Em março, divulguei, no Bonas Histórias, os livros mais vendidos nas livrarias brasileiras em 2018. Na lista dos dez best-sellers do ano passado, tivemos o predomínio quase absoluto de publicações de autoajuda, obras de youtubers, diários adolescentes e títulos religiosos (haja estômago!). Com raras exceções, os gostos literários dos meus conterrâneos me assustam. “Sapiens” (L&PM), estudo acadêmico-científico do historiador israelense Yuval Noah Harari, é o único do top 10 que merece elogios (fica até difícil entender como ele foi parar no alto do ranking...). Prova da baixa qualidade da lista dos mais vendidos no Brasil é a ausência total de romances. Sim, você leu corretamente: não há nenhuma ficção entre os dez livros mais vendidos em nosso país. Em uma nação séria e minimamente letrada, isso é quase impossível de acontecer. Juro que fiquei bastante decepcionado com a ausência completa de meu gênero favorito entre os principais sucessos nacionais.
Por isso, em tom de revolta, decidi fazer um novo post para a coluna Mercado Editorial. Hoje é a vez de falarmos exclusivamente das ficções mais comercializadas no Brasil no ano passado. Para tal, usarei como fonte os dados do PublishNews, o principal portal nacional de notícias do mercado livreiro e editorial. E como vem acontecendo nas últimas duas décadas, o ranking das ficções mais compradas por aqui é dominado pela literatura de língua inglesa. Dos doze livros mais vendidos em 2018 nesta categoria, simplesmente oito são obras de autores ingleses, norte-americanos, canadenses e indianos (no caso, uma indiana naturalizada norte-americana). Apenas quatro títulos são de autores nacionais. Ou seja, mais do que uma tendência passageira, a preferência pelas publicações de língua inglesa atesta um padrão corriqueiro do nosso mercado e, por que não, um hábito/gosto dos leitores brasileiros.
Apesar da avalanche de obras estrangeiras no alto do ranking, o livro ficcional mais vendido no ano passado em nosso país foi uma obra brasileira. “Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente” (Globo Alt) é a coletânea de contos e microcontos organizada por Igor Pires da Silva e Gabriela Barreira. Sucesso nas redes sociais, os textos curtos deste coletivo de autores ganharam uma versão impressa e com belas ilustrações de Analia Moraes. O trabalho ficou tão bom que se tornou um best-seller, com mais de 110 mil unidades vendidas.
Na sequência da lista das ficções mais vendidas, vem quatro livros estrangeiros: “Ainda Sou Eu” (Intrínseca), romance da inglesa Jojo Moyes (aproximadamente 105 mil unidades vendidas), “Origem” (Arqueiro), romance do norte-americano Dan Brown (cerca de 101 mil), “Outros Jeitos de Usar a Boca” (Planeta), mistura de crônicas com poemas da indiana Rupi Kaur (76 mil) e “Tartarugas Até Lá Embaixo” (Intrínseca), último romance do norte-americano John Green (68 mil).
Logo depois na lista das doze ficções mais comercializadas em 2018, temos dois autores nacionais e quatro gringos. Augusto Cury chega neste ano com dois livros entre os mais vendidos: “O Homem Mais Feliz da História” (Sextante) e “O Homem Mais Inteligente da História” (Sextante), com 67 mil e 65 mil unidades comercializadas respectivamente. Já Bráulio Bessa consolida-se como uma das vozes mais fortes da nossa poesia. “Poesia que Transforma” (Sextante), sua obra que mistura passagens autobiográficas com muito lirismo, vendeu 67 mil exemplares.
Dos escritores estrangeiros, temos mais um livro de Rupi Kaur, “O que o Sol Faz com as Flores” (Planeta), com 66 mil unidades comercializadas, e “Mais Escuro” (Intrínseca), um dos romances da série “Cinquenta Tons de Cinza”, best-seller da inglesa E. L. James (64 mil vendidos). Na décima primeira e na décima segunda posições temos, respectivamente, duas distopias históricas: “O Conto da Aia” (Rocco), da canadense Margaret Atwood (60 mil) e “A Revolução dos Bichos” (Companhia das Letras), do inglês George Orwell (41 mil).
Esse é o ranking de 2018. Veja, a seguir, a lista completa das doze ficções mais vendidas no Brasil no ano passado, segundo o PublishNews:
1º) “Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente” (Globo Alt) - Igor Pires da Silva e Gabriela Barreira (Brasil) - 110 mil.
2º) “Ainda Sou Eu” (Intrínseca) - Jojo Moyes (Inglaterra) - 106 mil
3º) “Origem” (Arqueiro) - Dan Brown (Estados Unidos) - 101 mil
4º) “Outros Jeitos de Usar a Boca” (Planeta) - Rupi Kaur (Índia) - 76 mil
5º) “Tartarugas Até Lá Embaixo” (Intrínseca) - John Green (Estados Unidos) - 68 mil
6º) “O Homem Mais Feliz da História” (Sextante) - Augusto Cury (Brasil) - 67 mil
7º) “Poesia que Transforma” (Sextante) - Bráulio Bessa (Brasil) – 67 mil
8º) “O que o Sol Faz com as Flores” (Planeta) - Rupi Kaur (Índia) - 66 mil
9º) “O Homem Mais Inteligente da História” (Sextante) - Augusto Cury (Brasil) - 65 mil
10º) “Mais Escuro” (Intrínseca) - E. L. James (Inglaterra) - 64 mil
11º) “O Conto da Aia” (Rocco) - Margaret Atwood (Canadá) - 60 mil
12º) “A Revolução dos Bichos” (Companhia das Letras) – George Orwell (Inglaterra) - 41 mil
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