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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Livros: O Monte Cinco - A narrativa bíblica de Paulo Coelho


O Monte Cinco de Paulo Coelho

No domingo, li "O Monte Cinco" (Objetiva), romance de Paulo Coelho baseado em um pequeno trecho da Bíblia. Misturando ficção com passagens religiosas, o escritor brasileiro expande uma narrativa do Velho Testamento transformando-a em um romance. Este livro foi publicado pela primeira vez em 1996. Com apenas 185 páginas, é possível lê-lo em poucas horas.

A história de "O Monte Cinco" é sobre a fé de Elias. Séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, Elias, um jovem profeta israelense, precisou deixar sua terra natal, Israel, para atender a um pedido de Deus. Depois de caminhar pelo deserto, ele chega à cidade de Akbar (atualmente no Líbano). Recebido na casa de uma viúva pobre com um filho pequeno, rapidamente Elias é alçado ao primeiro plano da política local. O povo é contra a presença de um profeta estrangeiro. Acusado de trazer má sorte à cidade, Elias é condenado pelos sacerdotes municipais. Sua presença teria levado, entre outras coisas, a morte do filho da mulher que o hospedou.

Paulo Coelho

Elias precisa, então, subir ao Monte Cinco, local sagrado, para receber sua punição. Se os deuses não o matassem diretamente, quando ele regressasse da montanha seria morto pela população de Akbar. No alto do Monte Cinco, porém, Elias ouve a voz de um anjo. Este anuncia que ele volte para a casa da mulher que o abrigou e invoque o poder de Deus. Assim, o menino voltaria à vida.

Elias faz isto. Ao retornar da montanha, ele é escoltado até a casa onde viveu. Sua desculpa é que precisa pedir perdão para sua moradora. Ao chegar lá, ele traz a vida o menino, conforme anunciado pelo anjo. O povo de Akbar entra em delírio reconhecendo a bondade e o poder do profeta estrangeiro. A partir daí, Elias passa a trabalhar no atendimento à população carente, sendo ainda mais adorado pelos cidadãos da cidade.

Quando Akbar fica sitiada por tropas inimigas, o sacerdote e o comandante militar passam a influenciar o governador para que a cidade ataque os estrangeiros. Eles ficam sedentos por guerrear e por derramar sangue. Elias, por sua vez, é contra o confronto armado e passa a tentar convencer o governador para fazer um acordo de paz. Este é o jogo de intrigas de dois lados opostos que tentam influenciar os caminhos da cidade. O que irá prevalecer: a paz ou a guerra?; O caminho da diplomacia ou das armas?

Livro O Monte Cinco

"O Monte Cinco" é um livro fraco. A história é até boa (costumeiramente o Velho e o Novo Testamentos trazem boas narrativas), mas a forma como ela é contada torna tudo um tanto enfadonho. Em determinados momentos, a trama demora para avançar, deixando o leitor entediado. Em outras partes, os diálogos se tornam desnecessários e repetitivos. Isso acontece principalmente no segundo terço da trama.

Além disso, não temos aqui a força das narrativas anteriores. "Diário de Um Mago" (Rocco) e "O Alquimista" (Rocco), por exemplo, são livros que conseguem cativar o leitor, deixando algum legado filosófico/existencialista. A religião não é o único componente que move a trama. Não é o que vemos em "O Monte Cinco". Se excluirmos a mensagem religiosa, não sobra nada (ou quase nada). É como se estivéssemos ouvindo um padre/pastor na missa/culto de domingo descrevendo as aventuras bíblicas de Elias.

A impressão é que Paulo Coelho já transmitiu todas as "lições de vida" que poderia passar para o leitor com seus dois grandes sucessos da década de 1980. A partir daí, ele fica se repetindo, reciclando seus conceitos e sua religiosidade. Os diálogos perdem força e a mensagem se torna vazia.

Livro O Monte Cinco

O estilo literário de Coelho em "O Monte Cinco" é similar ao dos livros anteriores: texto simples, protagonista com poderes mediúnicos, romantismo platônico, forte religiosidade, presença de diálogos que transmitem mensagens de autoajuda, personagens em constante deslocamento, recursos narrativos pouco sofisticados e o uso de parábolas. A única inovação, neste caso, foi ter usado como enredo uma passagem bíblica.

Talvez o maior problema de "O Monte Cinco" tenha sido o fato de Paulo tê-lo transformando em um romance. Esta história poderia ser sido contada através de um conto ou de uma novela (narrativas menores e mais enxutas). Ao alongá-la, o autor conseguiu diminuí-la em qualidade.

"Monte Cinco" é uma obra que com muito custo pode ser apontada como mediana. Um crítico mais exigente a classificaria, com toda a razão, com sendo um romance ruim. Admito que não morri de amores por esta publicação e não recomendaria sua leitura para ninguém. Os únicos que podem gostar um pouco desta história são os leitores apaixonados pela Bíblia. Mesmo assim tenho algumas dúvidas. Eles podem considerar ofensiva a iniciativa do autor de explanar sobre personagens religiosos e condenar esta obra. Vai saber! De qualquer forma, não vale a pena ler este livro, seja você crente ou não.

Paulo Coelho

O quinto e último livro do Desafio Literário de Paulo Coelho é “Veronika Decide Morrer" (Objetiva). Continue acompanhando no Blog Bonas Histórias a análise da literatura do escritor brasileiro de maior sucesso internacional. O post sobre “Veronika Decide Morrer" será publicado no sábado, dia 24. Não perca!

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