"Cidades de Papel" (Intrínseca) foi o terceiro livro "independente" publicado por John Green. O escritor norte-americano já havia lançado "Quem é Você, Alasca?" (Intrínseca) e "O Teorema Katherine" (Intrínseca) em 2005 e 2006, respectivamente, quando "Cidades de Papel" chegou às livrarias em 2008. Neste mesmo ano, Green lançou outro livro, "Deixe a Neve Cair" (Rocco), em parceria com Maureen Johnson e Lauren Myracle.
A história de "Cidades de Papel" foi adaptada para o cinema neste ano de 2015. É, portanto, a segunda obra de John Green a migrar dos livros para as telonas. "Culpa das Estrelas" foi a primeira no ano passado. Em 2016, há a previsão que "Quem é Você, Alasca" e "Deixe a Neve Cair" repitam esse feito.
"Cidades de Papel" conta a história do adolescente Quentin Jacobsen. Ele nutre uma paixão platônica pela vizinha chamada Margo Roth Spielgelman, a garota mais popular da escola frequentada por ambos. O problema é que Margo não dá bola para o rapaz. Parece que ela nem sabe da existência de Quentin, apesar de ambos terem sido amigos em uma remota infância, por causa da amizade dos pais. Q, como Quentin é chamado pelos amigos, é um rapaz tímido, nada popular e um tanto sonhador.
Algumas semanas antes da formatura da escola, em uma noite de meio de semana, Margo invade surpreendentemente o quarto de Quentin, escalando a janela, e pede ajuda para o rapaz. Ela quer se vingar do namorado que a traiu com a melhor amiga. Também deseja se vingar de algumas amigas interesseiras e de alguns amigos falsos. Para isso, Margo vai precisar de um parceiro para esta empreitada. Q aceita o pedido e se lança em uma aventura durante a noite e a madrugada com o amor de sua vida.
Depois de deixarem peixes como presentes para alguns amigos de Margo, fotografarem o ex-namorado da moça pelado, visitarem clandestinamente o Sea World e o SunTrust e depilarem as sobrancelhas de um dos desafetos de Quentin, eles voltam para suas respectivas casas com a missão cumprida. Para Q, aquela foi a melhor noite de sua vida. Para Margo, foi uma noite corriqueira.
Sonhando com a oportunidade de estreitar o relacionamento com Margo de uma vez por todas, Quentin imagina que na manhã seguinte eles vão se tornar grandes amigos. Quem sabe inseparáveis. Com um pouco de sorte, ele pode se tornar o novo namorado da moça. Este é o pensamento dele...
O problema é que Margo desaparece no dia seguinte. Ela abandona a casa dos pais e some. A polícia é chamada e começa a procura pelo paradeiro da moça. Não querendo esperar os trabalhos das autoridades, Quentin reúne seus amigos e passa a procurar Margo de maneira independente. Ela, para isso, deixou algumas pistas espalhadas para que ele a localizasse. Começa, então, a brincadeira de solucionar o quebra-cabeça deixado pela moça.
O livro tem um ritmo tranquilo. Ele não é parado, mas também não chega a empolgar. A brincadeira de tentar descobrir os significados das pitas deixadas por Margo no começo é interessante, porém depois chega a cansar. É uma brincadeira meio infantil, que pode agradar algumas pessoas. A mim, se tornou meio entediante a partir de determinado ponto.
A história não tem a profundidade e as reflexões de "A Culpa é das Estrelas". Em seu lugar, a narrativa é recheada com cenas de aventura e de romance juvenil. Considerei o livro lido anteriormente muito melhor. Entretanto, deve-se considerar que não sou mais adolescente (há muito tempo, por sinal), e por isso não faço parte do púbico alvo no qual esta obra é dirigida. Os jovens devem gostar dos mistérios da trama, da aventura de se procurar uma pessoa, da viagem protagonizada por Q e seus amigos atrás de Margo, as festas e os romances. Para mim, tudo pareceu um pouco bobo.
O final da história foi o ponto que mais gostei da trama. John Green conseguiu me surpreender. Esperava por um tipo de encerramento e ele conseguiu inverter um pouco a lógica, descartando o final hollywoodiano. Há, é verdade, algumas reflexões pretensiosamente filosóficas durante toda a narrativa e, principalmente, no final. Contudo, as considerei muito fracas, se comparadas as tidas em "A Culpa é das Estrelas". Por isso a sensação, ao virar a última página de "Cidades de Papel", foi a de ter tido uma ligeira decepção.
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