Estamos ainda na metade de novembro. Porém, me arrisco a dizer que “Bohemian Rhapsody” (2018), filme que estreou nas salas de cinema no início deste mês, seja o melhor longa-metragem do ano. Assisti a esta produção nos primeiros dias de seu lançamento e estava louco para comentá-la aqui no Blog Bonas Histórias. Agora, enfim, consegui fazer um post a respeito do filme sobre a vida de Freddie Mercury e a trajetória do Queen.
Afinal de contas, o que faz de “Bohemian Rhapsody” um filmão?! Diria que é o conjunto da obra. Sua história é espetacular, as personagens principais são complexas e maravilhosas, a trilha sonora é incrível, a fotografia e o figurino são impecáveis, os atores estão perfeitos em suas atuações e a narrativa possui vários conflitos dramáticos que emocionam e divertem o público. Não se surpreenda se você for levado às lágrimas e acabar soltando altas risadas durante a sessão. O que mais você quer de um longa-metragem, hein?
Dirigido por Bryan Singer, especialista em filmes de ação, “Operação Valquíria” (Valkyrie: 2008) e “Os Suspeitos” (The Usual Suspects: 1995), e de super-heróis, algumas das principais produções da série “X-Men”. “Bohemian Rhapsody” é sem dúvida o ponto alto da carreira do cineasta norte-americano. Orçado em aproximadamente US$ 52 milhões, o filme teve Rami Malek, Gwilym Lee, Joseph Mazzello e Ben Hardy como intérpretes, respectivamente, de Freddie Mercury (vocalista e pianista), Brian May (guitarrista), John Deacon (baixista) e Roger Taylor (baterista), o quarteto do Queen.
“Bohemian Rhapsody” narra a trajetória de Freddie Mercury da sua entrada no Queen, em 1970, até a apresentação antológica da banda inglesa no Live Aid, em 1985. No início da década de 1970, Freddie era um jovem de 24 anos que trabalhava no aeroporto de Londres como carregador de malas. Nascido com o nome de Farrokh Bulsara na hoje Tanzânia, o rapaz sofria com o preconceito por ser de uma família de imigrantes e pela sua aparência exótica (além do nome pouco usual).
Isso não o impediu de entrar em um grupo de rock. O Smile era uma banda com potencial artístico que, em determinada noite, ficou sem seu líder e vocalista. Aproveitando-se da vaga aberta, Freddie Mercury, nome inventado pelo músico para esconder sua ascendência tanzaniana, se candidatou ao posto. No mesmo dia em que foi aceito por Brian May, John Deacon e Roger Taylor na banda, Mercury conheceu Mary Austin (interpretada por Lucy Boynton). A amizade dos dois foi instantânea e muito forte. Mary e Freddie se apaixonaram perdidamente e logo se casaram.
Rapidamente, Freddie Mercury imprimiu sua marca ao Smile, com uma música mais experimental, um figurino ousado e uma atuação totalmente desinibida no palco. Freddie também sugeriu que a banda mudasse de nome. Nascia, assim, o Queen, uma das bandas inglesas mais queridas de todos os tempos.
Enquanto o grupo tornava-se conhecido nos quatro cantos do planeta, compondo músicas memoráveis, Freddie vivia uma crise existencial. Ele adorava Mary, porém não conseguia controlar sua homossexualidade. Depois de um período de bissexualidade e de infidelidade conjugal, Mercury abriu o jogo para a esposa, admitindo ser gay. Mary pediu o divórcio, mas manteve uma sólida amizade com o ex-marido.
Separado de Mary Austin, Freddie lançou-se em uma jornada amalucada pelas drogas, pelo álcool, pelas festas e pelas orgias intermináveis. Seu comportamento destrambelhado acabou afetando o relacionamento com os outros músicos do Queen. Eram iniciadas as fases de brigas dentro do grupo e de decadência artística e pessoal de Freddie Mercury.
“Bohemian Rhapsody” não é apenas um longa-metragem excelente. Ele é também uma produção revolucionária. A partir de agora, as cinebiografias musicais ganham um novo padrão de excelência, principalmente nas cenas ambientadas no palco. Boa parte do magnetismo do filme de Bryan Singer está em levar o espectador a acreditar que está vendo os verdadeiros músicos e não uma obra ficcional. Tudo foi meticulosamente pensado e maravilhosamente executado. Até mesmo os shows do Queen e as cenas gravadas nos estádios estão irretocáveis, sendo os pontos altos do longa-metragem.
A atuação de Rami Malek como o protagonista do filme é digna de ganhar um Oscar. Isso fica evidente desde as primeiras cenas. O ator norte-americano parece realmente Freddie Mercury em todos os instantes da vida do músico. Em muitos momentos, nos esquecemos de estar vendo um filme e achamos que estamos diante de um documentário. É difícil de acreditar que Malek não era a primeira opção para o papel principal do longa-metragem, só integrando o elenco depois da saída tumultuosa de Sacha Baron Cohen, ator britânico mais conhecido pela atuação como Borat, o excêntrico repórter fictício do Cazaquistão.
As histórias de Freddie Mercury e do Queen narradas no filme são tão boas que nem mesmo as passagens desvinculadas da realidade atrapalham o longa-metragem. A forma como a trama do filme foi contada está tão incrível, que a vontade que temos é de querer alterar a realidade ao invés da ficção.
A única passagem narrativa estranha envolve a sexualidade de Mercury. Parece um pouco inverossímil que o cantor tenha sido hétero por tantos anos. No longa-metragem, a homossexualidade (ou bissexualidade) do líder do Queen aflora muito tempo depois de ele já ser adulto e famoso. Não conheço a história real de Freddie Mercury, mas a impressão que a produção cinematográfica passa é que o músico já era gay desde a adolescência. Contudo, precisou de muitos anos para perceber isso. Talvez nem mesmo ele soubesse dos seus verdadeiros gostos. Aí, pode ser que esse ponto cole um pouco. Mesmo assim, ele soou bem estranho para mim.
A escolha de deixar os últimos quinze minutos de “Bohemian Rhapsody” para o show do Queen em Wembley foi perfeita. O público na sala de cinema se sente no estádio diante da banda de verdade no Live Aid. Impossível não cantar nem interagir com os músicos no palco (ops, quis dizer com os atores na tela).
Saí da sessão ainda mais fã de Freddie Mercury e do Queen. Sinceramente, não conhecia muitas das particularidades da vida do cantor e do seu grupo. Se o Queen revolucionou o Rock and Roll, podemos dizer que agora seu filme também revolucionou a maneira de se produzir cinema (ao menos do ponto de vista dos longas-metragens sobre música). Se você ainda não foi ver este filme, você não sabe o que está perdendo. Até mesmo quem não gosta de Rock, do Queen ou de música, irá gostar desta produção. Impossível ficar indiferente a uma trama tão intensa como esta. Para mim, não será surpresa nenhuma se “Bohemian Rhapsody” bater recordes de bilheteria e acumular no próximo ano algumas das mais importantes estatuetas do mercado cinematográfico norte-americano.
Veja, a seguir, o trailer de “Bohemian Rhapsody”:
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