sigourney Weaver) não deixa Deon avançar nas pesquisas de um novo modelo robótico, cujo diferencial seria inserir emoção e consciência humana aos robôs. Na opinião dela, time que está vencendo não se mexe. Frustrado com o conservadorismo da chefe, o cientista decide testar por conta própria a novidade.
Infelizmente, o novo robô é roubado por um grupo de bandidos e passa a conviver com os criminosos, aprendendo tudo aquilo que seu criador não desejava. A máquina desenvolvida para combater o crime passa assim a praticá-los. Chappie, como o robô passa a ser chamado, passa a viver, portanto, em um dilema moral: seguir as diretrizes do seu criador ou atender aos pedidos dos seus novos amigos? As coisas só pioram quando um colega de Deon resolve sabotar os projetos do colega, colocando em perigo o sistema de segurança pública das cidades nas quais a empresa deles opera.
"Chappie" é um filme com muita ação. Sempre está acontecendo alguma coisa importante, geralmente com muito tiro e correria. Ele também tem alguns bons elementos de ficção científica (como, por exemplo, a transposição da consciência humana) e gera alguns pontos de reflexão (importância do ambiente e das influências no aprendizado do robô e dos seres humanos, por consequência).
Entretanto, o resultado final da produção fica muito abaixo da expectativa gerada pelo ótimo primeiro trabalho de Blomkamp. A sensação final é que "Chappie" é uma obra superficial e um tanto boba. Em vários momentos me vi assistindo a alguns clássicos da Sessão da Tarde, como Robocop (RoboCop: 1987) e Um Robô em Curto Circuito (Short Circuit: 1988). Quem se interessa apenas por destruição, tiroteio para todo lado e correria dos atores pode até gostar deste filme. Porém, acho pouco para um cineasta que surgiu demonstrando tanto potencial.
Veja o trailer de "Chappie":
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